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Ás cinco horas, todos os dias, eu e Rose fechávamos a loja e caminhávamos pela avenida principal da pequena cidade, até o bar da minha mãe, na mesma rua.
Onde também era minha casa e meu palco de shows todos os dias.
Afinal, bêbados não conseguiam diferenciar se nossa música era boa ou não. E eu estava satisfeito em ter um tempo para ensaiar, e me dedicar a única coisa que me fazia esquecer, parcialmente, Taewoo.
- Eu combinei com os garotos, - contei enquanto andávamos tranquilamente, ouvindo o barulho dos poucos carros - de entregar os folhetos da feira no parque e talvez encontrar mais voluntários.
Rose bateu palminhas sorrindo sem mostrar os dentes. Fofa.
- Claro, isso é ótimo. - murmurou.
- Amanhã é sábado, - continuei contente por ela ter gostado da ideia - então pensei que era um bom dia para isso.
Ela concordou com a cabeça apertando os lábios.
- Sim, - falou - podemos ir todos.
Assenti mais empolgado.
Rose sabia como fazer eu me sentir importante, ou simplesmente como alguém que não será ignorado.
Ela sempre diz que é o mínimo que eu sou, e que existe muito mais, no entanto meu ser interior não consegue deixar de pensar que, talvez, eu sou um incômodo para ela, e para todos.
Como se eles devessem sempre cuidar o que falar ou fazer, para que nada me afete emocionalmente.
Porém, Rose já me falou que minha companhia sempre foi acolhedora.
Ela é minha melhor amiga. E nossa maior fã. Provavelmente a única, mas ela não perde um show, canta nossas músicas e divulga nosso ep. Eu a amo.
Assim como amo aqueles garotos sentados no balcão tomando as doses que minha mãe lhes deixa tomar, no caso, refrigerante.
Rose já corre pelo bar vazio, para abraça-los.
Ainda está cedo, então as cadeira não foram abaixadas e a placa ainda é a de fechado.
- Junkie. - sorri carinhosamente Namjoon, girando o banquinho pra lá e para cá, enquanto apoia as duas mãos no lugar vago entre suas pernas - tenho uma música nova.
O gênio sensato e racional ataca novamente. Coloco minhas mãos sobre o peito fingindo estar levando um tiro no coração.
- Por que você é assim? - indaga Yoongi tomando um pouco do líquido de seu copo.
Eu solto uma risada. Segurando a alça de minha mochila em meu ombro.
- Chegou cedo Yoon? - questiono curioso. - Você sempre se atrasa muito.
O baixinho apenas revira os olhos.
- Podemos ouvir ela hyung. - falo calmamente me voltando para Namjoon - Só vou tomar um banho e trocar de roupa, antes.
Namjoon sorri para mim assentindo.
Me volto para a porta atrás do balcão do bar, então entro no escritório. Minha mãe está atrás da mesa, analisando algo em seu computador, quando me vê, abre um grande sorriso de coelho.
- Eai. - diz ela com simplicidade.
Dou a volta na mesa e a abraço por alguns segundos. Como todos os dias.
Então deixo o lugar e caminho para a terceira porta, a lateral, que leva para o corredor largo ao lado do bar, por onde minha mãe entra com o carro. Logo paralelo a fachada do bar está o portão de acesso a minha casa. Caminho pelo concreto até a construção nos fundos do terreno.
Meu banho é rápido, coloco um moletom preto, e uma calça também preta justa. Calço minhas botas e me olho no espelho do meu quarto. O cabelo está grande, caindo sobre meus olhos em ondas, então alcanço um boné. Minha pele está um pouco sem cor e meu corpo parece magro, mas estou melhorando, cada dia progredindo um pouco.
Faz três meses desde que Taewoo me deixou, depois de arruinar minha vida emocional, física e financeira.
Ele se mudou para Seul atrás de outra pessoa, sei lá.
Eu o odeio.
Sei que é um sentimento ruim para cultivar, mas ele não deixou sobrar nada além disso.
- Você é fraco Jungkook. - murmuro para o espelho agarrando meu celular e saindo do quarto.
Bato a porta da frente com força.
Fraco, sempre tão fraco.
Mesmo com todos a minha volta, ainda estando ao meu lado, a única coisa que eu conseguia pensar era em duas que não estavam mais. Uma delas foi tão importante que menciona-la ainda é difícil. E nem estou falando de Taewoo.
Entro pela porta dos fundos. Namjoon e Yoongi já estavam organizando os instrumentos e os funcionários do bar já abaixavam as cadeiras e arrumavam os copos.
Lisa e Jackson acenam para mim quando subo o pequeno palco no lado esquerdo. Então olho para meus amigos.
Conheci Nam e Yoon na época da escola, quando eu ainda tinha quinze anos. Naquela cidade era difícil não conhecer todos, bastava querer, mas eu era muito tímido para isso. No entanto, eu gostava de cantar e fazia isso sozinho, no parque, no bar, na escola, na rua. E eles já eram amigos a muito tempo, tocavam juntos e faziam rap juntos.
A música nos uniu quando em um dia no parque, eu os ouvi, e até hoje sou um grande admirador dos dois e muito fã da pessoa que Namjoon é. Eles são minhas inspirações.
Se não fosse por eles, minha vida já teria acabado a muito tempo.
- Ei, Jungkook. - Nam me chamou segurando sua guitarra - quer ouvir a música nova?
Puxei o microfone para arrumá-lo no tripé.
- Claro, - sorri - Vamos tocá-la hoje, então teremos que aprender.
Yoon, que afinava sua guitarra, soltou um solo estridente por dois segundos se contorcendo como se fosse um membro de alguma banda de metal. Me assustei encarando aquela cena com espanto.
Quando ele para e nos olha, eu digo:
- Você tá bem, hyung?
Ele sorriu seu sorriso gengival.
- Tô testando coisas novas - murmurou voltando a tocar uma batida leve.
- Como fazer os clientes pensaram que está possuído? - comentou Rose se aproximando da mesa de som.
Yoongi fez cara feia para ela, que somente riu. Eu também ri por que a cara feia dele era muito fofa.
- Coloque a faixa dois, Rose - pediu Namjoon para a mulher, que prontamente clicou em algo no notebook e uma melodia soou pelo bar.
Então ele começou a cantar enquanto tocava junto a Yoon. Provavelmente o Mim já sabia a letra.

