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Scott

Passaram-se uma hora. Duas.

- Cara, eu vou sair pra comer alguma coisa.Meu estômago tá me matando.

- Pode ir.

Julian saiu e eu fiquei sozinho com as mãos cruzadas como em súplica, a cabeça baixa.

Três horas, quatro.

Julian agora estava sentado ao meu lado com o olhar perdido.

Um médico vinha caminhando pelo corredor em que haviam levado Jenny mais cedo e parecia vir em nossa direção,graças aos céus. Eu e Julian nos levantamos no mesmo instante em que o médico parou a nossa frente.

- Uma visita por vez rapazes. - foi o que ele falou - correu tudo bem, mas suponho que ela tenha que passar mais três dias no hospital. Ela está desacordada no momento mas deve acordar em breve.

- Pode ir cara - falou Julian para mim - tenho que ir agora, volto assim que puder.

Ele se aproximou de mim e me deu um abraço, o que era incomum, mas senti que naquele momento era o que eu precisava.

Ele se afastou um pouco constrangido e se foi. Me voltei para o médico ainda ali.

- Me acompanhe.

Jenny

Eu estava com frio. Aliás frio seria dizer pouco, eu estava congelando. Me parecia que eu estava deitada em neve. Ou seria grama da cor branca?Olhei ao redor e tudo que consegui ver foi um imenso céu sem cor.

Olhei melhor e consegui identificar uma criatura que se movia ao longe. Senti medo, mas mesmo assim permaneci onde estava e esperei que ela se aproximasse em silêncio.

A medida em que se aproximava, percebi que a criatura possuía asas, e como se pudesse ter adivinhado que eu havia percebido aquilo naquele momento a figura alçou voo.

Um minuto depois ela parou a minha frente e tive uma reação parecida com a primeira vez que ví Scott. A criatura tinha cabelos cor de mel e pele clara, os olhos eram de um azul intenso, as asas, porém, eram escuras como breu. Sem dúvidas era um homem. Me perguntei se sería um anjo, mas duvidei que até um anjo fosse tão lindo quanto aquele ser era.

Passaram-se quase cinco minutos até a criatura falar:

- Avise a Scott que ele é um de nós, um Tril legítimo. Nós os procuraremos em breve.

Dito isso, a criatura se virou e começou a caminhar. Só ai me dei conta do que acabara de acontecer, e assim gritei para a criatura que já estava longe:

- Espere! isso é real? ou apenas uma alucinação?!

Ele se virou rindo, mas sua risada era desprovida de qualquer humor.

- Eu gostaria que fosse uma alucinação Jenny.

🌑

Abri os olhos. Por um instante achei que ainda estava dentro daquele sonho maluco, tudo continuava branco, mas percebi que dessa vez,o eu estava deitada em uma cama. Huuum...Não é a minha, nem a de Scott, onde estou?

Aos poucos as lembraças de meu acidente me vem a tona. Meu Deus! O que tinha sido aquilo!No momento em que concluí o pensamento quase rí de mim mesma: era óbvio o que tinha sido aquilo, era simplesmente óbvio que aquilo não fora um acidente.

Então eles resolveram se manifestar agora...interessante que tenham escolhido tentar me matar primeiro. Bem, quase conseguiram mas não foi dessa vez. Meu estômago se revira, talvez seja por que cheguei a conclusão de que eles com certeza tentariam de novo assim que soubessem que eu continuava viva( se não já soubessem) ou pode ser por que aparentemente não como a horas.

Mas apesar daquilo, o "sonho" insistia em invadir meus pensamentos. Será que fora real? eu poderia apostar que sim. Bem, eu precisava contar aquilo a Scott imediatamente.

Tentei me levantar mas uma forte dor me invadiu. Então me dei conta de que eu estava toda enfaixada na região na barriga. Céus! quando minha mãe soubesse daquilo!

Eu estava tendo um ataque de nervosismo pensando em como explicar aquilo tudo para minha mãe, quando escuto passos e barulho de conversa no corredor e logo em seguida um médico entra acompanhado da pessoa que eu mais queria ver naquele momento.

Em três passos Scott estava ao meu lado e me olhava como se estivesse contendo o impulso de me abraçar, com medo de "quebrar" mais alguma coisa. Por fim,ele se inclinou e depositou um beijo delicado em minha testa, eu fechei os olhos por um instante e quando os abri encontrei os deles a centímetros do meu. Quase chorei quando o ví se afastar.

O médico saiu silenciosamente do quarto para nos dar um pouco de privacidade. Scott se sentou na poltrona ao lado de minha cama e ficou me olhando como se não acreditasse que eu estivesse inteira, como se eu fosse uma alucinação.

Balancei minha mão em frente ao rosto dele para trazê-lo de volta a realidade e ele sorriu. Aquele sorriso.

Eu peguei sua mão.

- Preciso lhe contar algo.

Então eu contei sobre o sonho, com todos os detalhes, pelo menos os que eu lembrava. Descrevi o Tril com iguais datalhes, e ví os olhos de Scott brilharem no momento em que lhe falei que ele era um legítimo deles.

Enquanto eu falava de repente senti um peso no estômago. Se Scott fosse definitivamente Tril, e eu tivesse alguma característica Glion, mesmo que fosse mínima, o normal sería que nos odíassemos mais que tudo.

Acho que ele viu a nuvem que cobriu meus olhos pois ele apertou minha mão com mais força, olhou em meus olhos e falou:

- Eu juro Jenny, que independente do que aconteça,sempre vou estar com você, até por que eu não conseguiria nem por um segundo fazer o contrário.

- Também Juro Scott - falei, por que foi a única coisa que consegui dizer naquele momento.

Depois de ficarmos mais alguns segundos daquela forma o constragemento nos veio e começamos a rir ao mesmo tempo. Scott parou de rir por um momento, me olhou com um ar divertido e ao mesmo tempo preucupado.

- Então eles nos procurarão? que venham.

Toque de RecolherWhere stories live. Discover now