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Acordo no mesmo lugar em que dormi. Os raios de sol fazem cócegas pelo meu rosto de obrigando a abrir os olhos.

Vejo o lago a minha frente e ao olhar para cima vejo Akira já acordado, se é que tinha dormido, eu duvidava. Me endireito mas ele não retira o braço que ainda permanecia passado por meus ombros desde a noite anterior. Ao me lembrar do que havia me feito ir até ali, digo a guisa de bom dia.

- Como soube? - ambos sabíamos do que estavamos falando.

- As espadas - falou ele em voz baixa - eram destinadas a ela... A você.

Engulo em seco diante daquilo. Não sabia como reagir, como me portar diante de tal revelação.

- Por que riu ontem quando perguntei se podíamos subir a montanha? - pergunto.

- Ri porque sabia, desconfiava, que você não assumiria a posição, não comigo. Eu vejo como me olha Jenny. - falou ele baixando a cabeça.

Seguro seu queixo e o obrigo a levantar a cabeça.

- Nos conhecemos a pouco tempo Akira - falo olhando em seus olhos - não o conheço como deveria, mas nem por isso o olho com desprezo, apesar de você por vezes me olhar assim.

- Desculpe. - fala ele com sinceridade - É a maneira que encontro de demonstrar afetividade, algo assim, não é de verdade, é como se fosse...uma grande atuação.

Assinto para ele e ele torna a baixar a cabeça, fechando os olhos. Novamente o obrigo a levantá-la, e falo.

- Não baixe a cabeça diante dos problemas, eles não se resolverão assim. Você precisa se mostrar capaz de lidar com isso.

Ele assente e se levanta, me puxando junto.

- Vamos dar uma volta então, Jenny.

🌑

- Como é possível que eu, humana a certa forma, Glion pela metade, esteja destinada a ser mestra espiã dos Trils? - pergunto caminhando ao lado de Akira pelo campo de treinamento.

- Não há uma regra ou tradição que especifique que o Mestre ou Mestra espiã precisa ser legitimamente Tril. É algo mais relacionado a personalidade, e destino. Eu por exemplo - fala ele - não nasci Tril.

- Sério?! - pergunto surpresa. Pelo visto Akira era uma caixinha de revelações.

- Claro. Fui feito Tril depois que me descobriram como Mestre espião. Depois que eu me aceitei como Mestre. - acrescenta.

- Você poderia ter se negado? - questiono.

- Claro que sim. Mas eu não deixaria de ser Mestre espião até que morresse. - diz Akira.

- Ah... - começo, e um questionamento me vem a cabeça - Se eu me tornasse ah... Mestra espiã, eu seria hum...a sua "dupla"... É... Isso sería só profissional ou...

- A escolha é sua. - fala ele simplemente.

Assinto e penso em Scott e em tudo em que vivemos até ali, em tudo com que ele me ajudou...nos sentimentos que eu não podia negar que nutria por ele.

Sería impossivel parar de sentir o que sinto, penso, enquanto caminho com Akira pelo campo e meus pensamentos são contrariados.

Vejo, sem querer ver, Scott saindo da forja de armas de mãos dadas com uma garota, ela tinha cabelos dourados até a cintura e possuia um par de asas prateadas. Era bonita a sua maneira, vestia roupas finas e claras, e sorria para Scott. E Scott...ele oferecia a ela o mesmo sorriso que me oferecera diverssas vezes, um sorriso do qual percebi, tinha ciúme.

Soube um instante depois que eu havia parado, e observava Scott, Akira ao meu lado. Em certo momento ele desvia o olhar da garota e olha em minha direção, o sorriso some, e ao falar algo para a Tril, solta sua mão e começa a caminhar em nossa direção.

- Ah Parker seu maldito... - fala Akira ao meu lado, com desprezo e cada palavra.

Scott está cada vez mais perto, e eu não consigo tirar os olhos dele. Mas, quando apenas 10 metros nos separam, me viro de subto para Akira e suplíco.

- Me tire daqui, por favor.

- Claro. - diz ele antes de pegar em minha mão e nos dissolvermos magicamente em ar.

🌑

Surgimos novamente perto do lago, longe o bastante dos campos para que eu pudesse respirar de novo.

- Qual a sensação que sentiu? - pergunta Akira.

- Qual delas? - falo com a voz fraca.

- Ao se dissolver em ar.

- Frio.

- Eu sinto um calor confortavel.

- Que sorte a sua. - digo começando a caminhar a passos firmes em direção ao lago.

Como Scott pôde? Nós nunca haviamos assumido uma relação, mas depois de tudo, achei que ele também nutrisse sentimentos por mim.

- Jenny, pare de chorar pelo idiota do Parker.

Só então me sou conta que estava chorando, e me viro com raiva para Akira.

- Você não entende, então não me venha com isso!

- Ah eu entendo sim! - fala ele no mesmo tom, e me encolho pois nunca vi gritando - e como entendo! Você não pode ficar chorando porque aquele desgraçado arrumou outra. Ele não te merecia Jenny. - fala ele suavizando a voz ao ver meu susto e me puxando para perto de sí. - agora seque essas lágrimas antes que eu vá até lá e desafie Parker para um duelo.

- Seu covarde - digo com a voz embargada - ele não sabe lutar.

- Não me importo, aposto que ele preferiría uma morte rápida.

- Idiota.

- Eu sei que sou - fala ele me afastando e olhando em meus olhos, a diversão brincando nos dele - e sabe o que eu também sei?

- O que? - pergunto.

- Que você me adora. - diz ele simplesmente, e sapeca um beijo em minha bochecha.

- Convencido. - digo me odiando por ter corado.

- Uma de minhas maiores qualidades. - diz ele se afastando e tirando as espadas de suas costas, de onde não haviam saido - agora pegue suas espadas, e coloque essa raiva para fora.

Prontamente eu obedeci, e com uma força e habilidade que eu não sabia de onde havia tirado, começamos a lutar.

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