Capítulo Vinte

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Não sei por que contei minha história para Eliza, eu nunca senti necessidade de me abrir assim para ninguém. Antes de chegar ao hotel, nos desviamos do caminho para pegar as chaves de Eliza na casa de Alanna.
- John! Oi aqui estão as chaves, estavam em meu quarto Eliza deve ter deixado cair enquanto ela trocava Clarinha. Falando em Eliza onde ela está?
- Está esperando no carro! Estamos atrasados para o trabalho. – digo me virando para ir embora.
- Eu estou realmente feliz por você!
- O que?  - pergunto-me virando novamente para ela.
- Fico feliz por você estar realmente tentando! Espero que você seja muito feliz! - seu sorriso não era nada verdadeiro.
- O que você pode me dizer sobre a felicidade? Ainda mais sobre a minha, se a causadora de toda a minha dor é você e sempre foi você?
- John! Eu...
- Alanna! Eu realmente estou atrasado para o trabalho! Não quero ficar aqui discutido com você! – eu não resisto me aproximo dela e lhe dou um beijo rápido em seu rosto.
Depois de voltar para o carro Eliza me pergunta:
- Está tudo bem?
- Claro! Por que não estaria?
No caminho paramos para deixar Ana Clara na casa da babá.
- Eu já volto só vou deixar as chaves e Ana Clara com a Cida, só um minuto! – e sai me deixando sozinho no carro, serio estou começando a desconfiar que Eliza sente vergonha de mim para não querer me apresentar para a babá de Clarinha. Mas isso seria impossível, e não querendo ser convencido, mas sendo, eu sou o homem que toda mulher pediu a Deus. Quando chegamos ao hotel Annabelle estava à minha espera.
- Eles já estão em viagem, chegaram aqui no final da tarde! E vão querer alugar o hotel para gravarem uma serie local. O que você acha?
- Durante a época de pico?
- Você quer rejeitá-los?
- Vamos debater sobre isso primeiro! Então quando eles chegarem, leve-os para a sala de reuniões. – viro-me para Eliza! – Você irá me acompanhar. Pode pegar as anotações.


# Não Preciso De Sua Ajuda

Já na sala debatíamos sobre o assunto, eles queriam contratar o hotel pôr no Máximo duas semanas, o problema é o período de pico onde muitos turistas se hospedam em nosso hotel. Estávamos entrando em um acordo de quantas horas eles iriam ocupar o hotel quando o telefone de Eliza tocou. Dou um olhar irritado para ela, “como ela pode esquecer, de silenciar seu telefone antes de entrar na sala”!
- Desculpe-me! – diz para mim. – É da baba! Preciso atender, pode ser urgente! – diz ela com um olhar preocupado.
- Claro! Fique à vontade! – vejo Eliza saindo da sala. Tento continuar a reunião, mas fico pensando se aconteceu algo com Ana Clara. – Annabelle! Você e o resto do pessoal podem continuar com o acordo tenho que sair agora.
- Mas...- Annabelle tenta se explicar!
- Confio em sua escolha! – viro me e vou em direção a porta. Quando saio da sala, Eliza está parada no corredor falando ao telefone.
- Maria? Tudo bem? Aconteceu algo com Clara? – Ouço Eliza dizer! – Que bom! Então o que ouve? Como assim estamos sendo despejadas? Mas estou com o aluguel atrasado apenas uns meses. Eu realmente não pude estar em dia com o aluguel, os novos exames de Helena, as contas da casa, e as despesas de clarinha, não me deixaram estar em dia com o aluguel. O que? Eles estão ai? Não! fique ai e não abra a porta! Eu já estou indo.
- Eliza! – ela se assusta a me ver! – Não pude evitar ouvir! Está tudo bem?
- Está! Claro! – vejo em sua expressão que não está nada bem! – Na verdade, não!  Por isso se você não for mais precisar de mim, eu gostaria de sair mais cedo!
- Por que? Algum problema com Ana Clara?
- Não ela está bem! Só... – notei que ela estava insegura de se devia me contar o que estava acontecendo! – Nós estamos sendo despejada. Eu não tenho pagado o aluguel com muita frequência e agora estamos sendo expulsas, tenho que ir para a casa, parece que o dono está bravo e bêbado.
- Vamos! Eu te levarei até sua casa!
- Não há necessidade John! Pode voltar para a reunião. Eles precisam de você.
- Eles podem se virar sozinhos, eles faziam isso sem mim há muito tempo. E chegaremos muito mais rápido de carro do que de ônibus.
- Se isso não for atrapalhar! Pode me levar até em casa e depois voltar para a reunião. – seguimos em silencio por todo o trajeto até a casa de Eliza. Quando paramos em frente à sua casa avistamos três homens parados em frente à porta, Eliza olha para fora depois para mim.
- Obrigada pela carona!
- Espera! Não vou deixar vocês sozinhas com esses caras. Eu vou com você!
- Realmente não precisa John! Posso me cuidar sozinha, tem sido assim desde... – Senti o que ela ia dizer! Que está só desde a morte de seus pais. – A questão é que eu sei me virar sozinha!
- Não é isso Eliza! Eles são... Homens e se realmente estão bêbados, não posso em Sam- consciência te deixar sozinha, digo deixar vocês sozinhas. – Eliza desce do carro e eu a sigo logo atrás. O cara do meio aparentemente o dono se virou e foi em direção a Eliza.
- Sinto muito Eliza você não pode mais ficar! A muito tempo já não recebo o aluguel. – diz o proprietário.
- Seu Manoel, se o senhor me der mais um tempo eu lhe pagarei tudo que estou devendo. – Eliza estava praticamente implorando, eu prometi a mim mesmo que não iria me intrometer mais nos assuntos particulares de Eliza, mas ao vê-la nessa situação... Estava preste a me apresentar e resolver o assunto quando o Sr. Manoel começou a falar.
- Não há mais necessidade garotinha, você não precisa mais me pagar nada! – Eliza ficou seria sem entender. – É que a propriedade não é mais minha! Eu perdi ela em uma de minhas apostas idiotas. Sinto muito Eliza! Os novos donos querem que você saia imediatamente! Sinto muito mesmo! Sei que não devia fazer isso, não depois de... De seu pai ter me ajudado tanto, mas...
- Eu entendo seu Manoel! – Eliza estava sorrindo? Sem dúvida era um sorriso – Uma hora ou outra eu teria que sair mesmo, não é? Não se culpe! Você passou por tanta dificuldade quanto eu! E seu refúgio foi o jogo, e o meu está dentro daquela casa, dormindo!  E só isso que me importa. Não importa aonde só quero estar perto de Ana Clara! – Não era nada agradável estar ali vendo o resto do pequeno mundinho de Eliza se acabar! Nesse instante os outros dois homens que estavam até agora parados a porta resolveram se juntar.
- Isso é lindo, não é? – disse um deles, o mais alto da direita.
– É sim! Mas você tem que sair o mais rápido possível daqui pirralha, você e a sua bonequinha, que está lá dentro chorando. – diz o mais velho, o da esquerda que aparenta estar bem embriagado!
- Mas ela precisa de tempo para se mudar! – meto-me a dizer. - Elas não podem simplesmente sair!
- E você quem é? – pergunta o mais alto. – Se está tão preocupado com ela, por que não a leva...
- Certo! –disse Eliza interrompendo-o – Me de apenas três dias e sairei de sua casa, apenas três dias! Isso não é muito. – seu pedido soou mais como uma afirmação, com que fez o mais velho a esquerda ficar pensando por um bom tempo, tentava pensar enquanto o seu cérebro se afundava no álcool não estava sendo uma missão fácil.
- Certo! Acho que posso aturar isso por mais três dias, mas se depois desses três dias vocês ainda estiverem aqui... Eu mesmo te tirarei de dentro dessa casa e como isso vai acontecer não vai ser nada legal, te garanto belezinha.    – os dois se viram e forão embora deixando, seu Manoel para traz.
- Eu realmente sinto muito menina, sinto muito. – Eliza apenas dá um sorriso cansado, e vira para a porta que estava sendo aberta por dentro.
- Está tudo bem com você e a Ana? – ouço Eliza perguntar para uma mulher que vem em nossa direção com Ana nos braços, assim que se aproxima Eliza pega Ana Clara no colo.
- Esta sim menina, tudo bem! Eles apenas bateram na porta. – a mulher mais velha olha de Eliza para mim e pergunta:
- Você jovem, quem é?
- Há! Maria esse é.... Ele é meu chefe, ele se ofereceu para me trazer até aqui! – depois de me apresentar Eliza se vira para mim. – John! Essa é Maria a baba de Clarinha.
- É um prazer conhecer a senhora! – digo estendendo a mão.
- O prazer é todo meu! E obrigada por acompanhar Eliza até em casa!
- Você já pode ir! – diz Eliza se virando para mim. – Quem sabe ainda consegue pegar o final da reunião?
- Eu deveria! Mas... Quero saber o que você vai fazer a respeito da mudança! Três dias é muito pouco tempo para você conseguir um lugar para morar! – respondo.
- O senhor Manoel lhe expulsou? De verdade? E como assim três dias? – pergunta Maria.
- Depois te explico o que aconteceu Maria! – diz Eliza e depois se vira para mim. – Você deve ir embora John! O que eu vou fazer a respeito dessa situação só cabe a mim.
- Eliza sei que sua situação não é fácil, mas não desconte nesse pobre rapaz! - diz Maria.
- Você está certa Maria! – digo! – Eliza!  Eu só quero que você saiba que pode contar comigo! – Eliza me dá um olhar que posso dizer... Não e de admiração!
- Ok! Se eu precisar de você eu aviso! Agora como já está tarde você deveria ir embora.
- Eu não vou embora! Não posso te deixar... Deixar vocês duas sozinhas, esses malucos podem voltar!
- Eu sei me cuidar John! – o tom em sua voz estava firme, Eliza estava começando a ficar nervosa.
- Não estou dizendo que você não sabe se cuidar! Mas é perigoso, caso esses homens voltem, eles estavam bêbados, e se não estou enganado um deles lhe fez uma ameaça.
- Eles lhe ameaçaram Eliza? – pergunta Maria preocupada. – Sendo assim concordo com John, vocês duas não podem ficar sozinhas em casa!
- Maria você não precisa se preocupar. Eu e Ana Clara ficaremos bem! – diz Eliza.
- Se eu pudesse ficaria com vocês duas! Mas você sabe que tenho que cuidar de minhas filhas, meu marido tem que trabalhar a noite! Não posso deixa-las sozinhas!
- Eu sei Maria! Realmente não precisa se preocupar. Eu e Ana vamos ficar bem! Não creio que eles possam voltar, pelo menos não antes dos dias que me deram. – Eliza se vira para mim, vocês dois podem ir tranquilos para suas casas, Eu e Clarinha ficaremos bem.
- Eu já lhe disse que não irei. – digo um pouco irritado. – Vou lhe dar duas opções, 1º vocês podem ir para o meu apartamento, ou 2º eu vou ficar aqui com vocês, sei que eles podem não voltar, mas e se voltarem?
- Aceite menina! Vai ser mais seguro para vocês duas. – diz Maria para Eliza.
- Já vi que isso não vai dar em nada! – diz Eliza mais para ela do que para mim. – Se você quer tanto ficar que fique. O sofá será uma ótima companhia. – Eliza diz se virando.
Dentro de casa Maria pega suas coisas e se despede com um beijo de boa noite em Eliza. O clima na casa de Eliza estava estranho, sei que ela não queria a minha presença ali, ela já me impediu de entrar algumas vezes em sua casa. Estou sentado no sofá de Eliza com a TV ligada em uma programação infantil com Ana Clara ao meu lado, ela parece gostar do que está vendo. Eliza saiu para o que eu acho que deve ser o seu quarto logo depois de ter colocado Ana no sofá, alguns minutos depois que para mim parecem uma eternidade vendo aquela programação infantil Eliza aparece. Não está mais com toda aquela fúria que tinha a pouco, mais ainda não estava como sempre.
- Vocês devem estar com fome! – disse Eliza! Realmente estava com fome já passava das 7 da noite. – Vou fazer algo para vocês comerem! – Eliza estava indo em direção da cozinha quando me levanto e vou atrás dela.
- Eu posso ajudar? – Ela olha para traz, mas não me responde, ao olhar dentro de seus olhos meu coração dói, eles refletem seu cansaço seu desanimo. - Já lhe mostrei o quanto sou bom na cozinha! – Ela continua apenas me olhando! – Serio não me faça voltar para aquela sala, esses programas infantis são assustadores! – ela sorri. Sorrio de volta.
- Ok! Vou precisar de sua ajuda e além do mais não vamos querem ninguém com pesadelos durante a noite, não é? – diz com um sorriso de deboche.
Estávamos em silencio preparando um cozido, enquanto eu cortava uma cebola, me veio uma necessidade de fazer uma pergunta a Eliza!
- Posso te perguntar uma coisa? Eliza olha para mim com desconfiança.
- Pode! Eu acho!
- Quando estávamos conversando com o dono dessa casa, aliás o antigo dono. Ele disse que não queria ter feito o que fez com você não depois do que o seu pai fez por ele...
- E você quer saber o que meu pai fez por ele?
- Hã? É sim! – Ela fica pensativa se devia dizer ou não.
- Seu Manoel foi amigo de meu pai por muitos anos, ele era casado e pai de duas menininhas elas eram lindas e hoje elas teriam a minha idade, mas elas morreram em um acidente de carro em que ele dirigia. Foi difícil superar a morte delas só ele e a mulher sobreviveram. – Eliza respira fundo antes de continuar a história. – Sua mulher o abandonou depois do enterro, Manoel entrou em uma grande depressão e meu pai o ajudou em tudo que podia por um tempo até sustentou o seu vício! Ele bebia praticamente todas as noites e apostava tudo o que tinha. Aos tempos com a ajuda de meu pai o seu vício foi diminuindo, começou a beber menos, mas os jogos continuaram, diminuiu um pouco, mais continuou com apostas pequenas. Acho que ele ainda se sente em dívida com o meu pai. – fico sem reação. Quanta tragédia para uma só pessoa. – Mas pelo que vi hoje, ele deve ter voltado às apostas grandes. Mas eu não o culpo, ele teve mais uma perda em sua vida, assim como eu perdi um pai ele perdeu um irmão!
- Eliza? – ela parou o que estava fazendo e olhou para mim, seu olhar estava mais intenso. – O que você vai fazer nesses três dias? Os três dias que você tem para se mudar? – Ela fica me fitando por um tempo antes de responder, dá um suspiro forte. 
- Eu não sei! Realmente não sei!
- Venha morar comigo? – Não sei em que momento essas palavras saíram de minha boca, mas elas estavam ali fazendo uma nova proposta a Eliza. E eu continuo a falar. – Lá você ficará segura e não iria se preocupar com o aluguel.
- Não acho que seria uma boa ideia, nós dois não podemos morar juntos, no mesmo ambiente! Não sei se aguentaria muito tempo em um mesmo lugar com você!
- Por quê? Me acha... Tão repugnante assim? – Eliza não responde, apenas mexe as panelas que estão no fogo! – Você... você não precisa ficar muito tempo se não quiser! Só o tempo que achar necessário para encontrar um lugar seguro e descente para você e Ana Clara! – Novamente Eliza não me responde. – Só o tempo de conseguir pagar suas dívidas com o hospital de sua irmã. – Ela continua pensativa.
Mais tarde depois de jantarmos estávamos novamente na sala, só que desta vez quem estava no comando da TV era eu e não Ana Clara, ou seja a programação era mais divertida.
Eliza estava ao meu lado do sofá, estava focada na TV, por mais que eu soubesse que ela não estava prestando atenção na programação, seu olhar estava vazio. Passava das 9 horas quando Ana Clara veio até Eliza e se apoiou em suas penas, fazendo-a sair de seus pensamentos.
- Você está com sono, não é pequena? – Eliza a pega no colo e se vira para mim. - Vou fazer Clarinha dormir, se precisar de algo é só pedir. – Aceno com a cabeça em resposta.
Uma hora depois Eliza ainda não tinha voltado para a sala e a programação só estava me deixando mais entediado, comecei a vagar pela casa com intenção de que meus passos fizessem barulho suficiente para chamar a atenção de Eliza, mas nada. Já tinha andado por toda a sala, visto todas as fotos de família, já tinha bebido quase um litro de água de tanto ir à cozinha, quando resolvi ir até o quarto em que vi Eliza entrar. Estava me preparando para bater na porta quando lembrei que Eliza estava fazendo Clarinha dormir, apenas segurei a tranca e abri a porta devagar. O quarto tinha pouca decoração infantil, do lado do berço havia uma cama de casal, um armário grande aos pés da cama, e uma cadeira de balanço onde Eliza estava dormindo com Clara em seu colo, me aproximei pensei em acordá-la, mas senti que não deveria mais cedo ela parecia tão cansada. Apenas me aproximei dela peguei Ana de seus braços e a coloquei no berço, peguei um cobertor que estava em uma poltrona e pus sobre Eliza, depois sai do quarto e deitei no sofá.

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