18. The Cure

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Infelizmente, acordo do meu sono quase profundo quando eu bato a cabeça no vidro do carro pela terceira vez. Depois disso, eu desisto de tentar recuperar o meu atraso dos dias que não consegui dormir direito.

– Jackie, você tem dormindo direito? – minha vó pergunta ao meu lado após me ouvir bocejar e espreguiçar todo o corpo.

– Estou com um pouco de insônia, só isso. – minto com um sorriso e pego a minha vitamina na minha bolsa.

Meu dia sempre começava com a buzina irritante e insistente de Noah, fofocas sendo colocadas em dia, conversas divertidas e cheias de palavrões, mas não hoje. Tinha se passado alguns dias após o acontecimento da festa, em plena quinta feira e eu precisava pedir para minha avó me levar a escola porque eu e meu melhor amigo não estávamos nos falando.

Minha avó tinha percebido isso e, além disso, também descobre que eu ando dormindo mal. Talvez meu sono não esteja em dia por causa dos meus horários que eu tinha mudado desde semana retrasada, tenho caminhado com mais frequência, comecei com algumas aulas de treinamento físico pela internet e natação todos os dias para acabar com todas as minhas forças nadando.

Só sobrava tempo para os estudos a noite e como eu sou extremamente teimosa, eu me impedia de dormir enquanto não terminasse de revisar tudo que eu tinha programado no dia.

– Você e Noah brigaram? – minha avó me aborda sendo curta e direta.

– Talvez... Quando começou a levantar as suas suspeitas? – a desafio, seus cachos brancos sacudindo enquanto ela ri da minha pergunta.

– Domingo – ela responde e olho para ela, com os olhos arregalados – você e eu conversamos muito, Jackie e um dos seus assuntos preferidos, é sobre Noah, pequenos momentos entre os dois que parecem preencher você, que faz você sorrir todos os dias e domingo, depois do seu colega ir embora de casa, eu esperava que me contasse alguma coisa que Noah fez ou falou que a fez rir, alguma coisa da festa, mas não aconteceu nada... E foi isso que me fez suspeitar que tinha sido algo com ele.

– Você é boa – aponto para ela que sorri orgulhosa – nós brigamos na festa, eu... Meio que estou errada.

– Meio?

Eu conto toda a história da minha avó durante o percurso até a escola, ela fica um pouco surpresa com os eventos da festa e quando termino, sem falar da parte do carro com Tyler, ela está ainda meio espantada.

– Talvez eu esteja bem errada – continuo a falar e cruzo os braços em frente ao peito – eu mandei várias mensagens para ele, mas nenhuma resposta... Eu o vejo no refeitório com o clube do teatro, rindo, se divertindo enquanto eu tenho que ficar em um canto emburrada com os atletas. Eu não sei o que fazer, ele não vai me desculpar, ele odeia mentiras e eu fiz exatamente o que ele mais odeia.

– Ele também não foi o mais gentil com você – minha avó aconselha e fica pensativa por um tempo – os dois estão errados, mas isso me fez lembrar uma vez que vocês brigaram, quando ainda eram pequenos, porque você contou ao menino que Noah gostava sobre a paixão secreta que nutria por ele, sem a permissão dele.

– Eu tinha treze anos e não sabia dessa regra, só tentei ajudar eles... Mas deu um pouco errado, uma criança chocada, Noah revoltado comigo e até hoje agradeço o garoto não ter contado nada para as professoras, por ter guardado em segredo, caso contrário... – comento ainda arrependida por tê-lo feito, se os pais de Noah descobrissem sobre a orientação sexual do filho com certeza não estaríamos juntos na mesma escola, como hoje – Eu sou terrível.

– Eu entendo porque ele está chateado, mas não é só por isso – minha vó explica – quando fomos levar você a festa do aniversário do seu namorado, eu e Noah conversamos muito no caminho para a casa dele, já que eu o deixaria lá. Deu pra perceber que Noah não se conecta com a família de jeito nenhum e nem é pelo fato dele gostar de garotos, mas porque são extremamente diferentes... E você, Jackie, é como se fosse a família para ele, a única pessoa que ele confia e colocaria a mão no fogo. Noah é um garoto muito fechado em relação aos seus próprios sentimentos, até você aparecer e ele se abrir de verdade, despejar todas as cores e ser ele mesmo, como deve ser, sem pudores ou restrições. Você é como o sol, o centro de tudo e a coisa mais importante para ele.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora