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Naquela noite Park Jimin apareceu mesmo, e com Taehyung ao seu lado. Eles se sentaram na mesa perto da janela ao lado esquerdo do palco. Próximos o suficiente para que eu conseguisse ouvi-los enquanto nos preparamos para começar o show. Rosé logo se sentou com eles e Lisa os atendeu depressa, já que eram os únicos no lugar.
Jimin estava como um conto de fadas de final feliz. Parecia uma música pop com batidas country, me fazia querer pular e sorrir, acreditar que uma longa viagem de carro pelo país resolveria meus problemas. Park Jimin estava como aqueles dias em que nada parece fazer sentido e encontramos algo que faz a dor parecer menor. Sim, eu não sei descrever a beleza dele por que não existem palavras para isso, apenas momentos felizes que são sinônimos perfeitos.
Ele era o homem com medidas perfeitas e traços feitos a mão. Como uma edição limitada de um carro esportivo.
Poxa, ele me tirou o ar quando se sentou naquela cadeira, o jeito que se moveu para colocar os cotovelos na madeira e as mãos sob o queixo olhando para Rosé que se sentava ao seu lado. Ele sorriu, gargalhando colocando as mãos gorduchinhas sobre a boca. Que pecado tentar esconder aquele sorriso.
- Tira uma foto, Jungkook, vai durar mais. - diz Namjoon ao meu lado me fazendo corar e desviar o olhar para o microfone em minhas mãos.
Consigo ouvir Jimin pedindo um soju,  Taehyung uma vodka e Rose outro refrigerante gratuito.
- E também ele não vai te pegar no seu momento psicopata olhando pra ele como se fosse o último homem na Terra. - tagarela Yoongi rápido demais sem me olhar. Sigo seus olhos até a mesa de Park e encontro o melhor amigo do mesmo sob seus mirantes.
- Eu sou o psicopata, né? - rebato franzindo o rosto em uma careta de nojo. - Você nem pisca.
O mais velho se volta para mim com uma cara de tédio quase doentia.
- Sou um apreciador de obras de arte. - fala simplesmente, passando sua guitarra para frente de seu corpo.
Namjoon deixa escapar uma risada.
- Como pode cara. - resmunga balançando a cabeça verificando as cordas de sua própria guitarra.
Sorrio para Yoongi que apenas da de ombros ligando o cabo de som ao seu instrumento.
- Vamos ter um show exclusivo? - ouço Taehyung perguntar e me viro para eles com um sorriso sem dentes meio desconcertado.
- Sintam -se privilegiados. - responde Yoongi com um acenar de cabeça.
Taehyung da um sorriso maior que seu rosto.
- Oh, eu me sinto sim. - diz piscando um dos olhos e rapidamente me viro para Yoongi que ruboriza desviando o olhar para o chão.
Tão fofo que da vontade de apertar as bochechas. Era incomum ver Yoon flertando, mas ele era tão tímido que valia a pena esperar. Ver as bochechinhas vermelhas e a risadinha sem graça.
- Sorte minha então. - fala Jimin tranquilamente pegando a garrafa de soju que Lisa deposita em sua frente e tomando um gole. Totalmente necessário se ele queria fazer minha mente travar.
Eu pisco sem conseguir desviar os olhos de como a boca dele suga o líquido. A cor brilhante que ele deixa na carne farta e vermelha. Poxa, um beijo não seria o suficiente para contemplar aquele pequeno universo no rosto de Park Jimin.
- Sim, - murmura Rosé abrindo seu refrigerante. - vocês não sabem o que perderam por não virem aqui antes.
Taehyung levanta uma mão tocando o peito com a outra, como se pedisse autorização para falar.
- Eu me arrependo. - confessa com uma risadinha. - E não é pela música.
Rosé solta uma gargalhada junto a risada sem graça de Jimin. Namjoon tenta disfarçar sua própria enquanto olha para Yoongi que tem uma expressão de socorro talhada em sua face.
Eu mesmo sorrio. Parece que Taehyung conseguiu atingir Yoongi de alguma maneira.
- Vamos começar então. - resmunga o baixinho com certa urgência em sair daquele momento.
Outra risada ecoa pelo bar, até mesmo de Lisa e Jackson.
E então silêncio. Até a melodia soar pelo ar. A primeira música era aquela que escrevi para meus próprios amigos. Despois da decadência que minha vida se encontrou.
Ela se chamava Begin.
Naquele momento, aqueles minutos que eu estava no palco, eu me sentia grande. Grande demais para a doença me alcançar, feliz demais para ficar triste, completo demais para me sentir vazio.
Então quando ponho minha voz naquele microfone e a ouço pelo lugar, não posso evitar fechar os olhos e colocar todo meu coração naquilo.
Pois aqueles pequenos minutos são os poucos em que encontro paz. Nada consegue me atingir enquanto eu canto.
Nada é capaz de me quebrar quando minha voz encontra saída daquela masmorra que meu corpo se tornou.
Então me vejo flutuar quando abro os olhos e encontro os de Jimin em mim. Não me sinto envergonhado, pois sua admiração me faz querer ser ainda melhor. Me encho de uma confiança que não era minha e sorrio para ele quando terminamos a canção.
E ouço palmas acompanhados de mais clientes passando pela porta.
Taehyung solta um grito de empolgação, aparentemente em sua terceira dose.
Encontro Jimin ainda me olhando e tudo me invade de novo. Mas desta vez é diferente, além de toda a insegurança, por entre os maus sentimentos, eu me sinto um pouco mais livre.
Como se mostrar quem sou para o mundo que Jimin representa, valide minha existência. E não mais preciso voltar a me esconder com medo de que qualquer coisa vai me machucar.
Então eu aceito o sorriso que Park me dirige e sorrio de volta, por que pela primeira vez eu não estou com medo do que o que sinto em relação ao que o loiro pode fazer comigo.
Quando outra canção começa eu posso enxergar lá na frente, que não há só dor no mundo, e Park Jimin pode ser a porta de saída para ele que eu tanto evitei.

17 Minutos Depois do Pôr do Sol - JJK•PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora