36. Carta de Coragem

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– Aquilo foi... Incrível – Sierra diz após dez minutos minutos dirigindo em total silêncio mórbido.

Tínhamos escapado da mansão Cornell antes que ameaçassem chamar a polícia. Ninguém teve coragem de falar alguma coisa, principalmente eu, que não sabia de onde surgiu tanta coragem e força para falar tudo aquilo, mesmo que o preço a se pagar fosse sentir algumas dores pelo esforço.

Sou obrigada a levantar a cabeça, antes encostada no vidro do carro, e encara-la, para ter a certeza que aquelas exatas palavras saíram da boca de Sierra Mitchell. Eu esperava que esse tipo de coisa saísse ou de Ryan, ou de Noah.

– Por que estão todos olhando para mim? – ela esbraveja assim ao parar no sinal vermelho.

– Você não é de elogiar – Noah constata no banco de trás – para ser sincero eu nunca ouvi alguma coisa saindo da sua boca, além de deboche e veneno.

Sierra se vira para mim, ao seu lado, e depois para Ryan, logo atrás de mim, procurando com seus olhos amendoados algum tipo de ajuda, um sinal de compaixão, que discordássemos de Noah e tomado partido em sua defesa.

– É o momento de você me defender, Ryan – Sierra exige e é obrigada a continuar quando o sinal abre.

– Ele não está mentindo – Ryan dá nos ombros – sinto muito, mas tenho que concordar depois de tanto menosprezar minha amizade com o seu amor cruel.

Sierra me encara.

– O que foi? – indago – Você vivia me chamando de sem sal e agora quer que eu a defenda?

– Vocês três são péssimos amigos! – Sierra reclama arrumando o cabelo e ficando mais ereta no banco e a palavra amigos, vindo dela, faz um enorme sorriso brotar em meu rosto – Eu só queria falar que aquilo tudo foi bem corajoso.

– E dolorido, fisicamente e mentalmente – desabafo e ao invés de Sierra virar à esquerda, para voltarmos para o colégio e ela devolver o carro roubado, noto que ela está tomando outro caminho – eu não perguntei porque não estava no clima, mas... Para onde estamos indo?

Ryan e Noah dão uma risadinha no banco de trás, quando viro para confronta-los, eles imediatamente fingem seriedade, mordendo os lábios para se conterem... E fracassam miseravelmente nessa tarefa, até mesmo Noah, que por ser ator em ascensão, deveria desempenhar um papel melhor.

– Não está reconhecendo o caminho? – Noah pergunta indo um pouco pra frente, sua cabeça loira entrando no meu campo de visão – Qual hospital está mais próximo dessa área?

Meu coração salta do peito.

– Vocês... – começo a protestar, eu tinha dito muita coisa enterrada dentro de mim no dia de hoje, mas encarar Logan... Eu não sei se conseguia, já tinha gastado todas as minhas forças com Tyler e todas as lágrimas com os meus pais.

– Planejamos fazer isso, sim – Ryan acena positivamente e eu arregalo os olhos, procurando uma explicação melhor com Sierra e Noah, que apenas riem.

– Olha, Jackie, você...

Sierra Mitchell – todos os pelos do meu corpo se arrepiam num segundo, olho para trás e encontro a origem daquele som tenebroso: uma viatura logo atrás do carro, com as sirenes acesas – por favor, encoste o carro ao meio fio.

– Aquilo é a polícia? – Ryan gagueja – Sierra você disse que ia ser seguro!

– Ela roubou um carro! – Noah rebate Ryan – É claro que não ia ser uma boa ideia!

– Droga! – Sierra reclama e vira o pescoço até o mesmo estalar – Apertem os cintos, crianças, a coisa vai ficar perigosa... Vamos brincar de Velozes e Furiosos agora.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Where stories live. Discover now