33. Baile de Inverno

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Alguns meses depois

Eu tinha saído do vestiário feminino, tentando secar meu cabelo, quando Barbs me abordou, não nego que ela era última pessoa que eu esperava dar de cara após uma chuveirada para relaxar os músculos por causa dos treinos. Por estar exausta, mal prestava atenção as coisas ao meu redor e quase cai para trás.

– Barbs, você não aparece do nada para conversar com as pessoas! – reclamo bem humorada e massageio a testa já sabendo do que se trata – E eu sei o que você vai falar, amanhã é as preliminares, tenho que estar pronta as oito, são quatro horas de viagem até Atlanta, para chegar lá no máximo duas horas da tarde, porque minha modalidade começa as quatro da tarde para não haver nenhum imprevisto ou atraso no cronograma e...

– Eu fico feliz que tenha guardado minhas instruções, Jackie – Barbs dá uma risada após me ouvir repetir detalhadamente toda as instruções que ela me deu quando saiu os horários das competições, semana retrasada.

– Obrigada, coloquei três relógios para despertar as sete da manhã, amanhã, não existe pessoa mais preparada para as preliminares do que eu.

– Não é para isso que eu estou aqui, vamos para minha sala, precisamos conversar.

– Que ótima maneira de me sentir melhor. – falo ao sentir uma tremedeira pelo corpo todo.

Eu não nego que estava bem nervosa para amanhã, é a primeira vez que eu saio da minha cidade para participar de uma competição de alto nível, as nacionais, competindo com o país inteiro. Depois das preliminares, que iria eliminar vários outros competidores da lista, se houvesse algum desempate haveria novas competições, mas no fim, só aqueles que tiverem os melhores tempos competiriam de verdade.

E eu tive pesadelo com isso, olheiros da faculdade de Michigan vão estar nas nacionais, quem sabe até nas preliminares se eu tiver sorte, para mostrar tudo o que eu tenho e o que eu batalhei durante um ano para conseguir, não só pela competição, mas por mim mesma, melhorando para me superar, sempre.

Quando chegamos à sala de Barbs, ela puxou uma cadeira para que eu sentasse, de frente para sua mesa e puxou outra, para ficar ao meu lado, com um caderno grosso da mão que ela tirou do fundo da gaveta do seu armário.

– Após um ano, rumo as nacionais – Barbs abriu o caderno, para uma folha rosa com números com datas na frente – e esses são os seus números.

– Está me deixando ver os meus números? – falo boquiaberta – Você nunca me deixa ver meus próprios números.

Quando encaro os últimos meses, vejo que é uma montanha russa que subia e descia em forma de números, em tempo. Todavia, um sorriso brota nos meus lábios quando novembro, dezembro e janeiro foram os meses que mais cresceram, mesmo com a aproximação a competição que eu tanto esperei.

– Não, mas você meio que mereceu, pelo desempenho que teve até hoje e também... – ela passa o dedo pelos números – Acho que você deve se orgulhar pelo que fez até agora. Nas últimas semanas, você está bem concentrada, fiquei com medo da aproximação das preliminares e você decair por conta do nervosismo, mas aconteceu o contrário, acredito que você esteja lidando bem com a pressão.

– Eu tenho trabalhado nisso – confesso para ela – tive alguns pesadelos com a competição, mas, eu mantenho minha cabeça sempre ocupada, sempre arrumo novos afazeres, estudar para as provas de admissão nas universidades, provas da escola... Acredita que eu entrei em um clube de pintura? Eu sou péssima, mas me ajuda a relaxar.

Barbs dá uma risada e fecha o caderno, entregando em minhas mãos, como se fosse um presente que eu esperei por muito tempo.

– Leve para casa, para dar uma olhada, nesse caderno tem alguns desempenhos meus, antes do acidente, vai perceber que não é tão diferente do seu.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Where stories live. Discover now