O que é Meu

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A enfermeira adentrou a sala com uma pequena prancheta em mãos, os óculos vermelhos combinavam com seus cabelos até pouco abaixo dos ombos; seu olhar percorria das palavras impressas no papel aos aparelhos desligados.

ㅡ Senhorita Haruno, anda se alimentando adequadamente? ㅡ Questionou firme enquanto analisava o corpo magro da mulher.
ㅡ Sim...
ㅡ Creio que não devo acreditar em suas palavras. ㅡ Suspirou ruidosa. ㅡ Seu desmaio foi causado por enfraquecimento e estresse. Alimente-se melhor caso contrário ficará com anemia, consulte um psicólogo caso esteja enfrentando problemas.

Com o olhar baixo, Sakura manteve-se calada. Sabia que estava errada, pulando refeições, dormindo poucas horas durante a noite e afundando-se em bebida alcoólica - mesmo que em pouca quantidade -. Torcia para que a enfermeira não percebesse que estava bebendo, no entanto era óbvio que seria descoberto. Rogava aos céus que ao menos a mulher de cabelos ruivos não dissesse nada na frente dos outros.
A porta do quarto fora aberta bruscamente por dois pequenos seres esbaforidos que choravam, apesar da repreensão vinda de Madara os meninos apenas ignoraram o pai e correram de encontro à mãe.

ㅡ Meninos, que saudade! ㅡ Sorriu encarando as crianças olhando-a com um biquinho.
ㅡ Mamãe, você tá bem? ㅡ Questionou o pequeno garotinho de madeixas róseas. ㅡ Ficamos preocupados, mas papai falou que você tava bem e te trouxe para o hospital.
ㅡ Você ficaram com a Tia Ino? ㅡ Ambos balançaram a cabeça em afirmação, fazendo Sakura rir. Agora entendia o motivo de ambos entrarem com pressa e afobação.

ㅡ Senhorita, sugiro que pelo bem dos pequenos pare de ingerir bebidas alcoólicas. ㅡ Olhou com uma pequena lantera os olhos da Haruno enquanto falava serena. ㅡ Lhe darei alta, vejo que já está se recuperando, alimente-se bem.
ㅡ Obrigada.

A mulher saiu deixando o homem de longos cabelos escuros adentrar o quarto, encarando em silêncio a troca de carinhos entre Sakura e os pequenos, desejava fazer parte. Um suspiro forte, foi o suficiente para chamar a atenção da Haruno que colocou-se de pé.

ㅡ Podemos conversar?
ㅡ Claro, mas antes levarei as crianças para Ino. ㅡ A mulher acenou positivamente com a cabeça enquanto olhava ao redor buscando suas roupas. ㅡ A Yamanaka achou melhor trazer roupas novas e limpas. Vamos meninos.

A porta fechou-se restando apenas seus pensamentos, o cômodo estava silencioso porém ao mesmo tempo barulhento. Seus pensamentos inundavam sua mente, estava nervosa e mesmo tendo-o proposto uma conversa não sabia quais perguntas fazer. Não podia apenas jogar as informações sobre ele como estava prestes a fazer, precisava pensar e ser meticulosa em questão às perguntas, mesmo temendo ouvir as respostas.
Assim como ela, a mente do moreno mantinha-se em ativa formulando perguntas: Por que decidiu ficar com Itachi? Por que não contou sobre os filhos? Por que o fez relembrar durante todos esses anos os momentos que viveram? Por que ela o havia afetado de uma forma tão fácil? Por que tornou-se tão fraco quando se tratava dela?
Ele sabia que ela não teria essas respotas, ou boa parte delas.

Divagando em pensamentos não ouviu o celular tocar repetidas vezes em seu bolso, com a mente longe e os olhos vagando pelas paredes brancas do hospital sentiu apenas uma pequena e quente mão segurar a sua. Sua visão encontrou o pequenino Iroshi, a miniatura cópia de sua mãe; seus cabelos róseos estavam por sobre os ombros, aparentando o descuido de sua jovem aparência. Quanto mais tempo passava ao lado dos filhos sentia seu coração aquecer-se com os laços que vinham firmando, apesar da personalidade dura e irreversível de Kiashi, ainda sim sentia-se mais próximo ao garoto. E isso o alegrava, e muito.

ㅡ O celular... ㅡ Disse Iroshi apreensivo e contente, entre ambos gêmeos ele era o mais expressivo. Suas emoções eram facilmente lidas e seus atos eram genuínos e inocentes, assim como deviam ser.

A chamada no visor não lhe trazia tanta alegria, apesar de relutante em ignora-la decidiu atender mesmo que a contra gosto, afinal, assim como encontrava-se a alguns bons minutos atrás Itachi não estaria diferente. Vendo Ino logo a frente, apontou para a mulher enquanto ambos meninos o olhavam interrogativos, apesar de bem educados ainda eram crianças. Viu a mulher vindo de encontro com eles e com um acenar leve de cabeça retirou-se rumo à saída, o barulho ao fundo da chamada denunciava a atual situação dos sobrinhos.

ㅡ Madara, ela está bem? ㅡ O desespero na voz masculina era evidente e àquilo incomodava, como incomodava.
ㅡ Sim, irá para casa em breve. ㅡ Manteve-se neutro, não era necessaria grandes informações, afinal, ele já não era importante.
ㅡ Avise quando ela chegar, irei vê-los.
ㅡ Itachi, não insista. ㅡ Suspirou, encostou as costas na parede gelada enquanto puxava do bolso um cigarro. ㅡ Não sou um homem de muita paciência, já nos resolvemos a algum tempo.
ㅡ Não serei ameaçado, Madara. ㅡ Manteve-se em silêncio por um breve período de tempo. ㅡ Só desistirei quando ouvir de Sakura que realmente devo ir embora.
ㅡ Isso não irá demorar... ㅡ Com o pé encostado na parede e o cigarro já aceso entre os dedos, riu de canto enquanto dava uma tragada forte. ㅡ Itachi, isso não é pessoal mas não admito que fiquem com o que é meu.
ㅡ  Que um dia já foi seu, não seja um hipócrita. ㅡ Disse calmo enquanto suspirava. ㅡ Sakura não é sua!
ㅡ E nem sua... ㅡ Riu ouvindo o Uchiha mais novo gargalhar ao fundo, Sasuke não havia mudado e mesmo odiando ver Itachi daquela forma deplorável ainda tiraria sarro do Irmão. E e hoje já sendo homens, ainda eram os mesmos moleques de anos atrás. ㅡ Enfim, preciso desligar.

Antes de ouvir uma resposta desligou a chamada, olhando para o céu nublado terminou de tragar o cigarro. Suspirou desgostoso e jogou a bituca ao chão molhado pisando com a sola do sapato caro que calçava.
Olhando para a porta do hospital viu Sakura acompanhando Ino e as crianças, ela estava bonita nas roupas de inverno apesar de não estar na época adequada, sua calça jeans clara contrastava com sua blusa de moletom preta que acompanhava a touca de lã também na cor preta. Mesmo que não tenha dito nada sobre tentar conversar com Sakura para Ino, a mulher aparentava saber, era um tanto quanto incômodo ver a loira lhe olhar receosa e com a cara amarrada, mas ainda sim, escolher uma roupa tão bonita e arrumada para a Haruno. Aquela loira de fato era estranha.

ㅡ Vamos crianças? ㅡ Questionou enquanto caminhava rumo ao carro estacionado frente ao hospital.
ㅡ Não, vamos ficar com a mamãe! ㅡ Gritaram enquanto agarravam-se nas pernas de Sakura que sorria contente, por um leve momento desejou que os outros ao redor não olhassem para aquele lindo e majestoso sorriso.
ㅡ Vão com a Tia Ino, mamãe tem coisas para resolver com seu pai. ㅡ Abaixou-se na altura do pequenos e beijou a testa de ambos meninos que mesmo empurrados sorriram e abraçaram a mulher de cabelos róseos.

Vendo como uma oportunidade, Madara apenas aproximou-se mesmo temendo atrapalhar ficou ao lado da Haruno e afagou a cabeça dos pequenos que o olharam. Abaixando-se, olhou para Sakura e segurou em sua mão enquanto olhava para os pequenos.

ㅡ Vou roubar ela um pouco, mas prometo que quando voltar trago doce. ㅡ Afagou a cabeça de Kiashi, que apesar da expressão emburrada acentiu positivamente.

Levantaram-se e esperaram Ino sumir entre os carros para enfim iniciarem sua caminhada, não tinham um lugar específico para ir; tão pouco um especial. Apenas caminhariam sem rumo enquanto buscavam iniciar sua tão longa conversa.
Agora já não adiantava voltar atrás, os quase seis anos que viveram separados, escondendo segredos e fugindo da verdade por fim iria se findar. Apesar de tão próximos mantinham-se distantes; talvez pelo tempo ou pelos segredos, mentiras e dúvidas. E mesmo que desejassem jogar tudo sobre a mesa, lhes faltava coragem. Coragem para começar a falar, coragem para relembrar o passado, coragem para mexer em uma ferida já cicattizada, coragem para novamente retomarem de onde haviam parado - se é que realmente era possível.


ㅡ X ㅡ


Olá amores, finalmente apareci.
Bem, ando correndo contra o tempo e a criatividade vem faltando a algum tempo, mas estou me esforçando.

Como estou parada, talvez algumas coisas fiquem confusas ao terminarem esse capítulo. Exemplo disso é a recaída da Sakura pela bebida, os cabelos do Iroshi estarem grandes, o Madara estar fumando e o tempo em que a Sakura permaneceu desmaiada.
Enfim, esses são apenas alguns, mas creio que terá mais. Espero que não afete muito a história, afinal, isso não terá uma grande importância no que vem por aí.
Apenas vim anunciar minha volta - qua ainda não é fixa -, e deixar claro essa partezinha.

Espero que tenham gostado, até o próximo capítulo!
:3

Sugar Daddy - ɴᴀ̃ᴏ ʀᴇᴠɪsᴀᴅᴏWhere stories live. Discover now