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Acordo com uma sensação indescritível de solidão na manhã de sábado.
Toda a empolgação que tive sexta para a divulgação da feira, se esvaiu depois que desci do palco do bar na madrugada.
Me sento na cama e encaro a parede de fotos sem vê-la ali. Não enxergo nada, realmente, apenas penso em como me mover.
É patético.
É frustrante simplesmente não conseguir levantar.
Olho para o relógio e constato que já são nove horas e provavelmente Namjoon já está vindo, talvez até com Yoongi, e eu sequer tinha escovado meus dentes.
Passo uma mão pelo rosto respirando fundo dizendo a mim mesmo para me levantar.
Só vai levar um minuto, Jungkook, nada mais.
Com esse pensamento me movo até o banheiro no mini corredor de casa e tomo um banho, escovo os dentes, arrumo o cabelo, visto uma roupa confortável e vou para a cozinha.
Minha mãe já está na porta dos fundos olhando para o dia lá fora com uma xícara de café nos lábios.
- Bom dia. - digo abrindo a porta da geladeira. Ela se vira para mim.
- Bom dia. - sorri. Está tocando alguma música no rádio, enquanto ela apoia o cotovelo com a outra mão encostando as costas no batente da porta aberta. - Como dormiu?
Torci a boca puxando uma garrafa de suco de laranja e uma maçã.
- O de sempre. - dou de ombros me apoiando na pia ao lado da geladeira. - Tive o mesmo pesadelo, - olho para o suco em minhas mãos. - mas nada novo.
Mordo a maçã ainda sem olhá-la.
- Jungkook, - chama com carinho. Levanto minha cabeça para olhar em seu rosto. Nosso cantor favorito tocou no rádio, Lyset do Kristian - está tudo bem, não precisa se preocupar. Viva um dia por vez devagar até encontrar seu ritmo.
E de manhã, minha mãe consegue ser tudo que eu tenho e mais um pouco. Então eu a abraço. Por que ela entende que não quero desapontá-la, mas que não consigo superar os dias de solidão facilmente.
A campainha do portão é alta e interrompe nosso abraço sem causar irritação.
Minha mãe sorri afagando meu braço. Vejo em seu olhar a dor, mas também vejo a força, a guerrilha que ela trava todos os dias.
Ao mesmo tempo em que me sinto culpado, me sinto inspirado.
Ela conseguiu lidar com a dor e transformá-la em combustível para viver, mesmo tendo perdido o filha, parcialmente o filho e estar atolada com questões administrativas de um bar a beira da falência. E eu ainda não sei como pentear o cabelo sem sentir que aquilo não faz sentindo.
No entanto, ela me traz de volta sempre que me perco, me leva até a calmaria dos seus braços e ergue meu queixo para o pôr do sol. Todos os dias, aquela mulher que também sofre, me dá forças através de sua própria força.
- Eu te amo. - sussurro para ela antes de me afastar para a sala por que Yoongi já está entrando e se jogando no sofá.
- Eu também te amo. - responde tomando mais um gole de café. - Se divirta.
Namjoon está sentado na poltrona da sala, enquanto Yoongi se aconchega no sofá sonolento.
- Eu falei pra ela encontrar a gente lá, - resmungou o Min. - não tô afim de andar até a casa dela e depois ter que voltar de novo pra cá. Ela que se mova, o parque tá aqui.
Namjoon riu alto.
- Bom dia Junkie. - me cumprimentou com um sorriso.
- Eai Jungkook. - grunhiu Yoongi de olhos fechados do sofá.
- Oi hyungs. - aceno pegando os folhetos que tenho em cima da estante da TV. - Animados para ficar debaixo do sol enquanto somos ignorados pela população o dia todo?
Namjoon se levanta colocando os óculos de sol.
- Estou realizando meu sonho. - responde ele com um sorriso acompanhado de covinhas.
Yoongi resmunga se virando no sofá de costas para nós.
- Não tô afim. - responde. - mas sabe que faço tudo por você né, moleque.
Provavelmente, Yoon só dormiu umas duas horas, e dormir é o que o faz feliz, então agradeço mentalmente por ele estar fazendo tudo isso por mim.
Acenando para minha mãe, saímos pela porta passando pela lateral do bar e caminhamos para o parque da cidade. É um dia fresco e as árvores estavam coloridas em tons vermelho e laranja. Tomo meu suco e como minha maçã no percurso.
Eu me sinto um pouco mais aliviado quando deixo minha casa e me culpo por isso, mas minha terapeuta já me disse que é natural ter aversão a um lugar com tantas lembranças dolorosas. E eu já me acostumei com a culpa, então quando Yoongi tropeça no meio fio e quase cai, eu consigo rir até minha barriga doer.
Rose já nos espera na entrada principal.
E não vou mentir, meu coração quase para quando vejo quem está com ela.
Me sinto travado e desconfortável.
- Olá gente. - ela cumprimenta assim que nos vê chegar, debaixo da sombra do guarda sol de uma barraquinha de comida ao lado do portão de entrada.
- Oi Rosa. - murmura Namjoon - Oi. - acenou para os outros dois que estavam ali, ao lado dela.
- Eai. - diz Yoon desanimado.
- Olá. - Park Jimin responde. - Oi Jungkook, viu lembrei seu nome.
-Isso foi péssimo Jimin. - comentou o outro cara.
Eu quero ir embora. Quero pegar Rose pelo braço e chacoalhar ela. Por que ela chamou ele? Ela sabe que eu não consigo ser eu mesmo perto dele. Eu travo...
Os olhos estão em mim, estou nervoso. Aí meu Deus, mande o meteoro, agora. Park Jimin está de bermuda. Repito, bermuda. Eu posso ver um pedaço de sua coxa, seu joelho e as panturrilhas.
- O-oi Jimin. - engasgo. Ele ri fofinho, colocando a mão sobre a boca, os olhos se fechando em uma linha. Ele abaixa a mão e ah... o sorriso...
Estamos nos encarando por alguns segundos constrangedores quando a culpada resolve intervir.
- Bem, - se apressa Rosé com um sorrisinho sacana nos lábios. Ela fez de propósito. - esses são, Namjoon, Yoongi e Jungkook - nos apontou na ordem - e esses são Jimin e Taehyung. Eles serão voluntários na feira e vieram nos ajudar a divulgá-la. Legal né?
Ela sorri apertando os dedos em sua frente empolgada. Eu quero arrebentar ela por adicionar momentos desnecessários com Park Jimin em minha vida quando eu claramente não me sinto preparado para como ele faz eu me sentir. E eu só o conheço a alguns dias.
- Eai galera. - Taehyung abre um sorriso acenando com a mão para nós. Era simpático, daquele tipo que te fará sorrir mesmo sem querer só sendo ele mesmo. - Já tomaram café da manhã?
Aceno colocando minhas mãos no bolso da calça desviando os olhos de Jimin.
- Já tomamos. - responde Namjoon com um sorriso de agradecimento. - Obrigado.
A expressão de Taehyung murcha completamente. E aquilo parte meu coração.
- Poxa. - murmura - Compramos muita comida.
Ele ergue uma sacolinha de papel.
- Podemos comer depois, Tae. - Jimin leva uma mão para o ombro do garoto carinhosamente.
Junto as sobrancelhas. O que é aquilo? Aquele gesto? O que significa? Meu subconsciente aponta para aquilo com horror enquanto pergunta freneticamente se eu não vou fazer nada. 
Eu não sabia que Jimin namorava. Na verdade eu ainda não tinha nem certeza se ele se envolvia com homens. Me sinto ainda mais idiota. Tanto que nem vejo quando eles começam a andar.
- Vamos Junkie. - Rosé me chama.
Me apresso a alcança-los me perguntando se irão notar que fui embora se eu for.
Seguro os folhetos que trouxe no bolso grande da minha calça.
Na frente vão Jimin e Taehyung de braços dados, depois Namjoon e Yoongi conversando tranquilamente enquanto o mais baixo segura a sacola de comida tirando de lá coisas que não eram dele e então eu e Rosé. E eu quero matá-la por trazer o garoto que mexe comigo e o namorado dele para algo que seria só nós quatro. Me sinto traído. Tanto que não olho pra ela uma vez sequer, apenas consigo encarar os folhetos que eu mesmo fiz em minhas mãos. Agora me sinto inseguro com aqueles papéis. Envergonhado por sentir qualquer coisa por Jimin. Dentro do parque Rosé nos para debaixo de uma árvore de folhas vermelha.
