Passado átona

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Vê-lo tão repentinamente fora um baque ao qual eu não estava preparada, eu não estava preparada para enfrenta-lo cara a cara apesar dos anos ao qual nunca tive se quer um sinal de vida, nem mesmo uma única informação sobre si eu conseguia. O mesmo havia sumido do mundo por cinco longos e torturantes anos e hoje retornou a Tóquio como se nada houvesse ocorrido, para si não havia mesmo mas para mim fora como jogar tudo que eu tinha no chão como se não fosse absolutamente nada, pisar como fosse apenas um pedaço de lixo mas não era, aquilo era minha vida, era ao menos o restante da vida a qual eu estava reconstruindo.

ㅡ Por que você retornou.. _ Minha voz quase não saía, as lágrimas escorriam grossas por minhas bochechas. ㅡ Por que tinha que destruir minha vida novamente, seu.. seu idiota!
ㅡ Sakura.. _ A voz dele fora como uma facada, ele ainda lembrava de mim, lembrava do meu verdadeiro nome. ㅡ  Tenha respeito, não só por mim como também pelas crianças aqui presentes, garota.

Como doeu, eu já não estava mais aguentando conter-me, eu já não era forte a muito tempo e meu amparo era Itachi ao qual mantinha o olhar baixo sem expressão, parecia estar longe, seus pensamentos voavam como folhas no fim da primavera quando a brisa batia forte. Esquecendo os modos e a educação corri da cozinha rumo a suíte onde a poucas horas atrás eu sentia-me a mulher mais amada e querida do mundo, onde eu esqueci do Uchiha mais velho que tanto me perseguiu, que era o pai dos meus filhos. Joguei-me sobre a cama tendo a porta fechada, o travesseiro de Itachi estava em meus braços sendo apertado enquanto seu cheiro empreguinado no objeto adentrava por minhas narinas trazendo-me conforto. O animal da casa pulou sobre a cama onde me encontrava acabada chorando, seu ronronar era fofo enquanto aproximava-se de mim esfregando a cabeça em meu braço em busca de carinho e atenção ao qual cedi com os olhos marejados.

ㅡ Parece que entende-me.. _ Sorri levemente ao animal que deitou-se bem próximo a mim, aconchegando-se para dormir no lugar do moreno que agora estava aos gritos com o tio.

ㅡ Como tem coragem de aparecer depois de larga-la sem mais nem menos em sua casa, sozinha e chorando!

ㅡ Isso já faz cinco anos, e ela era paga para aquilo, não foi eu quem me apaixonei. Ela tinha ciência das regras e mesmo assim quis descumprir! _ As lágrimas rolavam incessantes por meu rosto, ouvi-lo declarar que o que tivemos não fora nada doeu. E caso essa garota fosse um pouco esperta teria visto que o contrato acabava aquele dia pela tarde, ela quis me dar por ser uma vadia qualquer em busca de alguém que a banque, e você foi o sorteado.

Aquelas palavras doeram mais que uma punhalada em meu coração, ele já estava com falhas, rachado e com buracos aos quais o sangue já escorria sem parar. Novamente eu apenas servi como um brinquedo, talvez essa seja a serventia original de uma Suggar baby, ou ao menos era a minha serventia. A porta do quarto fora aberta com calma revelando um moreno com os olhos marejados e traços de choro pelo rosto, a porta foi fechada novamente e o vi caminhar até a cama a qual sentou-se recostando na cabeceira da cama, suas mãos ajudaram-me a aconchegar-se a seu peito onde mais uma vez eu choraria, mais uma vez eu despejaria minha dor e sofrimento em suas roupas em forma de lágrimas grossas. Por mais que estivesse sentindo-me protegida algo em mim dizia que aquilo não era verdade, algo estava incomodando-me e eu negava ser meus filhos frente à frente do pai biológico, eu negava o medo de que ele levasse meus meninos para longe de mim e de Itachi. Os pequenos sempre foram criados cientes de que o pai de ambos os gêmeos havia sido um homem ao qual eu havia conhecido e "namorei" e que deixou como presente os pequenos em meu útero antes de sua partida, não sabiam qual era o homem assim como também não sabiam nem se quer seu nome. Chamavam o moreno de traços de pai por que fora realmente o pai que eles tanto queriam, presente, amoroso, brincalhão e acima de tudo amava-me, ambos sentiam-se bem com a presença do mais velho e começaram a chama-lo assim. Quando Iroshi disse em uníssono com Kiashi o coração do moreno quase parou assim como o meu, senti-me imensamente feliz com aquele dia. Com os pensamentos longe nem vi quando meus pequeninos adentraram o quarto curiosos vendo-nos juntos, ambos caminharam até a cama a qual subiram e sentaram-se em nosso meio recostado sobre mim e Itachi que sorriu ao ver o garotinho de madeixas rosadas pegar o gato que dormia tranquilo em mãos puxando-o para o meio dele e seu irmão dando atenção e carinho ao animal que não gostava do aperto mas mantinha-se ali. Um sorriso triste formou-se em meus lábios, realmente temo pelo pesadelo de Iroshi não ter sido apenas um sonho ruim mas sim a confirmação do futuro ao qual eu queria distância.

ㅡ Mamãe? _ Chamou Kiashi olhando com seus olhinhos verdes em minha direção. ㅡ Não chora, papai já deu um jeito no moço grande que chegou aqui! Papai é um herói!
ㅡ É? E o que seu herói fez? _ Perguntei sentindo-me levemente aliviada com meu pequenino, mas algo em Iroshi estava deixando-o estranho, desconfiado, e isso não passou despercebido dos olhos analistas de Itachi que apenas olhou pra mim com um balançar negativo de cabeça. Ele iria conversar com o pequeno depois, saber o que estava acontecendo e o que o mais velho tanto estava temendo.
ㅡ Ele brigou com o homem alto e disse que era para ele se retirar ou iria levar um chute no bumbum! _ Disse fechando a mãozinha direita em forma de punho. ㅡ E eu iria ajudar o papai!

Ver o sorriso majestoso nos lábios de Itachi fora cativante, beijei o topo da cabeça de todos homens ali presentes antes de levantar-me e levar os garotos para um banho, que a contra gosto e cheio de reclamações durante o percurso, ainda aceitaram e ficaram limpos para o almoço desgostoso que teríamos, não apenas pela presença inesperada de hoje como também o passado que veio átona novamente, cavando um buraco fundo para que a armadilha fosse preparada, alguém iria cair mas a questão era; quem seria?

Sugar Daddy - ɴᴀ̃ᴏ ʀᴇᴠɪsᴀᴅᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora