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No dia seguinde minha mãe foi informada de que eu estava no hospital pelo próprio Scott. Como eu esperava ela teve um surto completo (com direito a gritos e choro) e quis que eu explicasse tudo o que tinha acontecido nos mínimos detalhes. Ela pretendia fazer um B.O, mas tirei essa ideia de sua cabeça, não ia adiantar de nada, apenas tomaria o tempo da polícia.

Ela não quis sair do meu lado por nenhum segundo, foi preciso muita insistência de Scott para que ela fosse com ele para comer alguma coisa. Minutos depois de ela sair Julian entra pela porta. Ele tomara cuidado para que não topasse com minha mãe porque isso exigiria muita explicação  que no momento não poderiamos dar.

Ele se aproximou da minha cama e se inclinou sobre mim para me dar um abraço apertado, ficamos assim por alguns segundos até que ele se afasta e da uma olhada rápida em mim como se para se certificar de que eu estava bem.

Aliás, eu tive um susto quando me olhei do espelho pela primeira vez depois do "acidente". Meu rosto não estava de todo ruim, mas havia um hematoma na minha testa, que havia passado de roxo para verde da noite pro dia. O restante parecia estar ok, o que era estranho já que o acidente havia sido grave. Meu corpo estava se curando em uma velocidade sobrenatural.

- Está se recuperando bem - falou Julian.

Eu fiz um gesto para que chegasse mais perto, e ele se sentou a beirada de minha cama.

- Alguma notícia? - susurrei.

- Por enquanto não - ele respondeu vagamente. Em seguida verificou o relógio que tinha no pulso. -hora de ir, ou eles darão por minha falta.

Ele se inclinou sobre mim novamente e depositou um beijo em minha testa, e depois se foi.

🌑

E

u acabei saindo do hospital mais cedo do que eu esperava aliás. No final daquele dia o médico me deu alta e eu fui para casa junto com minha mãe e Scott. Ele passaria a noite em minha casa, segundo ele os pais haviam viajado e ele não queria ficar só em casa, mas eu sabia que ele tinha indagado ao médico várias vezes se eu estava realmente eu condições de ir para casa e que havia dito a minha mãe que não confiava naquele médico.

O fato é que me senti estranha assim que coloquei os pés no chão. Minhas pernas pareciam firmes demais para alguem que tinha sofrido um acidente a menos de dois dias, tanto que nem precisei de ajuda para chegar até o carro. E isso nem foi o pior, eu estava com uma vontade imensa de gastar energia e a fome em abundância estavame deixando louca.

Bom, tentei esquecer isso, talvez fosse totalmente normal.
Como eu estava enganada.

🌑

Não saí da cama o dia todo, Scott tomou aquilo como mais uma prova contra o médico. Mas a verdade é que eu estava exausta, toda aquela onda de energia tinha ido embora e eu não conseguia ficar em pé por mais de cinco minutos.

Scott passou o dia em meu quarto junto comigo sentado na cadeira de minha escrivaninha usando meu computador. Eu estava deitada em minha cama fazendo absolutamente nada. Depois de um tempo peguei um livro sobre a minha cabeceira, era um romance de época de uma escritora brasileira que eu havia começado a ler naquela semana. Abri na página 275 e tive uma surpresa quando ao invés de encontrar somente meu marcador encontrei tambem um pedaço de papel. Eu o abri e encontrei uma caligrafia elegante e bem trabalhada, era uma carta sem dúvidas.

- Scott? - ele me olhou - veja isso.

- Um minuto - ele terminou de ler o artigo que estava vendo e desligou o computador.

Ele veio até mim com o olhar fixo no papel em minha mão.

- É uma carta - falei.

Ele não pegou o papel de minha mão como eu esperava que fizesse, apenas disse como se já soubesse o que tinha escrito:

- Leia, por favor.

Então eu li.

" Caros Jenny e Scott,
A guerra se aproxima e eu e minha raça estamos preparados para enfrentar os Glions. A raça humana não terá qualquer chance nessa guerra, assim ela aconteça como previmos, pois não será uma guerra justa. Por isso, peço que se juntem a nós, suas habilidades serão necessárias, principalmente as de Jenny, pois como sabem vocês não são humanos normais e ela por sua vez herdou muitas características deles. Por favor, nos respondam e sejam breves. Precisamos de um acordo o mais rápido possível, basta que escrevam a resposta no verso desta carta e ela será enviada a nós, o papel é encantado. Espero que vocês tenham a consciência de que sem esse acordo, a raça humana corre o risco de ser extinta da terra.

Atenciosamente,
O líder dos Trils."

Foi Scott quem falou primeiro.

- O que acha?

- Eu não acho nada.

- Pode ser nossa única chance.

-  Podemos ser enganados e mortos.

- Vamos morrer de qualquer jeito se a guerra vier.

Ele olhou pra mim com os olhos em súplica. Eu sabia que Scott queria reivindicar sua origem, e no fundo, sabia que aquela seria a nossa única chance. A verdade é que eu estava com medo de tudo aquilo, mas não era o momento de ter medo,agora era tudo ou nada.

- Nós vamos aceitar - falei-  juro que se eles nos matarem eu vou matar você Scott.

- Claro, você vai voltar do mundo dos mortos para me matar - falou ele com um sorriso no canto da boca - Você precisa ler menos mitología grega Jenny - acrescentou escrevendo nossa resposta.

"aceitamos o acordo"

A carta sumiu instantaneamente e poucos segundos depois voltou com a seguinte frase:

"Os buscarei amanhã, aguardem."

Toque de RecolherWhere stories live. Discover now