13🌑

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Acho que se aquilo não foi a coisa mais impressionante, organizada e deslumbrante que vi em minha vida, eu não sei o que foi.
 
Montes de Trils com rostos angelicais treinavam com espadas em duplas em um campo ao ar livre. Soube no mesmo momento que abri os olhos que eu não estava mais no mundo humano. Aquele lugar não possuía a escuridão do mundo em que eu vivía, não possuía o ar pesado. A tensão havia desaparecido, e derrepende eu não senti mais medo.

Scott ao meu lado parecia sentir a mesma coisa, seus olhos brilhavam mais do que eu lembrava ter visto algum dia.


O sol resplandecia em um nível intenso e seu brilho parecía refletir na pele de todos os Trils presentes alí. Todos estavam com as asas a mostra, asas negras, outras prateadas, e cheguei a ver um par dourado. Nenhum deles pareceu pereceber nossa presença ali, nenhum desviou a antenção do que estava fazendo.

Apesar de parecerem estar fazendo um esforço enorme, seus rostos não demonstravam cansaço, mas diversão e afinco. Suas lâminas tintilavam tornando o lugar barulhendo, mas até o barulho parecía uma leve melodía, e não havia sangue, nem sequer uma gota em nenhum dos Trils.

- Sejam bem-vindos ao meu mundo.

Senti a mão suada de Scott segurar a minha, e juntos adentramos o mundo dos Trils. A medida em que caminhavamos por ali eu me deliciava com aquela nova sensação,  segurança.

Kalel seguia ao nosso lado cumprimentando Trils e dando ordens para que preparassem nossos aposentos. A forma com que falava não era perversa ou autoritaria, apenas firme, como se todos fossem uma grande família. Imaginei que se tratassem como tal.

Paramos perto do que parecia ser uma fábrica de armas, lá dentro vários Trils finalizavam arcos e afiavam lâminas grandes e lustrosas, senti uma imensa vontade de possuir uma, eu estava fascinada. Não pelo que podiam fazer, de forma alguma pretendia usá-las para matar, mas pela sua beleza. Eu observava uma lâmina em particular ser feita quando uma voz próxima ao meu ouvido me tirou de meu devaneio.

- Ela pode ser sua se quiser, precisará de uma na guerra.

Me virei de subto com o susto e quase esbarrei em um rapaz que estava próximo demais de mim. Me endireitei e o olhei melhor. Ele vestia preto da cabeça aos pés, mas a cor lhe caia bem. Tinha os olhos escuros e  cabelos negros, diferente dos outros Trils, e posso dizer que ele era mais atraente ainda do que todos também. Era alto, esguio e magro, mas parecia ser forte. Ele carregava no rosto um sorriso ao mesmo tempo debochado e atrativo. Nenhuma asa a vista, mas eu podia apostar que ele as tinha, e que eram negras como seus cabelos.

Kalel logo atrás do rapaz parecía fazer um esforço imenso para não rir, e eu imaginei qual seria a expressão que meu rosto apresentava.

- Os apresento Akira Carter, nosso Mestre espião.


Akira fez uma reverência debochada ao que respondi com um olhar de cima a baixo. Percebi que ele possuia duas lâminas gêmeas as costas, ambas douradas, e seu corpo parecía emanar poder. Scott ao meu lado aparentava terbcomido algo e não gostado. Kalel entretanto continuou a falar:

- É uma peça essencial em nosso grupo, nos trás informações preciosas - ele deu um olhar de aprovação para Akira, e depois olhou para mim. - Ele a treinará Jenny, cuidarei de Scott pessoalmente.

- Por que não posso treinar com Jenny? - perguntou Scott imediatamente.

- Acho melhor que não se distraiam - respondeu Kalel se virando para o Mestre espião - preciso que vá até a fronteira da raça inimiga, precisamos de uma nova visão sobre o que estão aprontando agora. Não podemos perder um único detalhe agora que a guerra está tão próxima.

Akira fez uma reverência respeitosa para o Líder e lançou um olhar despreucupado para mim e Scott, depois, para minha grande surpresa, se disolveu no ar em silêncio absoluto.

- Não se assustem - Kalel se apressou a explicar diante das nossas expressões petrificadas - é uma de suas habilidades.

Scott resmungou alguma coisa que soou como "exibido" e me puxou para longe, deixando o Líder dos Tríls completamente desnorteado.

- Confía neles? - ele me perguntou com um susurro e um olhar preocupado.

- Sim - respondí e fui sincera - é a nossa única chance.

Puxei Scott pela mão de volta para onde Kalel esperava, e assim que chegamos ele nos perguntou:

- Querem ir até os seus aposentos agora?


Assentimos ao mesmo tempo e o seguímos por aquele mundo que acabávamos de conhecer.

   

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