10 de novembro de 2001

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Era sábado de manhã e Osnin acorda logo cedo. O seu café da manhã foi preparado por Sônia que estava extremamente triste naquele dia por ter escutado boa parte do sofrimento de Aisha na noite anterior. Osnin toma o seu café normalmente, se despede da esposa e vai para o centro de comando militar daquele regime, que havia sido montado recentemente naquela cidade. Era um espaço pequeno e sem muita estrutura que ficava ao lado do centro de polícia e da cadeia municipal. Entretanto, daquele espaço, Osnin tinha rádios comunicadores via satélite, computadores e outros equipamentos o qual poderia saber em tempo real o que acontecia naquela guerra.

Ele descobre então que grupos militares que haviam invadido Mazar-e-Sharif estavam a se dirigir para Poche de Cunduz a leste e não para Oeste, onde ficava a sua cidade, o que o deixa bem tranquilo após aquela descoberta. Certamente a sua cidade ainda teria alguma sobrevida sobre o comando daquele regime, haja vista que as batalhas mais intensas e o deslocamento de um grande número de militares, provavelmente iria para aquela grande cidade que ficava mais a leste, o que demandaria um tempo para a sua conquista total e consequentemente, um tempo para que eles pudessem ocupar outras cidades, inclusive, a de morada de Osnin.

Daquele espaço, ele recebia também notícias sobre a Capital Cabul. A cidade estava com parte dela já cercada. Os bombardeios americanos foram muito intensos desde o começo da guerra e a infraestrutura da cidade, inclusive, as baterias anti-aéreas estavam quase que totalmente destruídas, deixando aquele espaço aéreo todo sobre comando do exército inimigo, que conseguia atingir facilmente grupos de defesa com mísseis e helicópteros. De acordo com especialistas leais ao próprio regime, a tomada de Cabul também era uma questão de tempo e estava a ocorrer de forma muito mais rápida do que todos imaginavam.

O número de rebeldes que se juntaram aos americanos em cidades do Afeganistão foi algo impressionante. O regime vigente não imaginava que um grupo tão grande contrário ao regime existia dentro do próprio país. Como o regime era muito violento, contra aqueles que mostravam opiniões contrárias as suas ações, as pessoas ficavam com medo de tomar qualquer atitude contra os seus mandos e desmandos, mas, quando as cidades começaram a se rebelar, principalmente na parte central do país, as pessoas começaram a sentir coragem e cada vez mais o exército dos rebeldes ia aumentando o seu número de soldados recrutados para derrubar aquele governo vigente.

Além disso, com os pedidos do Conselho Religioso Nacional por ações mais enérgicas e condenações a morte de pessoas, cada vez em um número maior, num primeiro momento isso traz medo e ódio. Em um segundo momento, aquelas pessoas envolvidas sentimentalmente com aquelas que foram mortas, quando vêem uma oportunidade, transformam esse medo em força e esse ódio em necessidade de lutar por uma mudança de regime. Esse fator foi também essencial para que mais pessoas integrassem ao exército dos rebeldes e enfraquecesse internamente a resistência do regime vigente.

Aisha acordou no dia seguinte a aquelas punições com muitas dores por todo o seu corpo. Mas, ela estava decidida a tomar uma medida para acabar com aquele sofrimento de uma vez por todas. Logo pela manhã ela desce, mesmo caminhando com dificuldades e diz a Parisa que precisava rezar, se ela queria ir ao templo religioso. Parisa, com muita vontade de visitar o templo, diz que sim e que elas poderiam ir juntas. Aisha combina de tomar o café e logo em seguida ir com ela ao templo para que pudessem rezar naquele dia.

Sônia ficou muito desconfiada dessa ação de Aisha. Mas, naquele momento, preferiu não dizer nada. Ela só questionou Aisha se ela estava bem no dia seguinte a toda aquela gritaria que tinha escutado de seu quarto:

- Aisha, como você está?

- Estou sentindo muitas dores Sônia, por todo o corpo. Osnin foi severo demais comigo na noite anterior.

Casamento forçado e abusivoWhere stories live. Discover now