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Ele chegou atrasado naquele dia chuvoso.
A água escorria pela capa amarela e pingava no carpete vermelho da loja.
O moço do sorriso bonito.
Rose lia uma revista ao meu lado no balcão quando o sininho da porta soou. Ela levantou a cabeça sorrindo logo em seguida.
- Oi Jimin-ah - disse ela - que chuva ne?
O moço do sorriso bonito se aproximou do balcão de madeira.
- Nossa - murmurou - Desculpe o atraso, Rose.
A menina balançou a mãozinha no ar.
- Eles sentiram mais a sua falta que eu - respondeu.
O moço riu. E eu perdi o ar. As bochechas sempre precionavam os olhos quando ele sorria, tranformando-os em linhas finas. Era fofo.
- Para - disse - Você não vive sem mim.
Ele sorriu de orelha a orelha, evidenciando seu dentinho torto, pelo qual eu, interiormente, me derretia.
- Oh-  exclamou notando minha presença - Oi... - ele apertou os olhos um pouco olhando para o meu crachá.
- Jungkook - informei fitando os papéis ao lado do computador no caixa. Envergonhado.
- Qual é Jimin? - murmurou a garota - Jungkook começou semana passada e você ainda não decorou o nome dele?
Eu ri.
- Esqueceu que eu me esqueço das coisas? - protestou o moço do sorriso bonito - Vou vê-los.
Jimin deu um gritinho pulando e batendo palmas indo ate o hábitat dos filhotinhos para doação do outro lado.
Ele sempre fazia isso. Nao trabalhava no pet shop, nunca trabalhou, mas todos os dias ia lá antes de suas aulas para simplesmente deitar no chão do hábitat e deixar ser acariciado pelos peludinhos. Ele dizia que era uma terapia, que cuidar daquelas criaturinhas por alguns minutos no dia o desintoxicava das coisas ruins do mundo.
E eu? Eu so era o atendente de balcão tímido, que não conseguia nem olha-lo nos olhos, e que para ajudar, não era lembrado.
No entanto era fácil somente adimira-lo.
E nem é de beleza que estou falando, mesmo que Jimin seja adorável como um dia de primavera no campo. Ele era educado, sorridente e bondoso.
Quem dera eu ter tido a sorte de tê-lo em minha vida antes de tudo.
Eu poderia ter me apaixonado por Park Jimin e não por Lee Taewoo, e mesmo que não fosse recíproco, eu aceitaria somente não conseguir olhar para ninguém. Sofrer por não ser correspondido era melhor que sofrer humilhações.
Não é uma história da qual me agrado, então me perco nos carinhos fofos e quentinhos que Jimin recebe dos filhotes, que nessa semana já estão ganhando lares rapidamente.
- Quando vai falar mais que um oi pra ele? - pergunta Rose ao meu lado em um sussurro abaixando a cabeça de lado levemente.
Na mesma hora minhas bochechas coram e um risinho envergonhado escapa da minha boca quando olho para meus dedos no balcão.
- Você sabe - murmuro fingindo arrumar as canetas no potinho enquanto dou de ombros.
Ouço ela suspirar tristemente.
- Eu sei - respondeu engolindo, sua não tocou meu ombro com carinho.
Sim, ela sabia, eu não podia entregar mais meus sentimentos a ninguém. Eu estava quebrado e com medo.
E podia conviver com aquilo, com a dor do abandono e da solidão, mas não aguentaria mais uma desilusão amorosa.
- Ele não é pra mim - dou de ombros novamente me voltando para a pilha de papéis já organizados ao lado do computador - Eu não tenho nada para oferecer a um cara como ele.
Sinto os dedos dela se moverem para meu queixo o puxando suavemente para que eu olhasse em seus olhos.
Os meus sempre tristes e os delas sempre compreensivos.
- Eu entendo pelo que passa Junkie - fala baixinho evidenciando sua angústia por mim - e sempre estarei aqui para dizer o quão incrível e esforçado você é.
Repuxo o canto dos meus lábios discordando mentalmente de sua afirmação.
Eu sou tão fraco, e sei disso.
Taewoo me matou e eu estou me enterrando.
Então three litter birds começa a tocar no som da loja e eu imediatamente viro meus olhos para Jimin. Ele ama essa música. Vejo-o sentado, parcialmente de costas para nós, com um cachorrinho nas mãos e se balançando para lá e para cá ao ritmo da música.
Suspirei, ele era tão adorável.
- Vou organizar as prateleiras - informo a Rose e rodeio o balcão, entrando nos corredores, fugindo como um covarde.
Antes que ela possa dizer qualquer coisa, já estou escondido entre as latas de comida para gatos, refazendo tudo que já estava feito.
Pouco tempo depois ouço Park se despedindo dos animaizinhos então indo até o balcão.
Pela fresta entre os produtos vejo ele se apoiar na madeira.
- Eles estão desaparecendo Rose - comenta com um suspiro - Fico feliz que estejam sendo adotados, mas o que farei quando não sobrar nenhum para eu amar?
Rose gargalhou.
- Não se preocupe - respondeu - sempre tem filhotinhos disponíveis para receber amor.
Era possível ouvir os latidos e uivos miúdos vindo dos cachorrinhos.
Ele batucou os dedos no balcão alcançando um folheto em cima do mesmo.
- O que é isso? - indagou curioso olhando para o papel colorido - Uma feira?
A mulher assentiu freneticamente.
- Sim, - respondeu empolgada - a loja está organizando uma feira de adoção, castração e atrações para arrecadar dinheiro para a ONG Pequenos Anjos - continuou com um enorme sorriso - estamos precisando de voluntários, por que não participa?
Jeon não conseguia ver o rosto do homem, mas sabia que ele estava sorrindo. Jimin já era voluntário dessa ONG, e de várias outras.
- Eu irei adorar - contou com animação - não estava sabendo disso. Olha, - exclamou ainda lendo o folheto - parece que terá música também.
Park se voltou para Rose que sorriu mais desviando seus olhos para mim por um segundo. Olhei para baixo me escondendo.
- Sim - concordou - É a banda do Jungkook, ele vai ser nossa atração principal.
Corei, muito. Pude sentir seus olhos me procurando pela loja e tive que me esforçar muito para não sair correndo.
- Então tenho mais um grande motivo para ir - meu olhos se arregalaram e quase desmaie - Até mais Rose, tchau Jungkook.
O sininho soou.
Soltei o ar.
Estava um pouco tonto.
Minha insegurança e minha ansiedade colidiram em meu peito.
- Ouviu isso Junkie? - perguntou minha amiga - Um dia novinho em folha está chegando.

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17 Minutos Depois do Pôr do Sol - JJK•PJMWhere stories live. Discover now