Epilogue: Jungkook & Jimin

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JUN DO JIMIN

Haviam chegado duas notificações no direct enquanto iniciei a ligação. Agora, farto de ouvir as burocracias para o acerto de meu emprego simples na cafeteria de meu tio, penso seriamente em encerrar esse falatório e ir checar de quem são as mensagens, embora existam apenas duas possibilidades óbvias passando por minha mente: Taehyung e Jimin.

São os dois homens que mais amo na vida, mesmo que de modos diferentes. Quando os vejo, em cada uma das vezes, em especial Taehyung, eu me lembro de uma trajetória inteira de um vazio quântico que hoje só foi preenchido com a união de nós três juntos, sendo amigos, acima de tudo.

ㅡ Você não precisará consultar nenhuma outra filial, apenas regis... ㅡ Enquanto o homem que é empregado de meu pai fala sobre os acertos para que eu saia de um cargo tão alto para trabalhar numa cafeteria, eu afasto o aparelho de meu ouvido e dou pouca importância ao reboliço causado por uma decisão que sempre deixei claro que a tomaria, ao meu pai, e então me colocar para ler as mensagens que chegaram.

|@taetaepiunalonga: E aí, já tá com o pau frouxo de tanto foder?

Ignoro a mensagem. Talvez eu deva rever meus conceitos de amor para com meu irmão.

|@devilparkjimin: Jun, desce aqui pra gente transar na areia da praia, uh? Ah, e pls, traz a coleira de noivado, quero estrear ela <3

Quem diria que eu, um homem der vinte e oito anos que sempre preferiu algo carnal do que sentimental, iria sentir o coração esquentar apenas porque um garoto rebelde e gostoso me chama por Jun.

Posso confessar que gosto mais da mensagem do meu Jimin, e por isso não hesito em dizer ao homem que ainda dispara algumas coisas no telefone: ㅡ Desculpe, mas agora tenho que desligar. ㅡ Eu não gosto de ser grosso, mas ele é uma das pessoas que acha um absurdo um homem que tem um pai de alta classe trabalhar em uma cafeteria servindo cafés, então por isso desligo.

A realidade é que estou cansado disso tudo. Claro, eu aprecio muito o fato de usar ternos e poder conservar a importância que dou às coisas que às vezes não devem ser tão sérias, mas nunca tive uma vida para dizer que é minha, vivi sempre para a empresa e a imagem da família "concretizada" de meu pai. No entanto, desde adolescente, meu sonho de trabalhar numa cafeteria que ficava perto da universidade na qual eu faria a faculdade dos sonhos foi reprimida por minha família, com a ideia do regime patriarcal ainda persistente na atual sociedade coreana, e acredito que ainda em muitos lugares no mundo.

Mas, sobretudo, o que me incentivou a resgatar um sonho do passado foi Jimin, desde que o conheci. Vê-lo viver com leveza e, como diria tanto ele como Taehyung, "ligado no foda-se", me mostrou que as coisas mais simples são mais intensas, e muitas das vezes nos fazem entender que a felicidade é momentânea, mas nunca podemos deixar de querer mais. É até uma idiotisse não querer mais em um universo tão grande.

A única coisa que quero, agora, é ter o emprego dos meus sonhos e cursar a faculdade de Filosofia, que sempre almejei, mesmo que a que fiz, de Direito, seja algo que realmente amo. Também, porque a cafetria fica ao lado da clínica em que Jimin trabalha, então poderemos almoçar juntos e tomar café juntos, eu vou dar beijinhos nele nas horas vagas e, bom... eu estou sendo muito grudento? Espero que não, porque acho que esse é um caminho sem volta.

É só que eu gosto mais de mim quando estou com o meu garoto.

Quando chego lá fora, já após ter pego a coleira que meu Jimin pediu (claro que quando ele pede eu jamais nego, pois já tive uma prova do remorso que sentiria quando neguei a gargantilha à ele) e nosso lubrificante de maçã que ele escolheu na primeira vez em que saímos juntos, vejo que Jimin está sentado na margem do mar, a maré tocando a ponta de seus dedos dos pés fofos.

Devil Eyes • jjk&pjmWhere stories live. Discover now