21- Really Needed To Think About

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Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis horas se arrastaram enquanto eu dormia. Acordei e Vero riu, me perguntando se eu não queria dormir mais, já que ainda faltavam cerca de dez horas para chegarmos ao nosso destino. Me desculpei por ter sono pesado e ter dormido sem querer. Ela riu novamente e disse que não havia problema. Prometi que me manteria acordada agora e lhe faria companhia.

Vero começou a me contar histórias de aventuras que houve com Lauren. Do quanto elas aprontavam no primeiro ano antes de terem que fugir e de como foi difícil, ter que parar tudo logo no meio do segundo ano, mas ao mesmo tempo ótimo, quando elas passaram cerca de dez meses planejando o que fazer.

-Quais são os sobrenomes de vocês? -Perguntei e Vero riu.

-Tenho certeza que você já sabe que "Jauregui", não é o verdadeiro sobrenome da Lauren. -Pigarreei e ela logo entendeu como uma afirmação a sua fala. Prosseguiu. -O meu realmente é Iglesias, o da Lucy também é Vives, e o da Alexa, é Ferrer. É como se estivéssemos brincando de casinha, é legal. -Ela sorriu.

-E Chris, Taylor, e Lauren?

-Morgado. -Franzi o cenho.

-Como?

-Lauren Michelle Morgado. Chris e Taylor Morgado. É o sobrenome deles. -Ela me olhou por um segundo e eu balancei a cabeça, informando-a silenciosamente de que havia entendido.

-Da onde saiu a ideia do "Jauregui"? -Veronica gargalhou e eu me remexi no banco do carro, mudando de posição para não acabar dormindo de novo.

-Todas temos descendência mexicana, inclusive Lauren, así hablamos muy bien el español (assim, falamos muito bem o espanhol). -Vero sorriu e foi inevitável não sorrir junto com a morena. -Certa vez que ela viajou para Guatemala, quando voltou, não parava de falar de lá, começamos a chama-la de "Lauren Guatemala". -Riu de novo. -Ela se irritou e inventou um sobrenome. "Jauregui", dizendo que preferia mil vezes ser chamada assim do que de "Guatemala". E então..

-Então vocês continuaram a chamando de "Lauren Guatemala", e depois que ela teve a chance de escolher um sobrenome, não hesitou em escolher "Jauregui". -Sorri para Veronica e ela colocou seus óculos escuros, já que estava amanhecendo.

-Você parece boba, mas só parece mesmo. -Ri.

-Qual o sobrenome dos outros agora? -Perguntei.

-Taylor, Iglesias. Alexa, Ferrer. Chris, Vives. E minha, Lucy Vives. -Suspirou.

-Por que o Chris tem o sobrenome da Lucy, e a Taylor o seu?

-É como se fossemos irmãos.

-É, vocês definitivamente pensaram em tudo.

Após quinze horas dirigindo, podia apostar que Veronica já estava tão cansada, e talvez até muito mais do que eu, talvez não, com certeza estava, ainda mais considerando que eu dormi no caminho, e ela nem isso. Paramos em um albergue em Galveston, que eu supus ser próximo ao nosso destino, já que finalmente estávamos no Texas, e, depois de almoçarmos às três horas da tarde, Veronica subiu para o quarto que alugamos, alegando que precisava dormir um pouco, e que as seis horas sairíamos de novo e era pra eu estar pronta e já no "hotel".

Eu não ficaria em um quarto de hotel em Galveston por três horas. Pedi o relógio de pulso de Vero emprestado e me retirei. O Texas era um estado incrível, e estávamos a poucos metros do mar. Sai andando pela orla e tive o prazer de ver inúmeras coisas legais e milhões de pessoas felizes. Serviu para me distrair. Sem contar que sempre achei interessante observar a felicidade alheia e tentar descobrir o por que de estarem assim, tão felizes consigo mesmo e tão de bem com o ambiente e as pessoas ao seu redor.

Caminhei atenta a paisagem deslumbrante a minha frente até o final da orla, e lá já parecia deserto. Ainda se ouvia o barulho dos carros, mas apenas pela estrada ser ali perto. O som que dominava aquela região da praia, era o do mar, das ondas que batiam nas pedras, e algumas aves que se arriscavam a buscar alimento entre as pedras. Podia apostar que haviam diversos mariscos e ostras ali no meio.

Conferi o relógio no meu pulso, e ainda faltavam quinze minutos para às cinco. Me sentei na areia e tateei o bolso do meu short. Bufei de raiva ao lembrar que Veronica estava com meu celular e decidi me dedicar a apenas apreciar a vista e pensar na vida, da mesma forma que fazia ao olhar as estrelas.

Tentei imaginar o quão preocupados meus pais estavam, e o quão confusas minhas amigas estavam. E lá estava eu, novamente pensando nela.

Relembrei meus últimos três meses, e de como minha vida deu um giro de trezentos e sessenta graus, a partir do momento em que Lauren entrou nela. E foi tudo tão rápido, tão louco. Se apaixonar por alguém totalmente diferente de você. Por alguém completamente desconhecido e estranho, mas ainda assim, amigável, e continuar se apaixonando mais ainda a cada coisa que você descobre sobre essa pessoa. Desde suas manias, até seus vícios, falas, e segredos mais obscuros. Eu sabia, ainda tinha muito coisa para vir, mais segredos, e muitas outras manias e vícios. O meu medo, era apenas que tudo isso, simplesmente, viesse átona.

Pensando bem, essa viagem, continha sim seu lado positivo e negativo. Eu precisava pensar, me decidir e esclarecer esses sentimentos. E se Lauren já estivesse disposta a correr atrás de mim? E se ela já tivesse conseguido as respostas para as mesmas perguntas que as minhas e quisesse lutar por essa loucura? Eu realmente precisava pensar nisso.

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