31. Cúmplice

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– Droga, droga, droga.

Depois de quatro anos, nenhuma nota baixa, trabalhos impecáveis, pontualidade excepcional, postura invejável e uma boa conduta... Eu tinha me atrasado para a aula. Fico pensando nessa marca no meu currículo: uma aluna com um excelente desempenho, se atrasando? Com certeza, ficaria, pelo menos, marcado na mente dos professores.

E tudo isso tinha um culpado: Noah Harris.

Ontem à noite, após voltar para casa, ele e minha avó acabaram percebendo algo diferente na atmosfera, de acordo com Noah: eu estava feliz demais, risonha demais, como se estivesse flutuando nas nuvens, praticamente.

E Noah é bom em tirar informação dos outros e no meio da noite, conseguiu extrair o fato que eu e Logan nos beijamos na piscina do clube de natação.

Meu melhor amigo deu um grito tão alto que minha avó apareceu na porta com um taco de beisebol, achando que tinha entrado algum ladrão em nossa casa. Desfizemos o mal entendido, mas fui obrigada a dar todos os detalhes e ficamos até de madrugada conversando com meu amigo com duas gatas no colo.

Resultado: atrasada para aula por falta de um alarme decente e um Noah que não colaborava em acordar de forma alguma.

Por sorte, consegui ver a senhora Bridget entrando na sala no momento em que cheguei a aula de literatura. Ela me viu, toda sorridente e querendo desesperadamente que ela me deixasse entrar, implorando para que não fechasse a porta na minha cara.

Ela me fuzila com o olhar, mas no fim, me deixa me entrar.

Uma coisa que a professora de literatura odiava, além de conversa paralela na aula e bajuladores de plantões, é atrasos.

– Me desculpe, senhora Bridget – lamento assim que ela fechou a porta e impediu que outra garota entrasse – Eu...

– Podemos falar sobre seu atraso depois, senhorita Rivera, sente-se no seu lugar que eu tenho um comunicado importante – ela responde educadamente, mas com uma pontada de ironia.

– Tudo bem. – concordo sorridentemente, sentindo meu coração pular.

Eu estava prestes a desmaiar pela falta de fôlego, eu e Noah corremos feito malucos pelos corredores do St. Martin, caso contrário estaríamos do lado de fora de nossas salas, nos lamentando. Pelo menos, eu estaria me lamentando.

Quando me viro para ir até o meu lugar, eu quase tenho um infarto de verdade somado a minha maratona de corrida.

Logan Sanders está sentado na frente.

Ele sempre se sentava no fundo da sala, muito bem escondido, mas hoje, justamente hoje, está na segunda carteira da primeira fileira, logo atrás da carteira em que sempre sento e ninguém tem a ousadia de tomar o lugar.

– Senhorita Rivera? – a professora me encara com os olhos arregalados – Vai se sentar ou não?

Todo mundo solta uma longa gargalhada e com a cabeça abaixada, tomada pela vergonha, corro até sentar em meu lugar. Saber que Logan estava atrás de mim impedia a minha recuperação de oxigênio, no momento, parecia impossível

Ouço-o movimentar atrás de mim, os pés apoiados na minha cadeira, chegando a cadeira um pouco para frente.

Eu iria ter um infarto, bem ali, com certeza teria.

– Como vocês sabe, foi pedido um trabalho para vocês bastante minucioso sobre um clássico escolhidos por vocês mesmos e se lembram que além da nota, haveria um bônus para o melhor trabalho da sala – a professora tira dois ingressos de dentro do caderno – dois ingressos para qualquer filme que esteja passando no cinema e cinco pontos extras... – ela se coloca bem a minha frente, me entregando um dos ingressos e outro para o garoto atrás de mim – Parabéns, Jackie e Logan, vocês fizeram o melhor trabalho da sala.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Where stories live. Discover now