O primeiro dia de novembro

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Enquanto Osnin estava no norte do país, a guerra avançava na região vizinha a cidade em que Aisha morava. A cidade de Marzar-e-Charif um dos principais redutos do regime vigente, tem as suas fronteiras ao sul cercadas por rebeldes contrários ao regime e uma intensa batalha se inicia na cidade. Misseis são lançados contra pontos estratégicos pelo exército americano e muitas lideranças leais ao regime são mortas no dia primeiro de novembro.

Osnin estava a realizar os treinamentos e obter informações sobre os confrontos e principais ações previstas pelos inimigos para obter controle sobre as terras do Afeganistão. Como era um treinamento extremamente sigiloso ele não tinha nenhum contato com a sua família.

Naquele local ele aprendia táticas de guerrilha a serem apresentados aos demais membros do Conselho religioso e a ser multiplicado entre os soldados leais ao regime vigente na sua pequena cidade. Como o número de rebeldes que estava a tomar a importante cidade de Marzar-e-Charif era muito grande. A sua cidade que ficava a leste daquela cidade que estava em combate, a mais ou menos uns 50 kilometros de distância, foi a escolhida como rota de fuga para receber os soldados leais e feridos, caso eles não conseguissem resistir e manter a cidade sobre domínio do regime Talibã.

As técnicas para recebimento dessas pessoas também estavam sendo discutidas naquele local. Aquele grupo religioso e de militares decidiu que Osnin deveria ficar mais um tempo naquela base de controle antes de retornar para a sua cidade, pois eles tinham que ter informações sobre os combates naquela importante cidade, para saber quais as estratégias deveriam ser passada para os moradores leais da cidade de Osnin. Ele prontamente aceitou ficar por mais alguns dias naquele local esperando novas instruções antes de partir.

Naquele dia, um membro do Conselho Religioso da cidade de Osnin recebeu a informação de que ele teria que estender a sua missão por alguns dias, por telefone, e foi a casa dele para repassar essa informação a sua família.

Ele bateu a porta e quem atendeu foi Marian, mas todas as pessoas estavam a almoçar naquele momento e conseguiam ouvir aquela conversa:

- Senhora Marian.

- Sim senhor conselheiro a que devo a honra de sua visita, entre por favor. Convida Marian educadamente aquele senhor a entrar em sua casa.

- Não senhora, eu vim apenas de passagem para lhe dar um recado. Osnin terá que ficar na sua missão por mais alguns dias. Ele não sabe quando volta. Uma das importantes cidades do nosso regime está prestes a ser atacada por terra pelos rebeldes. Esses malditos estão insistindo em acabar com o nosso regime. E Osnin precisa receber instruções e preparar estratégias de como vamos enfrentar a situação. Diz Aquele senhor.

- Malditos rebeldes. Eles não vão conseguir nos conquistar. O magnifico sabe que estamos certos e estará do nosso lado. Que bom que o meu filho está podendo ajudar nessa guerra santa. Estaremos aqui rezando por ele e para que consigamos vencer esses rebeldes.

- É isso mesmo senhora, faça isso junto a sua família. Eu tenho certeza que o magnifico não irá nos desamparar. Eu não sei mais que dia que ele retorna. Isso depende da evolução da batalha e das estratégias do Conselho Religioso Nacional. Vim aqui apenas para que não se preocupasse.

Nesse mesmo momento, ainda se alimentando, Aisha abre um intenso sorriso de alivio. Ela não precisaria enfrentar a violência do seu marido por algum tempo. Parisa ao ver aquela cena, demonstra uma revolta intensa em seu olhar. E Sonia também a olha com um ar de desaprovação temendo que aquela ação de Aisha pudesse levar a mais um conflito naquela casa.

Naquele momento, o senhor se despede de Marian e parte em direção a rua, enquanto aquela senhora fecha a porta e entra se mostrando triste por ter que ficar mais tempo longe do seu amado filho.

Ao entrar, ela olha para todas, que não esboçam nenhuma reação. Mesmo sabendo do conteúdo daquele diálogo, não ficava bem para as mulheres demonstrar que estavam a prestar a atenção nos assuntos dos mais velhos. Portanto, todas elas reagem como se não tivessem escutado nada daquela conversa.

Ao acabar aquela refeição, todas vão fazer os seus trabalhos e ninguém comenta nada sobre aquele assunto naquele dia. Marian estava muito chateada, pois não via a hora de contar para o marido as afrontas de Aisha, tentando o incentivar a castigá-la ainda mais e severamente nos dias após o seu retorno, por ela não ter acatado as suas ordens. Agora, certamente essas punições seriam adiadas.

Aisha nesse dia vai para o seu quarto feliz da vida, demonstrando muita tranquilidade. Ela ainda gostava de Osnin, mas, nesses dias ela percebeu o quanto é bom estar sem ele naquela casa e não temer ser castigada ao final do dia como estava sendo em todos os dias em que ele estava presente antes de partir para a sua missão. Aquela notícia foi muito confortante para ela. 

Casamento forçado e abusivoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu