Thoughts.

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A semana passou rápida e logo se tornaram meses. Entre as práticas de feitiços e transfigurações, Hermione se via confortável na presença de Draco de uma maneira que nunca imaginou que ficaria. Principalmente quando se lembrava daquele primeiro dia na masmorra. Ela avançava nos estudos rapidamente e foi consenso para os amigos afirmarem que, mesmo aprendendo tardiamente, Hermione poderia ser muito bem a melhor Bruxa de seu tempo, incluindo Draco que era um gênio nato mesmo com suas habilidades suprimidas pela maldição.

Era seu dia de folga, sem exercícios de feitiços ou poções complicadas, muito menos ensaios intermináveis de História da Magia. Era apenas mais um dia entre amigos, em que Draco e Hermione passeavam pelos jardins congelados enquanto ela lia em voz alta.

- O ar é azul, penetrante e frio. - Lia enquanto cruzavam a ponte sobre o lago. - E envolto em um invólucro congelado. Cada galho, cada ramo, cada lâmina de grama parecia milagrosamente revestida... - Se deteve ao notar que o bruxo não a acompanhava mais. Ele havia parado observar a paisagem com um sorriso singelo. - ... de vidro.

Draco suspirou longamente.

- Parece que é a primeira vez que estou vendo isso. - Falou se referindo ao lago congelado e as árvores cobertas de neve, sob o céu aberto e profundamente azul. - Continue. - Incentivou a garota que sorrindo para ele voltou à leitura.

- Mas naquele silêncio solene ouve-se o sussurro de todas as coisas adormecidas. Olhe, olhe para mim. - E sem que a morena percebesse Draco a admirava profundamente, admirava seus traços sutis e cabelos cacheados, as pequenas sardas que cobriam o nariz e as bochechas, os longos cílios e os lábios rosados que se moviam o enfeitiçando com cada palavra. - Venha me acordar, pois ainda estarei aqui... - Terminou e se voltou para o outro. Olhos castanhos mel se perderam nos cinzas tempestuosos, para logo se desviarem focando a paisagem a frente, ela envergonhada e confusa e ele plenamente feliz. E assim o casal retomou seu passeio.

Hermione estava confusa e sorrindo bobamente. Ela começava a perceber algo doce e quase gentil na personalidade do bruxo, o que claramente se opunha a visão de que ele era mal e rude. Entretanto ela percebeu que agora ele lhe era alguém querido, sua companhia confortável era desejável e divertida, de forma que a garota passou a questionar como não tinha notado essas qualidades antes.

Já ele estava chocado com o olhar que ela lhe dirigia, um olhar sem qualquer repulsa ou medo. Não podia ser. Como alguém como ela poderia olhar para ele assim? Era um olhar novo e tímido que o alegrava profundamente.

A garota estava alarmada. Quando imaginou que se sentiria assim? Claro que Draco não era nenhum príncipe encantado, principalmente com aquela personalidade convencida e mania de irritá-la constantemente, mas claramente havia algo nele que a jovem não tinha visto antes. Algo que a cativava e o tornava único.

A tarde, quando os dois estavam tranquilos na biblioteca a morena parou sua leitura e se voltou para Draco, agora uma presença constante e confortável que aos poucos passava do terrível bruxo, dono daquele castelo, para esse amigo convencido e irritante.

- Por que ninguém encontra esse lugar quando entra na floresta? - Perguntou.

- Por enumeras razões... A principal é porque não quero ser encontrado e assim, com feitiços e proteções despisto visitantes, mas também uma parte da maldição é sermos esquecidos por todos aqueles que amamos. - Falou como se não fosse nada, mas o tempo de convivência já dava a Hermione a capacidade de perceber o quanto aquilo, na verdade, o feria. - Qualquer viajante que passe perto do castelo não veria nada além de mata virgem, e se tentasse andar pelo território, subitamente decidiriam pelo contrário, não sei como você ou seu pai chegaram aqui, mas... - Deu de ombros. Ela apesar de curiosa não insistiu no assunto, e assim os dois voltaram para suas leituras.

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