❄️Com o corpo apoiado na escada que segue para o palco, eu relaxo, mais uma vez, para a nova performance. Claro, suspirando sobre o tédio que será o resto dela.
Gritos e aplausos, pessoas tentando flertar, bebidas e, quem sabe, uma transa madrugada adentro; típico de todo domingo no qual me apresento (é meu dia de trabalho na semana).
E aqui, observando o nada e pensando em tudo, posso ouvir no fundo de minha mente o bip bip dos aparelhos ligados à minha mãe, e consequentemente no seu tratamento que se torna cada vez mais inacessível no quesito financeiro.
Trabalhar em uma boate como dançarino e ganhar só um salário por mês não é de muita ajuda para quem tem que arcar com os custos de um tratamento de câncer, muito menos quando esse alguém (lê-se eu) não tem nenhum familiar para apoiar porque, adivinha só? Também não tenho família.
Minha história é tão cliché, só falta o Starbucks e um ídolo famoso ㅡ o que é bem improvável porque eu não tenho um ídolo.
A causa de eu não ter uma família? Não me pergunte, eu realmente não sei como minha mãe me teve e nem ela sabe quem é meu pai. Isso, claro, levando em conta que o seu companheiro número um sempre foi o álcool.
ㅡ Jimin, terra chamando ㅡ alguém estala os dedos em frente ao meu rosto. Balanço a cabeça, despertando de minhas preocupações que sempre evito levá-las tão longe para que não sofra mais do que já sofri em toda minha vida.
Eu levanto o olhar devagar, captando a imagem de Jackson bem em minha frente.
Jackson Wang é um dançarino, assim como eu, e partilhamos do título prodígio da mais famosa boate de Busan¹, Kings of The Night, a qual, por incrível que pareça, não é influenciada pelas normas absurdas da Coreia como, por exemplo, o quesito exclusão de homossexuais e demais da sigla LGBT.
E eu, embora seja um pouco desmotivado pelo salário, sinto orgulho em fazer parte da escala de prestígio desse lugar bastante requisitado pela população apreciadora de baladas da cidade de Busan.
ㅡ Desculpe, Jack, eu estava preso em meus pensamentos ㅡ o olho gentilmente, sem me importar, de fato.
Jack ㅡ o chamo assim desde duas semanas depois do dia em que nos conhecemos ㅡ deixa seu trejeito tranquilo para trás e uma expressão preocupada toma seu rosto ao momento em que ele questiona: ㅡ Problemas em casa, anjo?
Sorrio nasalmente.
É como se eu tivesse uma família em casa quando, na verdade, eu moro sozinho e minha mãe vive na merda de um hospital. Mas ele não precisa saber disso.
ㅡ Está tudo bem. Eu só estava pensando como seria se unicórnios e dinossauros existissem. ㅡ Forço um sorriso e minto. Mas, às vezes, eu imagino como seria se realmente eles fossem reais, e se habitassem a terra. Um desastre completo aconteceria e provavelmente os humanos, com sua ganância repudiável, não os deixaria vivos nem por uma semana.
Eu faço uma careta ao descartar a ideia dos seres fantásticos.
ㅡ E qual a conclusão? ㅡ Questiona Jack, me pegando de surpresa. Logo em seguida ele se senta ao meu lado, apoiando os braços nos joelhos enquanto me observa, aparentemente interessado no que eu falarei a seguir.
O olho por um instante, esperando que desista de me fazer pensar e, no entanto, ao ver que ele não fará isso, tento bolar uma resposta.
ㅡ Seria legal se unicórnios existissem. Eu gostaria de ter um. ㅡ E gostaria mesmo.
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Devil Eyes • jjk&pjm
Fanfiction[CONCLUÍDA] [NÃO ACEITO ADAPTAÇÕES DESTA OBRA] Olhos nos olhos dele: diabólicos, provocantes, do tipo que sabe o que quer e como quer. Onde quer. E como conseguir. Uns sessenta porcento sub e uns quarenta porcento brat, ele supôs, enquanto um arrepi...