- Postei ontem a noite o folheto no Instagram, - murmura ela com um sorriso - talvez quem veja lá saiba que estamos aqui. Então vamos postar fotos e vamos para a fonte no centro e entregamos os folhetos para quem passar andando pelo parque, tá bom?
- Pode ser. - Jimin sorri animado puxando Taehyung. - Vai Tae, tira uma foto minha andando aqui.
Ele empurra o celular para o garoto que ri apontando a câmera para o Park, enquanto o mesmo caminha debaixo de outra árvore.
- Eu tenho uma foto qualquer aqui.- remunga Yoongi sacando seu aparelho do bolso fuçando na galeria. - não tô afim de tirar foto agora.
- E quando você está com vontade de fazer alguma coisa? - rebate Rosé segurando meu braço. - Vem Junkie, tira uma foto minha aqui na pista.
Yoongi ri assentindo, concordando com a doida que me arrasta.
- Então tira uma minha ali Yoon. - ouço Namjoon pedir assim que pego o telefone de Rosé ainda triste com o que ela fez, mas tentando não pensar nisso.
Eu gosto dela e não quero que se afaste por alguma reclamação minha.
- Assim? - mostro a tela para ela depois de tirar a foto. Ficou bonita.
- Valeu Junkie.
Ela pega o telefone e volta para a árvore. Eu penso várias vezes se tiro uma foto ou não, e descido por fim trapacear assim como Yoongi hyung.
Sentado na grama, vejo Jimin tirar fotos de Taehyung na pista.
Ele é bonito, Jimin muito mais, mas o menino é inegavelmente lindo. Tinha os cabelos loiros, provavelmente pintados, pois era possível ver a raiz escura, não como Park que já possuía os cabelos claros, o sorriso era quadrado, desenhado naquele maldito rosto esculpido perfeitamente por algum deus da beleza. O deus podia se sentir orgulhoso e se gabar para seus amigos deuses por que, nossa, que cara lindo.
Desvio meus olhos irritado. 
Com meu celular em mãos tentei ignorar os dois que se sentaram conosco, abri meu Instagram, selecionei uma foto de outro dia que fui no parque, escrevi uma legenda e postei.
Rolo o dedo pela tela no feed encontrando as publicações de Yoongi, me derreti pela foto e ri bastante da legenda, depois a de Namjoon, bonitão e conceitual como sempre, e então a que tirei de Rosé, linda, mas estou chateado demais para comentar isso, então só coloco um emoji de coraçãozinho.
Quando estou concentrado em algo, é difícil prestar atenção ao que se passa ao meu redor, então não noto a conversa acontecendo até ouvir Jimin responder para Namjoon.
- Eu gosto muito de pensar, - sua voz é adorável. - que qualquer coisa que eu faço, pode ajudar a transformar o mundo em um lugar menos doloroso.
Poxa, por que ele é assim? Por que faz isso comigo? Coloco a mão sobre o peito disfarçadamente, enquanto meu subconsciente clama por respeito.
Namjoon sorri.
- Eu também gosto de me voluntáriar. - murmura Yoongi. Levanto uma sobrancelha duvidando do que ouço, assim como outros olhares que o conhcem. - Ué gente.
- Você hyung? - indago confuso.
- Se estivéssemos falando de voluntários para teste de colchões eu acreditaria. - Rosé zomba com um sorriso doce.
O mais baixo entre nós revira os olhos.
- Sempre gostei de ajudar os abrigos e visito o asilo toda terça depois do trabalho antes de ir pro bar.- ele deu de ombros.
Eu franzo a sobrancelha.
- Como assim hyung? - minha voz é curiosa - Você nunca nos contou, porquê?
- Vocês não perguntaram. - ele deu de ombros novamente.
-Ah, - exclamei. - terças do atraso.
O mesmo aponta concordando.
- Nossa, Yoon, - Namjoon sorri. -você vive uma vida dupla.
Todos riem.
- Eu nunca escondi. - fala displicente.
- Você disse que vai aos abrigos e ao asilo? - pergunta Jimin. - Por que nunca te vi lá?
