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Todas as vezes que deito em meu quarto, tudo que está nele me faz ter recordações, algumas são agradáveis, e outras nem tanto.
Sempre houveram fotos com minha mãe, minhas com a Jae, cartazes que eles levavam nos meus shows em feiras ou no parque, desenhos que eu fazia deles, e eu sempre adorei tudo aquilo.
Mas nós últimos cinco meses de minha vida, entrar naquele lugar é uma tortura.
Minha irmã, Jeon Jaehyun, sofreu um acidente em março deste ano. E foi como o fim para minha mãe, perder a primeira filha. Solteira na criação dos filhos, carregando a administração do bar nas costas, ela não soube lidar com isso facilmente, e o bar estava prestes a fechar as portas, para sempre. E para mim, ver o corpo da minha heroína ser tapado com terra, me destruiu por completo, muito mais do que eu achei ser possível.
E foi aí que tudo desandou, eu já namorava Taewoo a quase um ano, e tudo parecia perfeito. O conheci em uma noite que toquei no bar. Ele era gentil e charmoso. Qualquer um que olhasse para gente de verdade, veria que, por cima de tudo, eramos a metade do outro.
Decidimos morar juntos em janeiro, tudo era maravilhoso, e naquela época eu não percebi o que de fato aconteceu.
Era apenas um comentário ou outro sobre minha vida, sobre meu curso não servir de nada, minhas roupas "muito infantis", minhas músicas chatas, meus amigos ridículos.
E tudo virou um inferno.
Ele criticava cada passo que eu dava e aquilo me sufocou. Taewoo me sugou aos poucos e quando eu tentava sair daquilo, ele apontava minhas inseguranças. Eu tinha medo do que ele falava, de que acontecessem. De ninguém querer um artista para contruir a vida, de passar pelo preconceito sem ter a quem abraçar.
Então, aconteceu o que culminou no funeral da minha alma. Minha Jae.
Taewoo ficou ainda mais distante, já que começou a detestar meus picos de humor, falava que eu já não era mais o mesmo e que devia superar minha irmã. Me chamou de fraco tantas vezes que não posso lembrar quando foi a primeira.
E eu acreditei nele.
Me agarrei a ele como se fosse a última coisa que me sobrou.
No entanto, dois meses depois, ele me deixou, somente com um bilhete pregado a geladeira dizendo que foi buscar coisas melhores em Seul.
Acabei perdendo o emprego que tinha em um consultório dentista, usei o dinheiro para quitar as dívidas da casa e as que estavam em meu nome. Precisei voltar para casa de minha mãe. Sai da faculdade.
Me afastei da banda.
Me isolei do mundo.
Perdi doze quilos.
Minha mãe precisou arrastar um moleque ramelento de 19 anos para o hospital, onde fui diagnosticado, depois de longas consultas com um psiquiatra, com depressão.
Desde então, toda terça às duas horas da tarde tenho consulta terapêutica, além de tomar alguns remédios.
Voltei para a música e estou lutando para superar cada dia. Esperando o próximo somente para cantar.
Mesmo que ninguém escute, mesmo que ninguém goste, eu ainda vou cantar.
E a uma semana, Rose me apresentou aol senhora Ru, dona do pet shop do centro, Em 4 Patas, e lá eu conheci mais um novo escape, Park Jimin.
O loirinho fazia faculdade de Medicina na única Universidade Soyeon, da cidade de Soyeon. Ele queria ser cirurgião cardíaco, era voluntário nos três abrigos de animais, no asilo Baek Hy-un, e visitava os filhotes do Em 4 Patas.
Jimin trabalhava de estagiário no hospital geral de Soyeon, e sempre arrumava tempo para as crianças da ala infantil.
Depois que Rose me contou sobre o que ele fazia, eu sempre me sentia fraco perto dele.
Ele era tão precioso, tão valioso para o mundo, e eu não conseguia nem pensar positivo.
Ele se tornou algo a se admirar, algo belo e distante que fazia minha mente dar voltas em torno dele, sem pensar na minha própria existência.
No entanto eu tentava, todos os dias, cumprir minha rotina.
Me animar e sorrir. Estava cada dia menos impossível, mas não significava que era fácil.
Ainda encarando o teto, eu sabia das fotos minhas e de Taewoo que se misturavam no mural, junto com as com meus amigos.
Essa semana, a Dra. Jihyo sugeriu que eu as descartasse, mas eu não conseguia, era um doloroso lembrete de minha promessa: nunca mais deixaria que o amor me tocasse.
Eu precisava me lembrar dia após dia da dor que ele me causou. De como tirou as simples coisas que me faziam feliz.
Virei minha cabeça para o lado, encontrando minha mesa/estúdio. Já fazia um tempo desde que não compunha nada. Suspirei me virando para a parede, dando as costas a tudo aquilo.
Adormeci depois de algumas lágrimas.
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Um pequetucho capítulo de apresentação ao nosso Jungkook.
O apelido dele na fanfic é Junkie, uma abreviação carinhosa de seu nome. Eu particularmente não li nenhuma história que use esse apelido, portanto não estou me apropriando e caso esteja, deixe a história correspondente nos comentários que irei até lá ler também, além de dar os créditos.
O próximo capítulo é bem longo, mas vou postar essa semana também para compensar este. Agradeço o apoio que recebi, demorei muito para criar coragem então pouca coisa vai me desanimar. Eu gosto muito dessa história é vou finaliza-la nem que seja aos tropeços.
Sobre a cidade da fanfic, ela é de invenção da minha cabeça mesmo. Tudo nela eu inventei para fazer um cenário totalmente adequado a história. Quero dar o ar de lar para ela, um refúgio doce e uma volta para a cama.
Deixarei aqui aberto (como em todos os lugares) para dúvidas e críticas. Sei que o tema de 17 minutos é muito pesado então lembro à você para parar a leitura no momento em que estiver te fazendo mal e me avisar, estou sempre a disposição para conversar. Também quero que a percepção dos personagens sobre a doença e o amadurecimento e aceitação possa ajudar alguém a lidar com as próprias questões como me ajuda.
Por último, me desculpe pelo atraso, tive uma responsabilidade de adulto que me tirou todo o tempo.
Deixe uma estrelinha se está gostando.
Até mais.

17 Minutos Depois do Pôr do Sol - JJK•PJMWhere stories live. Discover now