Capítulo Oito

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“Às vezes a mentira pode se tornar a verdade e a verdade uma mentira”.
“Ás vezes basta um empurrão de alguém, para se achar o lugar certo, lugar onde deveria estar”.

# Trabalhando

Dou um pulo da cama ao ouvir o despertador. Mais um dia de trabalho. Vou ao banheiro tomo um banho e me arrumo, passo um café e dou uma rápida olhada no jornal. Ainda está difícil me acostumar com o novo horário de trabalho, principalmente por agora ele ser de tempo integral e de ter que aparecer por lá todos os dias da semana, enquanto antigamente aparecia uma vez ou outra.
Quando entrei na antiga sala de minha avó, a sala que agora é minha fui recebido por um rapaz.
- Bom dia senhor! – diz o rapaz.
- Quem é você? E o que faz em minha sala? – pergunto.
- Sou David! Eu estou encarregado de lhe dar apoio! Serei seu assistente, sua avó me contratou para acompanhar o seu trabalho.
- O meu trabalho? Eu não preciso de você! Não há necessidade de um assistente.
- Se o senhor não gostou converse com sua avó, ela está lhe esperando na sala de reunião.
Saio de minha sala enfurecido! Ela contratou o cara pra ficar de olho em mim? Entro na sala em que esta minha avó sem nem mesmo bater.
- Por que você contratou aquele cara? Você... Você não confia em mim não é?
- Não é confiar ou não confiar John!
- O que é então vó! Explica-me!
- Sabe que não poderei mais vir para o hotel, não com a frequência que gostaria! Eu quero ficar sabendo de seus progressos passo a passo.
- E por isso! Quer colocar um de seus informantes mais perto?
- Não é assim John! Só quero saber sobre você por outra pessoa! – diz com um sorriso desdenhoso.
- Eu vou demiti-lo agora mesmo!
- Você não pode, não enquanto eu estiver viva! O único poder que você não tem aqui dentro é o de demitir alguém. Por favor John, ele só irá lhe auxiliar, poderá até ser o seu melhor amigo!
- Está certo! Vovó se é o que você quer! – saio da sala, não vou discutir com ela por pouca coisa. Sigo em direção a minha sala, ele ainda estava lá, olho para ele, podre coitado, pensando melhor é até bom ter alguém para “ajudar”.
- O que você ainda está fazendo aqui? Não me diga que vai trabalhar na minha sala?
- Não Senhor! Estarei na secretaria caso precise de algo!
Três horas depois estava saindo para almoçar. Quando vi uma confusão de funcionários se encaminhando para um quarto de hospedes. Paro um dos funcionários:
- Qual é o problema? O que está acontecendo?
- A senhora do quarto 201 está arranjando problemas novamente, por mais que ela more por perto, ela sempre se hospeda aqui nas quintas feiras.
- E o que estão fazendo a respeito – pergunto.
- Isso sempre acontece, tentamos sempre fazer de tudo, mas nada lhe agrada. – pedi para que me falasse mais o que ele sabia sobre a hospede eu iria pessoalmente até seu cômodo. – Ela se chama Hilda, ela se hospeda aqui todas as quintas feiras, ela começou a frequentar nosso hotel há uns dois anos atrás. Sempre sozinha, e sempre faz um escândalo, dizendo que não está sendo bem tratada. Todos nós achamos que ela faz isso apenas para chamar atenção. –diz tudo isso enquanto vamos em direção ao quarto de número 201.
Quando o funcionário entrou no quarto, Hilda começou a brigar com ele dizendo que os outros funcionários não estavam a tratando bem! Que o quarto não estava do jeito que ela queria! Mas quando entrei ela parou de reclamar de imediato, parecia que ao me ver estava vendo um fantasma. Ela se aproximou de mim e perguntou:
- Quem é você jovem? – Perguntou com um belo sorriso no rosto!
A Sra. Hilda parecia ter uns 59 anos!
- Eu sou o dono desse hotel! – respondo.
Ela relaxa sua expressão quando pergunto.
- O que está incomodando a senhora?
- Nada! Está tudo perfeito. – respondeu.
- Como! Tudo perfeito? A senhora a pouco estava reclamando! – diz o funcionário bravo.
- Mentiroso! – diz Hilda irritada, depois se vira para mim. – Você não tomaria um café comigo caro jovem?
Aquele olhar que ela direcionou para mim me fez assentir com a cabeça. Ela então segurou meu braço e me levou a caminho do restaurante.
Nosso hotel é o maior de todo o país. Com um grande espaço de lazer. Meu avô quando o construiu pensou em tudo, ele queria algo que fizesse a diferença. E ele conseguiu, além de um grande restaurante, tínhamos uma ótima confeitaria, que muitas pessoas apareciam apenas para tomar um bom café da manhã, ou para um jantar de negócios.
Descemos até o restaurante, sentamos em uma mesa ao lado da janela que dava de frente ao nosso jardim!
- O que você vai querer caro jovem? – pergunta-me Hilda
- Meu nome é John – respondo-a esperando que ela possa parar de me chamar de jovem.
Bebemos um café colonial enquanto conversávamos, quando curioso perguntei.
- Por que a senhora vêm todas as quintas ao nosso hotel? E ainda chama toda atenção para si! – pergunto enquanto ela me dá um olhar de dor, um olhar de pena.
- Eu moro sozinha a mais de dois anos, meu marido morreu em acidente de carro em que meu filho dirigia, desde então eu estou sozinha! E este era um dos lugares que ele adorava passar os feriados, por isso venho aqui para passar o tempo com algumas pessoas.
- Sinto muito! Mas por que não sai com sua família ou amigos? – pergunto!
- Não tenho família! Mas... quando vi você jovem, me lembrei de meu marido, você é muito parecido com ele. Você tem namorada?
Me afoguei com o suco que tomava! Essa senhora não pode estar interessada em mim? Pode? 
Ela percebe meu espanto. E com o olhar disse.  “Quero apenas ser sua amiga”!
- Não! Não tenho namorada! – respondo. Lembrando-me tarde demais que deveria dizer que tenho sim.

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