- Porque ele está mentindo. - provoca Rosé com um sorriso implicante.
Jimin acerta a coxa dela, ao seu lado, de leve, com um tapa e ela ri.
- Não sei. - Yoon dá de ombros. - Acho que é questão de horários, eu gosto de ir quando está escurecendo.
-Meio dark. - comentou Taehyung sorrindo. - Gostei.
- Isso é muito legal da sua parte. - diz Jimin tocando de leve o próprio peito.
- Ser voluntário para algo, ou só ajudar alguém,  - fala meu amigo. - é algo que faz meus dias terem sentido.
Jimin abre um sorriso ainda maior.
- Isso é algo muito legal de se dizer. - murmura Namjoon levemente confuso. - Estou orgulhoso, hyung.
- Eu estou chocado. - digo piscando os olhos realmente surpreso. Digamos que Min não faz o estilo bondoso.
Yoongi torce a boca e revira os olhos.
- Ele leu isso em um livro motivacional. - cutuca Roseanne sorrindo como quem gosta do perigo.
- Eu não gosto de ler. - responde Yoongi sem se abalar, esticando os cantos da boca como uma mania. Fofo.
Era por isso que eles davam certo.
Solto uma gargalhada. Me viro para a rodinha que fizemos sem intenção, acabo por perceber os dois agregados nos olhando com animação. De repente me sinto tímido de novo e escondo meu sorriso feio. Paro de rir me voltando para o chão ansioso. Será que Jimin me achou nojento? Achou meu sorriso nojento?
- Acho que ser voluntário, - o loiro bonitão comentou. - diz mais sobre como somos de verdade, se conseguimos pensar em outros e não só em nós mesmos.
Taehyung tem uma voz grossa, fala gesticulando e olhando nos olhos das pessoas. O que eu definitivamente não conseguia, por esse motivo, consigo me sentir ainda mais inferior.
Todos miram ele e acenam.
- Acho que todos nós gostamos disso então. - conclui Namjoon esticando os braços para trás e se apoiando neles.
- E mesmo todos tendo suas responsabilidades como adulto, - diz Jimin - estamos aqui.
Uma brisa passa por nós levemente, então olho para o céu refletindo sobre minhas próprias crenças sobre o voluntariado quando uma voz angelical me chama.
- E você Jungkook? - Jimin está olhando para mim com um rosto sereno - O que você acha de ser voluntário?
Pisco atordoado.
- Ahn? - exclamo um pouco envergonhado, sei lá porque. - E-eu gosto de animais...
O que?
Me voluntariar vai muito além de simplesmente gostar. Eu sou assim, sempre faço para os outros o que eu gostaria que fizessem por mim. Eu me considero uma boa pessoa e quero melhorar. Mas ao invés de dizer isso, apenas observo Jimin sorrir me encarando de um jeito diferente. Não consigo desviar os olhos para fugir daquilo. Daquilo que ele desperta.
- Que tal irmos para a fonte? - a voz de Rose me acorda e eu olho para minhas mãos.
Eles se levantam e eu os sigo. Me sinto um completo babaca por ser tão, notavelmente, atraído por Park. Eu não tinha o direito de sequer olhar para ele.
Taehyung parecia ser uma pessoa legal e eu não devia estar ali, babando pelo namorado excepcional dele.
Certamente o menino loiro, alto, era muito melhor para estar com Jimin.
Meus pensamentos são sufocantes, e eu procuro respirar fundo enquanto andamos para a fonte da praça, no centro de passagem.
Algumas pessoas cruzavam por ela ao invés de darem a volta no parque, era um bom lugar para entregar o folhetos. E eu queria estar mais animado para isso.
- Você está legal Junkie? - sinto Namjoon esticar seu braço sobre meu ombro e o vejo me olhar com calma.
Balanço a cabeça afirmando.
- Você está nervoso? - pergunta Yoongi do outro lado.
Estamos longe dos três que caminham apressados enquanto conversam alto.
- Estou tranquilo. - minto olhando para meus pés.
- Sabe que não precisa mentir para nós né? - fala Namjoon com mansidão.
Eu afirmo com a cabeça.
- E eu não estou mentindo. - digo ainda olhando para frente.
Sinto eles trocarem um olhar em minhas costas.
- Nós te ensinamos muito Jungkook, - murmura Yoongi com a voz rouca - e mentir é uma delas, mas não acredito que fomos tão maus professores assim.
Eu não consigo segurar uma risada. E o clima se alivia num estalar de dedos. Metade do que eu sentia me afogar foram dispersados como pó pelo vento.
Namjoon também ri.
- Eu estou bem. - concluo olhando para eles. - Não se preocupem tanto.
Yoongi olha para Namjoon que retira o braço de meu ombro.
- Vamos então. - diz o Kim apressando o passo para alcançar os três na fonte.
Yoon o segue com o olhar desconfiado sobre mim.
- Junkie. - chama Rosé. - Pode dar alguns folhetos á Jimin e Taehyung?
Aceno indo em direção aos dois, separo um montinho para cada e os entrego de cabeça baixa.
- Obrigado. - agradece Taehyung com a voz rouca. Quase solto um gemido quando olho para seu rosto. Por que tão bonito cara?
Desvio os olhos para Jimin.
- Valeu Jungkook. - ele sorri.
Suspiro quando me afasto. Segurando firme os folhetos contra meu peito tentando aplacar os efeitos colaterais avassaladores que aquele sorriso me causou. Ah, maldito, por que você não pode ter um único defeito, até teu dente torto eu estou endeusando.
- Certo gente. - fala Rosé enquanto observava algumas pessoas que passavam por ali. - Vamos entregar por todo o parque, então vamos nos dividir em duplas e cada dupla vai para um lado depois nos encontramos aqui e distribuímos mais.
- Eu vou com o Jungkook. - a voz daquele anjo soa apressada em meus ouvidos e eu quase os limpo para ter certeza que eu escutei direito. Park Jimin sorri para mim se colocando ao meu lado.
Alguns olhos nos encaram.
- Eu vou com o Namjoon então, - escolhe a Rosé . - não quero ir com o baixinho nem com Taehyung.
O namorado do cara que eu secretamente tenho uma queda solta uma gargalhada.
- Tem medo de cair nos meus encantos Park?
Ela ri.
- É por isso que não quero ir com você, convencido. - Rosé revira os olhos indo para o lado de Namjoon que sorri para ela.
- Eu prefiro qualquer um a você sua imunda. - Yoongi mostra a língua para a menina e caminha para o lado de Taehyung. Invertendo as posições.
Após o vai e vem, Rose aponta em qual direção cada dupla vai e damos as costas a fonte para entregar os folhetos nas vias principais do parque.
Eu estou sendo levemente ignorados pelas pessoas enquanto ofereço as informações da feira, no entanto, Jimin parece conhecer todas elas. Então não avançamos muito na caminhada, em compensação, Park consegue que muitos ao menos digam que irão levar seus filhos, ou seus animais a feira.
Vê-lo conversar com delicadeza desperta em mim a certeza de que ele é um anjo enviado a terra para amenizar o sofrimento alheio com sua simples presença.
Durante os primeiro vinte minutos só era possível ouvir nossas vozes quando paravamos alguém ou alguém nos parava, no entanto, quando nos afastamos de um casal que passeava com o cachorro chamado Bob, o moço do sorriso bonito se virou para mim.
- Posso ir assistir o show de vocês hoje? - indaga com um sorriso adorável e eu me derreto antes de entender a pergunta.
Adorável é a palavra chave para encontrar Jimin no Google.
- Anh, claro. - balanço a cabeça - começa às oito.
Ele acena e devia o olhar.
- Estarei lá. - responde. - Posso levar o Tae?
Sem vergonha na cara eu murcho. O namorado. Ele vai com o namorado.
- Claro, - digo forçando um sorriso sem mostrar os dentes e minha mente viaja quando continuo: - é seu namorado né.
Jimin para de andar se voltando pra mim de repente, o rosto confuso, então ele solta uma gargalhada se agachando sobre os calcanhares. Eu sorrio por que é muito fofo. Caramba garoto.
Quando ele se levanta ainda rindo eu estou envergonhado, mas não tanto por causa de sua risada contagiante.
- Taehyung não é meu namorado, - informa. - ele é meu melhor amigo, cruzes.
Ele ri de novo. Então finge estremecer.
- Desculpe. - murmuro desviando o olhar com as bochechas quentes.
Ele volta a caminhar, não tão concentrado nas pessoas e eu muito menos.
- O que te fez pensar isso? - pergunta com a voz doce.
Dou de ombro fingindo não ligar, mas estou entrando em pânico. Meu subconsciente me mandando fugir.
- Não sei. - respondo cabisbaixo sem querer evidênciar que criei paranóia baseado em um toque no ombro.
Que doidinho.
Com o canto do olho vi Jimin abanar a mão.
- Tudo bem. - diz. - Rosé me contou que você canta muito bem.
Me encolho ainda mais envergonhado. Irei ter uma séria conversa com aquela mocinha.
- Contou? - quero cavar um buraco na grama e me enterrar por que morto eu já estou.
- Sim. - responde ele sorrindo. - Fiquei curioso.
E eu fico em silêncio. Suando e com o coração martelando no peito.
- Os fins de semana são os piores para mim. - comenta diante a minha mudez.
Uno as sobrancelhas em um gesto confuso me voltando para ele.
- Por que?
Jimin caminha olhando para frente, o sol reluzindo em seus cabelos claros. As pernas brilhantes se movimentando pela pista. Os braços soltos ao lado do corpo escondidos pela camisa branca. Os lábios grossos que formavam um biquinho desproposital. O nariz, os olhos, a testa, as bochechas, o queixo. Tudo isso intensificado e abençoado pela luz amarelada. Um anjo que andava ao meu lado. Eu, realmente, estava me sentindo perdido diante de sua beleza única.
- Porque eu fico com saudade dos filhotinhos. - ele responde tranquilo se virando para mim com um sorriso estrelado em seus olhos.
Eu perco o ar.
- Você tem que me respeitar. - resmungo impulsivo arregalando os olhos em seguida.
Jimin gargalha se lançando pra frente e quase caindo, e ri mais.
- O que disse? - questiona entre as risadas.
Abaixo minha cabeça ainda mais vermelho.
- Nossa você é tão fofo. - ele murmura e eu quase desmaio.
Ficamos em silêncio até Jimin ser parado por uma dupla de garotos e eles conversarem sobre a feira e como os garotos irão só por causa de Jimin. Reviro os olhos respirando fundo.
Espero ele se despedir deles e voltamos a caminhar.
Meu subconsciente olha para trás e grita que é ele quem está andando com Park Jimin no parque. Com muita vergonha, mas é ele.
- Como está a faculdade? - consigo perguntar assim que ele volta sua atenção para mim.
Jimin sorri.
- Ótima, eu adoro. - responde esticando os braços enquanto segurava com suas pequeninas mãos os folhetos. Ele está empolgado.
- Qual curso está fazendo? - indago mesmo sabendo. Trago os meus folhetos para meu peito e me agarro a eles com medo de qualquer coisa.
- Medicina. - cantarola e sorrio. - Estou fazendo especialização para cirurgia cardíaca. - ele me olha docemente. - Quero cuidar do coração das pessoas.
Cuida do meu então.
Fico em silêncio sem saber como prosseguir a conversa.
- E você? Pensa em fazer faculdade? - ouço sua voz calma.
O sol aquece minha cabeça enquanto o anjo me olha de lado.
- Na verdade, - coço a nuca envergonhado, mirando meus tênis. - eu tranquei a minha, fazia artes.
- Nossa, - exclamou. - achei que fazia música ou algo do tipo.
Me volto para ele.
- Gosto muito de desenhar e pintar, - sorrio realmente sincero. - Namjoon e Yoongi cursam música. Mas por mais que eu goste extremamente de cantar, seria a terceira escolha que faria.
Jimin ficou calado.
- Eu nunca te ouvi falar tanto. - reflete com calma sorrindo em seguida.
Abaixo meu olhar encolhendo os ombros.
- Desculpe.
Sinto um tapa fraco em meu ombro.
- Isso é bom. - diz - Sua voz é bonita.
Um sorriso sem graça aparece em meu rosto, evidenciando meus dentes. Park Jimin está flertando comigo? Quero correr até esgotar aquele sentimento de euforia que se instalou em meu peito, batendo violentamente contra minhas costelas.
- Você está vermelho. - me informa o que eu obviamente já senti. Desvio meus olhos tentando fugir de sua vista - É realmente muito adorável.
- Pode, por favor, parar, - suplico sem olha-lo - não consigo lidar com isso.
Park Jimin ri.
- Me desculpe. - murmura - Vamos mudar de assunto então.
Fico em silencio.
- Mas tudo bem se não quiser conversar. - fala aparentemente um pouco menos animado.
Continuamos andando, enquanto eu mesmo me ofendo mentalmente por não conseguir dizer uma palavra sequer.
Fazemos todo o percurso até um dos portões do parque, em silêncio, parando os pedestres vez ou outra. Quando isso acontece, somente Jimin fala.
Estamos retornando a fonte, ainda sem trocar uma palavra.
Logo avistamos os outros conversando com mais pessoas, reconheço algumas. Lisa e sua namorada, Jennie, que parecem conhecer Taehyung. Como eu disse, todo mundo se conhece nessa cidade. Olho para Jimin pelo canto do olho para apenas observar sua carinha meio sem graça se transformar em um sorriso de olhinho. Suspiro por constatar que sou a causa da carinha triste e não do sorriso. Ele vai em direção ao pequeno grupo que eles formaram enquanto eu caminho para a outra ponta da fonte, onde estão meus amigos.
- Por que chamou ele? - sussurro para Rosé com uma irritação fora do normal.
A menina se vira, afastando-se da conversa que tinha com Namjoon e me olha como se tentasse entender o que eu digo.
- O que foi Jeon? - quem pergunta é Yoongi já percebendo o clima de tensão que provoquei.
- Eu achei que seria legal ter mais voluntários. - Rosé se explica com a voz miudinha. - Ele se ofereceu quando contei que...
- 'Tá ai teu problema Park Roseanne. - interrompi esbravejando alto trazendo a atenção do outro grupo para nós. - Você fala demais, se intromete demais.
Vejo seus olhos marejarem e seu rosto ganhar uma expressão magoada, porém furiosa.
- Jungkook... - sinto meu braço ser apertado pela mão de Namjoon
- Vou concluir que você está tendo mais um ataque de instabilidade Jungkook. - resmunga irritada.
- Isso não se trata de você, e sim da feirinha. - Yoongi fala paciente tentando amenizar a situação que provavelmente não entendeu.
Me sinto um bobo.
Claro que não é sobre mim. E eu sei que ela não tinha feito nada para me irritar. Fui um idiota como sempre.
Minha cabeça cai e já não consigo mais olhar em seus olhos.
A coragem movida pela raiva irracional tinha deixado meu corpo, e apenas restava a vergonha.
- Vou levar ele pra casa. - ouço Namjoon avisar mas assim que sinto sua mão sobre mim a afasto rapidamente.
- Parem de me tratar como uma criança.
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.
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Oi de novo.
Eu sempre sinto um nó apertar meu coração quando meu Junkie passa por coisas desnecessárias, mas que são provocadas por sua condição. Porém é algo necessário para seu próprio amadurecimento e conhecimento.
Para essa semana já acabou as att, mas semana que vem têm mais dois capítulos com mais interação Jikook e com o desfecho da "briga" dos Rosekook haha.
Revisei o capítulo, mas estou bem cansada então não sei se está bom. Irei dar uma conferida assim que der.
Ainda estou me adaptando a escrever em tempo real e não no passado como já escrevia algumas histórias antes, por isso pode haver algumas partes erradas nesse quesito e peço perdão. Estou melhorando isso.
Falei do Instagram do pessoal da fanfic e falei sério gente, eu os deixo privado e posto as coisas de acordo com o que acontece na fanfic então se quiserem é só me avisar.
Quem quiser me seguir no Twitter, não sou ativa por lá, mas lembro de avisar sobre att mais lá do que aqui. E vocês podem trocar ideia comigo lá, meu @ lá é junkiertl.
Mandem energias positivas para os meninos, mas principalmente para o Jungkook que deve estar nervoso com o que aconteceu com ele.
Vote e comente.
Até mais.

17 Minutos Depois do Pôr do Sol - JJK•PJMWo Geschichten leben. Entdecke jetzt