26. Jaqueta Vermelha

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No final das primeiras aulas, durante o intervalo de almoço, eu estava em um lugar que eu jamais pensaria estar por vontade própria e sem a companhia de Noah : nas arquibancadas com os amigos idiotas de Tyler que fumavam maconha. Não troquei muitas palavras com os cinco garotos que estavam ali, por não ser íntima e não estar com a mínima vontade de socializar com aquela espécime. E eu tinha toda a razão de agir dessa forma indiferente e grosseira, afinal, de vez em quando eles me encaravam pelo canto do olho e cochichavam sobre as fofocas que corriam soltas pelo St. Martin.

Nessas situações, eu me pegava imaginando como seria se eu fosse como Logan Sanders, ignorar o que diziam sobre mim, saber filtrar as fofocas que eu ouvia por acidente, aceitar que eram mentiras sem fundamentos algum e conviver com as imagens que criaram sobre mim sem me importar... Mas eu, simplesmente, não conseguia, por mais que eu tentasse. Eu sempre fui uma pessoa exigente, estou me julgando, me criticando, me cobrando muito e ouvir mentiras sobre mim me deixava à beira de um precipício, a ansiedade logo atrás, me empurrando lentamente em direção à para uma queda mortal.

Eu já tinha ouvido de tudo, sobre eu ter transado com Logan no carro, sobre eu estar traindo Tyler antes de ir para o St. Martin, sobre Logan e eu estarmos flertando descaradamente durante as aulas de literatura (mesmo sentando cada um em um polo diferente da sala), que eu era uma vadia, uma vagabunda, uma puta, uma traidora, sem caráter algum, que deveria morrer pelos meus feitos, otária e burra demais por fazer isso com um cara maravilhoso como Tyler Conell, uma imbecil que trocou o cara mais desejado de St. Martin por um ex-detento sem futuro.

Havia até rumores que eu estava grávida de Logan e que chegamos juntos na escola porque eu fui numa clínica abortiva para me livrar da criança! 

A imaginação fértil dos alunos do St. Martin me assusta.

– Ei!

Eu quase caio para trás quando um corpo senta ao meu lado de repente, eu me tremo, entretanto, consigo relaxar um pouco mais, extremamente grata quando percebo que é apenas Sierra. Com seu perfume adocicado de sempre, a saia vermelha curta de líder de torcida e o sorriso brilhante da garota número um do colégio.

– Você está bem? – Sierra arqueia as sobrancelhas alinhadas com o meu susto.

– Acho que sim – desabafo sem que eu perceba, talvez eu esteja passando tempo demais com Sierra Mitchell, descobrindo mais sobre seu verdadeiro eu e agora, após muito tempo, finalmente consigo me sentir à vontade ao seu lado.

– Pois não deveria, nem um pouco, esperava encontrar você chorando miseravelmente em algum canto, porque eu andei ouvindo umas coisas bizarras sobre você. – Sierra responde abrindo uma garrafa de suco, sem se importar com as palavras – Até me contaram que você liberou atrás para Logan mas nega a liberar para Tyler, ninguém esperava que uma garota certinha como você fosse capaz disso e...

Eu não escuto o que Sierra diz em seguida, estava ocupada demais sentindo um soco no estômago me obrigando a voltar a realidade. Não queria acreditar que ela tinha se sentado ao meu lado para vir falar essa montanha de merda.

– Sierra. – viro para ela, extremamente irritada,  assustando ela e a mim mesma com meu tom de voz sombrio – Você é desagradável assim de propósito ou é da sua natureza? Veio junto com pacote de garota propaganda do St. Martin ser insuportável assim?

Sierra fica boquiaberta, tão chocada que começa a rir achando que é algum tipo de brincadeira estúpida. Ela nunca me levaria a sério, ela parecia escolher o que levar a sério ou não.

– Calma, Jackie. – Sierra reclamou revirando os olhos – Quanto mal humor, eu só estava dizendo sobre os  boatos e...

– Você estava sendo desagradável, Sierra, é isso que você estava sendo! – reclamo me levantando – E meus parabéns, você é ótima nisso!

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt