Capítulo Dez

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Nunca achei que diria que realmente estava gostando de trabalhar, ocupar minha cabeça com algo importante. Deixando-me minutos ou até horas sem pensar em Alanna, fazia sentir-me melhor.

# Lembrança

Meu sonho essa noite estava embaçado, mais uma noite meu pesadelo se repete, estava no carro com meus pais, em uma noite fria e com uma grande tempestade, estava no banco detrás, tremendo com o barulho dos trovões. Meus pais no banco da frente discutiam algo, percebi que falavam sobre os pais de Alanna, fiquei com medo quando minha mãe começou a bater em meu pai, fazendo com que o carro dançasse no meio da rua. Papai começou a falar mais alto com a mamãe, acho que por um momento eles esqueceram que seu filho de 7 anos, estava sentado no banco detrás do carro. Comecei a chorar enquanto carros desviavam para não baterem em nós. Quando um caminhão veio em nossa direção, ele estava tão rápido que não pode parar antes de nos atingir. Nosso carro virou, virou, virou e virou. Quando de repente parou, olhei para frente e vi apenas meu pai, ele estava sujo de sangue e não se mexia, procurei por mamãe e não a vi. Tirei o sinto de segurança e fui para fora do carro. Quando olhei no chão a frente do carro, vi mamãe me estendendo sua mão. Ela me olhou deu um sorriso e junto com ele seu último suspiro. Quando senti minha cabeça latejar, levei a mão até a testa e quando a olhei vi sangue.
Foi quando acordei suado. Levantei-me e fui até a cozinha tomar um copo de água, ainda hoje sem saber o motivo da discussão de meus pais, a discussão que causou aquele acidente, sempre após os pesadelos tentava lembrar, se meus pais aviam dito algo a mais que pude me ajudar a descobrir por que minha mãe que era uma mulher tão apaixonada pelo meu pai ficou daquele jeito. Mas nada! Sem respostas, meu sonho é apenas o que lembro em vida. Voltei para a cama na mesma noite, porém não consegui voltar a dormir, fico pensando no que aconteceu no dia anterior, na briga que tive com Eliza. E no que devo fazer para que minha avó acredite em nossa mentira.
Quando amanhece me arrumo para ir ao trabalho. Ao chegar a minha sala encontro Eliza conversando com David.
- O que faz aqui? – pergunto á Eliza, ela olha para David e depois para mim. David parece entender a mensagem e sai da sala.
- Recebi uma ligação de sua avó hoje! Ela quis saber como eu estava, fez algumas perguntas, alguma coisa tive que inventar. Acho que sua avó está tentando “jogar verde para colher maduro”. E alias como ela conseguiu meu número?
- Minha avó consegue tudo o que ela quer! Sempre... – David me interrompe batendo a porta.
- Sr.? Preciso que assine esses papeis! – fala David.
- Eu já estou indo! – diz Eliza. - Só queria te avisar, casso sua avó perguntasse por algo.
- Srta.! Posso lhe acompanhar até a saída? – pergunta David.
- Claro!
David e Eliza saem da minha sala conversando como se fossem melhores amigos.

# Vale Tudo

Enquanto jantava sozinho em minha casa, fiquei pensando em uma forma de fazer minha avó confiar mais em minha história. Como minha avó estava desconfiada, teríamos que mudar de estratégia, teria que fazer algo que há fizesse ter certeza de que eu realmente gostava de Eliza. Foi quando tive a ideia. “Vou dizer a minha avó que eu e Eliza estamos indo morar juntos”. Mas o grande problema será Eliza, não creio que ela vá aceitar minha proposta tão facilmente. Pego meu telefone e ligo para Eliza!
- O que? – diz Eliza no telefone. – Não vou fazer isso! Não vou morar com você.
- Está certo! Pensei que você diria não. Apenas fingiremos minha avó não aparece mesmo em minha casa, não sem avisar. Então ela não descobrirá de jeito algum.
- Está certo! Faça do jeito que quiser. – Eliza desliga.
Tive que fazer umas mudanças em minha casa. Comprei várias coisas femininas como perfumes roupas sapatos escova de dente, pente entre outras, tive que transformar a casa de solteiro em uma de casal, e isso tudo só para o caso de minha avó decidir aparecer. Sempre digo, “se é pra mentir, minta direito”. (A melhor mentira é aquela que até você acredita).

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