18- Just Wanted Rest

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Voltei ao colégio sozinha um pouco mais calma e assisti tranquilamente as aulas que seguiram. Meus pensamentos estavam longe, na verdade eu só conseguia pensar na história de Lauren, mas ainda assim eu estava ali, copiando os exercícios do quadro e fingindo prestar atenção nas explicações dos professores.

Mesmo talvez sofrendo bullying em casa e pelo próprio pais, acho que esse não seria um bom motivo para se revoltar com o mundo e descontar sua raiva em pessoas comuns. Com certeza tinha mais coisa nisso e eu iria descobrir.

Não vi Veronica, nem Keaton e muito menos Lauren durante o resto do meu dia e achei aquilo ótimo, maravilhoso. Sem contar que evitei as meninas o período escolar inteiro. Elas vinham falar comigo e eu apenas as ignorava, as deixava falando sozinha. A verdade é que nesse momento a única pessoa que eu queria era minha irmã. Minha pequena Sofi havia sido a única que não havia me magoado.

-Que merda, Camila! Dá pra você pelo menos me deixar explicar? -Dinah gritou exasperada à minha frente, tapando meu caminho para a saída do colégio e eu apenas arqueei a sobrancelha.

-Licença, senhorita Hansen, mas eu tenho planos para o meu final de tarde. -Mentira, mas mesmo assim disse. A empurrei. Totalmente em vão. Dinah era muito mais forte que eu.

-Amém! Pelo menos você disse alguma coisa! -DJ comemorou, jogando os braços para o alto e eu revirei os olhos, passando ao seu lado. -Camila! -A ouvi gritar novamente, quando já estava um pouco a sua frente, e a ignorei, como estava fazendo. -Eu vou passar na sua casa!

Esperei meu pais chegarem e para o meu azar e total frustração, assim que abri a porta para entrar no carro, Dinah surgiu correndo não sei de onde, e se sentou ao meu lado e de Sofi. Cumprimentou meus pais e a minha pequena sequer me deu atenção e foi se sentar no colo de DJ, me fazendo revirar os olhos. Mama percebendo o clima nada harmonioso, tratou de puxar um assunto com Dinah, de como seus pais estavam e de como havia sido seu Halloween.

Adentrei em casa possessa, perguntando a Deus qual havia sido meu pecado para merecer aquilo, e foi aí, que entrando em meu quarto e logo após de bater a porta, DJ entrou calmamente, como se nada tivesse acontecido e se sentou na cadeira de minha escrivaninha, a virando, para poder me encarar.

-Veronica passou o primeiro horário ao seu lado? -Assenti. -O que ela queria? -Perguntou. Me sentei na cama, sem sequer, quebrar o contato com seus olhos e sua face, que chegavam a me irritar por demonstrar tamanha calmaria.

-Pergunte a ela. Aposto que a forçando, você teria a informação que quisesse. -A alfinetei e DJ revirou os olhos.

-Só queria saber qual era a delas. Principalmente a Lauren. Um dia te defende, e no outro, te magoa tanto que você acaba em um hospital por não se cuidar. -Suspirou. -Lauren é imprevisível.

-Não deveria ter metido as meninas no meio dessa tua curiosidade! -Me levantei, tentando fingir que o ela disse não havia me pego desprevenida e eu não havia me abalado. Ainda queria respostas e ainda estava brava. Suspirei. -Viu o estado em que Ally se encontrava? -Perguntei apontando o dedo para seu rosto.

-Não era apenas uma curiosidade minha.

-Estou esperando. -Me virei novamente e fechei os olhos, sentindo o vento da janela aberta, bagunçar meus cachos.

-Me desculpe. Sabe que faço tudo para proteger vocês. -Sorri.

-As vezes você exagera.

-Desculpa também pelo nariz quebrado. -Dinah murmurou e eu gargalhei, a encarando e encontrando uma DJ totalmente confusa.

-Eu acho é pouco!

Sofi acabou entrando no quarto e passamos o resto da tarde brincando de bola no quintal. Como as meninas sempre esqueciam algumas roupas aqui, e Dinah era a mais atrapalhada, acabou dormindo em minha casa, juntamente com Marielle e Sandra, que já que não moravam longe, não hesitamos em incluí-las na nossa bagunça.

Marielle veio falar comigo e até tentou me explicar o ocorrido no banheiro, mas eu apenas disse que não era preciso, pois eu já sabia. Ela insistiu em detalhar um pouco os acontecimentos e me explicou que Lauren nem chegou a encostar em Dinah, e que quem cortou sua boca havia sido Veronica, que se encontrava em choque com a ação da amiga de apenas se defender e não revidar e acabou dando um belo soco em DJ, que logo descontou batendo tão forte em Lauren que quase quebrou seu nariz.

Devo confessar que fiquei pasma com a atitude de Lauren. De cara, quando vi, pensei que Lauren quem havia provocado as meninas e batido em Dinah, não o contrário como eu havia apenas dito para irritar Dinah. Mas agora, pouco me importava. Um nariz quebrado nem chegava perto do que Lauren já fez com outras pessoas. Acabei me lembrando de Lauren esfaqueando Lucy e tremi dos pés a cabeça. As aparências realmente enganam. Afastei imediatamente esses pensamentos de minha cabeça, a sacudindo. Não queria mesmo me lembrar daquele dia, mas era impossível.

-Camila? -Sandra me chamou e eu retirei meus óculos de leitura e abaixei o livro, o colocando sobre minha coxa.

-Sim? -A encarei.

-Vai ficar aqui, sentada na cama, lendo, ou prefere descer e jantar conosco? -Me levantei rindo e passei o braço sobre o ombro de Marielle, que continuava mais baixa que eu.

-Papa e Mama chegaram? -Perguntei e ela assentiu.

-Logo após você subir para ler..

-Will Grayson, Will Grayson. -Completei sorrindo.

-De novo? -Nos sentamos à mesa.

-A culpa não é minha se esse livro é bom! -Lhe mostrei a língua.

Logo todos começaram a conversar enquanto jantávamos, e mesmo sendo o único homem ali, papa nunca pareceu se importar e apenas respondia e continuava a conversar com as meninas.

Subimos para o meu quarto e começamos a conversar animadamente, até que o sono me atingiu e eu me rendi, pedindo licença para as meninas para por Sofi em sua cama. Em seguida, me deitei e não demorei muito para me entregar e finalmente dormir de tão exausta que estava, sequer prestei atenção em quem dormiria comigo e quem iria dormir no colchão no chão. Eu só queria descansar.

Burning Desire BabyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora