8- You Never Know The Tomorrow

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Subimos as pedras e enquanto elas acenderam uma fogueira e ficaram conversando eu preferi dormir, estava exausta mesmo tento vindo de manhã quase o caminho todo nas costas de Dinah e Mani. Apesar de estar morrendo de sono, não consegui pregar os olhos por sequer um segundo e enquanto as meninas iam entrando nas barracas para descansar, eu apenas continuava ali, deitada, de olhos abertos naquela barraca escura e silenciosa. Poderia jurar ter ouvido alguém pigarrear algo, então rapidamente peguei meu celular. Já eram 22h13, e após iluminar um pouco a barraca vi que Ally e Dinah já dormiam em um sono profundo.

-Psiu.. -Ouvi o barulho de novo e me arrisquei a sair da barraca para ver o que era, mas não havia ninguém ali, ou pelo menos eu não vi. -Camz! -A pessoa disse um pouco mais alto e eu me virei, dando de cara com Lauren apontando uma lanterna para seu rosto atrás da minha barraca. Preciso mesmo dizer que pulei de susto, me segurando ao máximo para não gritar e acordar as garotas e todos supostos animais naquela praia?

-Porra, Jauregui! -Falei enquanto me aproximava dela com a mão no peito tentando me acalmar. -O que deu em você? Quer me matar? -Já estava próxima a ela e praticamente sussurrava.

-Eu juro que não era minha intenção fazer isso. -Lauren que antes ria baixinho da minha situação com o susto, agora havia percebido seriedade em seu tom de voz. O que é que ela queria de mim?

-Isso o que? -Perguntei como quem não queria nada. -Se for por causa do sust.. -Ela apenas tapou minha boca com seu dedo indicador e se aproximou de mim, sem tirar os olhos de minha boca nem por um segundo.

Meu corpo estava quente, mesmo naquele frio todo que fazia ali, mas por dentro eu estava totalmente gelada. Minha boca salivava querendo a dela e minhas mãos suavam, como se precisassem tocar no corpo dela agora, ou isso jamais aconteceria. Devo admitir que comigo sempre foi oito, ou oitenta. Se não agora, nunca mais.

-Principalmente? -Assenti com a cabeça e revirei os olhos. Lauren parecia sempre levar tudo na brincadeira, como se a vida fosse uma partida de softball. -Por isso. -Sem nem pensar ela segurou minhas duas mãos e me fez a abraçar, com as mãos em volta de sua cintura e presas em suas costas. Me prensou contra seu próprio corpo e encostou seus lábios calmamente nos meus.

No começo devo admitir que evitei a todo custo aquele beijo. Mesmo sendo linda, Lauren seria um problema a mais pra mim se começássemos algo além do que eu pensava em ser uma amizade. Mas não tinha como resistir. A quem eu estava tentando enganar? Lauren Jauregui, a garota mais bonita que eu já havia visto e a qual eu possuía uma "paixonite" estava ali, tentando me beijar e eu simplesmente a rejeitando. O que aconteceu comigo?

Neste mesmo instante Lauren mordeu meu lábio com força, me fazendo abrir a boca pra soltar um gemido que foi abafado com sua língua exigente que sugava a minha com uma urgência que eu imaginava ser desnecessária, mas acabei correspondendo da mesma força. Durante o beijo, posso jurar ter sentido um gosto de ferro por conta do sangue que eu tinha certeza em estar no meu lábio . Abri um sorriso terno e fitei os olhos de Lauren, ainda fechados e ao fechar os meus também, senti seus músculos se contraírem. Ela também sorria.

Fui relaxando aos poucos, e o mesmo aconteceu com ela, que soltou calmamente minhas mãos, que pareciam ter criado vida própria e agora se encontravam ao redor de seu pescoço, acariciando sua nuca e brincando com alguns de seus fios de cabelo que teimavam em cair de seu coque perfeito. Não sei dizer quantos minutos ou talvez horas ficamos naquilo, só me lembro de acordar no meio do nada, entre as pernas de Lauren encostada em uma árvore. Ela respirava calmamente com seus braços ao meu redor e sua respiração quente batendo em minha nuca, fazendo cócegas em minha orelha.

Pensei em um modo de sair dali sem acorda-la, mas pela posição que estávamos, tal feito era praticamente uma missão impossível para mim. Me remexi em seus braços, consequentemente tentando me levantar e Lauren me apertou mais ainda, como se não quisesse que eu saísse dali. Até cogitei em realmente tentar acorda-la, mas ela dormia como um anjo, e calada ela era tão linda.. Sem contar que eu nem ao menos me recordava do que provavelmente havíamos feito e devia estar longe de amanhecer. Pelo jeito mal humorado que Lauren costumava ter, eu realmente não queria vê-la ao incomodarem seu sono, mas não havia outra escolha, era acorda-la, ou acorda-la.

-Lauren.. -Sussurrei com toda calma que eu não possuía, mas precisava ter naquele momento e Lauren nem ao menos se mexeu. -Laur. -Disse um pouco mais alto, acariciando suas mãos e ela resmungou algo inaudível. -Por favor, Lolo, acorda! Estou com frio, me tira daqui! -Não foi preciso dizer mais nada e Lauren abriu os olhos rapidamente me fitando de lado com um sorriso bobo estampado no rosto.

-Do que me chamou? -Perguntou ela, me encarando com aqueles olhos que eu amava a todo custo, me fazendo corar ferozmente. -Tudo bem, não precisa repetir. Escutei muito bem da primeira vez. Eu gosto de "Lolo", minha irmã me chamava assim. -Lauren disse virando seu olhar para a lua que hoje estava cheia e brilhava intensamente nos possibilitando de vê-la ali, mesmo com alguns galhos de árvores na frente.

Fiquei imóvel e não dissemos nada por um bom tempo. Lauren continuava olhando o céu estrelado e se eu não estivesse tão concentrada em pensar no modo em que ela sempre nos evitava de termos qualquer informação sobre sua família e agora havia se aberto livremente para mim a respeito de um apelido dado por sua irmã, eu tinha certeza que também louvaria a beleza exorbitante do céu esta noite visto em um local menos poluído.

-Qual era o nome dela? -Me peguei perguntando, mas sabia que se não o fizesse agora, talvez não tivesse outra chance.

-É. Ela não morreu. -Lauren respondeu aumentando seu sorriso, como se possuísse orgulho da irmã. -Taylor. -Suspirou. -Minha Taytay!

Novamente entramos em uma bolha de silêncio. Eu não sabia o quanto poderia interroga-la sobre certo assunto. Acima de minha curiosidade visível, não queria vê-la triste, porém não consegui me segurar, e quando dei por mim, já havia a perguntado se sentia falta da irmã.

-Muita! Como qualquer irmã mais velha superprotetora, mas foi preciso deixa-la, eu não tinha escolhas. -Lauren se agarrou mais a mim e começou a fazer círculos imaginários em meu braço.

-Por quê a deixou? Sempre temos ao menos duas escolhas, não é?

-Porque assim acabou sendo o modo mais fácil e seguro. Nem sempre querer é poder.

Depois entramos em um debate sobre o quanto ela amava a noite e eu louvava o dia. Até nisso éramos diferentes e foi impossível não rir das bobeiras que falávamos ao comparar o sol com a lua. Descobri também que eu havia batido minha cabeça em um galho e ficado inconsciente por alguns segundos e ao voltar a mim, pedi a Lauren para sentarmos, o que ela fez. O melhor foi que ela mesma tocou nesse assunto que eu havia esquecido de questionar.

Algo que eu amava nela era o fato de que ela sabia conversar e manter certo assunto, porém hoje isso não durou muito. Depois de horas sem fim, conversando sobre tudo e sobre nada, o dia já ia amanhecendo quando pedi a Laur para que fossemos ao penhasco ver melhor o amanhecer do dia, que era algo que eu amava com todo meu eu, diferente dela, que preferia o pôr do sol, mas acabou concordando.

Deitei sobre seu braço, enquanto nos abraçávamos por conta do frio, ficando deitadas com as pernas suspensas no tal penhasco e a vista que tivemos era totalmente incrível.

-Nunca pensei que veria o nascer do sol sobre o mar enquanto estivesse sentada em um penhasco.. -Sussurrei alto o suficiente para que alguém que estivesse do meu lado ouvisse e sem nem pensar direito, ela prontamente rebateu.

-Nunca pensei que faria um monte de coisas, mas nunca se sabe o amanhã.

Burning Desire BabyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora