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Na rua mais cedo, assim que saíra da casa de Scott insistindo que não precisava de carona, eu fiz uma ligação.

- Olá Lis! preciso de um favorzinho seu, podemos conversar?

Lis era minha amiga desde quando éramos crianças, estudavamos juntas desde o jardim de infância e costumavamos sair pelas ruas tocando capanhinhas aleatórias e depois sair correndo assim que o dono da casa atendia quando tinhamos uns oito anos.

Em geral, Lis sempre foi alguém meio desligada do mundo e bem alatória as coisas, ou seja, nunca fazia muitas perguntas sobre nada porque realmente não ligava, e foi por isso que recorri a ela. Atualmente ela estava trabalhando no jornal local (o que foi uma sorte), estava tentando conseguir um dinheiro para viajar, ou talvez fosse para comprar drogas (se tratando de Lis,nunca se sabe). Foi nela em que pensei imediatamente quando me ocorreu a ideia de usar o jornal.

Foi bem fácil convencê-la afinal. Não me dei o trabalho nem de marcar um encontro pessoalmente, expliquei tudo por ligação. Bem, não se pode dizer que contei tudo, até por que não falei a verdade. Inventei uma história sobre um suposto grupo terrorista e Lis se alarmou. Tinha plena conciência de que aquilo era errado e senti uma pontada de culpa por estar fazendo aquilo, mas que outra opção eu tinha? era aquilo ou esperar que outra pessoa morresse. No final, Lis falou que daria um jeito de publicar a notícia em anônimo, para que não houvesse consequências para mim.

Agora eu estava em meu quarto, eram 9 da noite e eu acabara de sair do banho. Estava colocando meu pijama, mas não o de sempre, hoje, escolhi um melhor do que uma camisa larga e uma calça de pijama, (na verdade apenas troquei essas peças por outras iguais mas que não estivessem rasgadas). Minha mãe saíra a uma viajem de negócios e eu ficara completamente sozinha. Em dez minutos Scott chegaria, tinhamos combinado de hoje deixar as pesquisas um pouco de lado e assistir um filme hoje para descontrair um pouco, eu estava ansiosa, mas não saberia explicar por quê.

Faltando 7 minutos para Scott chegar desci as escadas correndo e fui até a cozinha me aventurar a fazer pipoca. Deixei queimar na primeira tentativa enquanto me distraia escutando música, e só percebi o estrago quando o cheiro chegou até mim. Na segunda tentativa mative o olhar fixo no microondas e quase não pisquei, como se ele fosse algo extraórdinario de se olhar. Alguns minutos depois eu havia acabado, e escutei a campanhinha sendo tocada assim que entrei na sala. Dei uma olhada pelo olho mágico para conferir se era Scott ( por precaução), e abri a porta. Ele vestia um pijama azul, e trazia consigo uma sacola de supermercado que levantou até a altura dos olhos e balançou, como se eu ainda não a tivesse visto.

- Trouxe comida. Em particular, trouxe bastante chocolate, você tá bem estressada esses dias, imaginei que fosse TPM.

Ri da idiotice dele e o puxei para dentro, depois tranquei a porta.Me joguei no sofá, e sentei com as pernas cruzadas, ele entretanto, se deitou ao meu lado. Ao ver meu olhar sobre ele, falou.

- É bem melhor assistir desse ângulo acredite, vamos deite-se aqui.

Me deitei ao seu lado e estendi o cobertor que eu havia levado para a sala sobre nós, estava frio e o aquecedor não estava fazendo um bom trabalho. Assistiriamos à um filme de terror, Scott o havia escolhido, por isso não lembrava o nome, mas lembro que tinha muito sangue, e isso foi tudo que me recordo. Me concentrei na respiração compassada de Scott próxima a mim ao invés de no filme, o que foi estranho.

Duas horas depois o filme acabou e nós estavamos completamente acordados, o que era um grande milagre pois eu costumava dormir bem cedo na maioria das noites, não sei o que me manteve tão acordada.

Toque de RecolherWhere stories live. Discover now