Nós nascemos sob a luz do luar

Não é uma fantasia
Não conseguimos respirar sob a luz do sol
Tem que esconder seu coração
Nós nascemos para ser tristes, tristes, tristes, tristes
Sofrer para ser feliz, feliz, feliz, feliz

Eu sorrio admirado com toda a poesia que saia por seus lábios. Apenas apreciei a melodia que tocou meu peito como se fosse uma terapia.

Filho da lua, você brilha
Quando a lua nasce, é a sua hora
Vamos lá
Filho da lua, não chore
Quando a lua nasce, é a sua hora
Vamos lá
Filho da lua, você brilha
Quando a lua nasce, é a sua hora
Vamos lá

Namjoon era talentoso demais, valioso demais. Ele participava da criação de todas as musicas da banda. Sem ele a RAZON TO LIVE, ou RTL, não existiria. Deles vinham minhas forças, não só deles, mas de todos que me rodeavam. Rose, minha mãe e até Lisa e Jackson.
Então por que eu não conseguia superar o passado.
Por que eu ainda pensava em Taewoo, e não em quem me amava de verdade. Por que eu não conseguia entender que minha irmã não estava mais ali. Que ela se foi.
No entanto, naquele momento, eu podia ver que ainda havia razões para viver.

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Olaaa amantes de fanfic Jikook.
Primeiramente peço desculpas adiantado pelo tamanho dos capítulos, eu sou o tipo que vai escrevendo até sentir que não cabe mais no capítulo independente se ficou grande ou pequeno. Então podem ter uns que serão menores e outros maiores.
Quando ocorrer isso, irei me esforçar para postar dois na mesma semana. Quando forem longos postarei apenas um. Segundo, quero agradecer a pessoa que está lendo e votou. Mesmo que seja apenas uma, eu já o considero amigo do peito e espero realmente que esteja gostando.
Eu tenho em mente Instagrans parar os personagens principais onde faria postagens relacionada a história mas não necessariamente irá interferir na fanfic. Caso queira, posso disponibilizar e realmente fazer as postagens. Me conte depois.
Críticas e elogios serão sempre bem vindos, com respeito mútuo.
Nos vemos no próximo capítulo.

Edit:
Pra quem já leu, eu estou trocando algumas coisas, como o fato de Jungkook ter perdido a irmã e não o pai, por motivos não tão óbvios como: 1 quero fazer alguma coisa diferente e 2 tenho lido bastante fics em que um deles perde o pai e realmente me sinto como se estivesse copiando.

17 Minutos Depois do Pôr do Sol - JJK•PJMWhere stories live. Discover now