A pressão psicológica

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Aisha arruma toda a casa na parte de cima como estava acostumada a fazer. Por vários momentos ela tentava lembrar que carta era essa que ela não havia rasgado e que a sua sogra teve acesso. Então ela se recorda que no dia em que havia feito a comida com um gosto ruim e foi repreendida pelo esposo, ela, se sentido sozinha, escreveu uma carta lembrando dos momentos que teve com Caivan, esqueceu de rasgá-la e foi tomar banho. Depois ela não se lembra mesmo do destino daquele papel. Aquela escrita foi uma das mais apaixonadas de Aisha em sua vida. Nela a jovem deixava claro que o seu maior sonho era encontrar Caivan novamente. Ela lembrou do beijo na carta e descreveu vários momentos com aquele jovem. Agora ela tinha certeza que se aquela carta chegasse as mãos de Osnin, ela certamente seria uma mulher morta! Só de lembrar o que estava escrito naquele texto aquela jovem se apavorou intensamente.

Marian estava muito feliz naquele dia, e Sonya e Parisa perceberam isso. Por vários momentos elas a questionaram porque estava tão alegre? Tudo que Marian respondia era que estava começando a ver mudanças naquela família, que Osnin finalmente, em pouco tempo, conheceria realmente quem era cada pessoa naquela casa, de forma enigmática, dizendo ao final que isso era tudo que poderia dizer naquele momento.

Naquele dia Osnin não veio almoçar. Sentaram todas aquelas mulheres e crianças a mesa e o olhar de Marian era de absoluta condenação a Aisha, o que fazia aquela jovem desviar o olhar e tremer de medo. Ela, naquele momento, estava completamente nas mãos daquela senhora. A sua vida poderia depender da compaixão de uma pessoa que jamais havia demonstrado esse sentimento para com ela.

Chega então a tarde e Marian vai até o quarto de Aisha para aterrorizá-la mais um pouco:

- Aisha, Aisha, você não sabe o prazer que me dá em vê-la completamente em minhas mãos dessa forma.

- Senhora, porque tem tanto ódio contra mim. Eu nunca fiz nada contra a senhora diretamente. Nunca disse nenhuma palavra ao meu marido que pudesse lhe prejudicar. Eu nunca te fiz nada.

- Fez a minha família. Quando você fugiu daquele casamento, você já sujou parte do nome da nossa família. O que você fez nenhuma outra mulher dessa família já ousou fazer no passado. Naquele dia eu já queria que você fosse condenada. Depois você ainda ousou brigar com a minha nora favorita e isso é imperdoável. A farei sofrer muito para pagar cada golpe terrível que Parisa sofreu naquele dia do meu filho.

- Mas, senhora. Eu não entendo. Foi ela que me agrediu e isso já está claro. Porque a senhora a defende tanto. E me condena tanto.

- Eu fui primeira esposa Aisha. E assim como Parisa fui ficando mais velha e tendo filhos. Com o tempo o meu marido me deixou de lado e começou a gostar de outras esposas mais jovens, assim como Osnin está a gostar de você. Eu fui muito desprezada. Quando aquela esposa mais jovem descobriu que era a favorita, ela começou a me denunciar constantemente ao meu marido, que me surrava com frequência por causa dela. Se você acha que Osnin é severo, você não conheceu o pai dele! Por tudo que aconteceu comigo eu jamais deixarei que aconteça o mesmo com Parisa, que é e sempre será a minha favorita nessa casa.

- Mas senhora, tem espaço para todas. Eu não quero tomar o lugar de Parisa. Eu não quero nenhum mal para ninguém, nem para ela, nem para Sonya, nem para a senhora. Eu quero que possamos viver com harmonia.

- Você não me engana Aisha. Pensa que me engana, mas eu já conheço o seu tipo. Eu vou mostrar ao meu filho com quem ele está lhe dando. Você não perde por esperar. Diz aquela senhora nervosa ao sair daquele quarto batendo a porta abruptamente, de forma com que Aisha não entendesse muito bem a sua ultima frase. Aquela jovem e inocente, não conseguia entender qual a relação do passado contado por Marian e o presente atual, o qual ela jamais havia dado demonstração de querer poder ou qualquer preferência naquela casa por parte de seu esposo.

Marian desce então para a sala com um semblante pesado e frio. E as duas esposas mais velhas de Osnin percebem isso. Tendo muito respeito por aquela senhora, elas preferem não dizer nada.

Um pouco mais tarde Osnin chega, abre a porta e beija a sua mãe e suas esposas. Abraça os filhos e diz que vai ao seu quarto. Na hora do jantar ele desce acompanhado de Aisha, que estava com um semblante pesado e com medo, mas tentava disfarçar tudo que estava a sentir para evitar desconfianças e questionamentos do esposo.

Aquele jantar ocorre de forma natural. Rapidamente Aisha arruma então a cozinha e vai para o seu quarto.

Nesse dia Marian, vendo que estava a sós com o filho, conversa com ele novamente:

- Você continua dando muito mais atenção Aisha do que as suas outras esposas meu fliho e elas estão a ficar chateadas com isso.

- Eu já te disse minha mãe, eu estou cumprindo as ordens do conselho religioso, engravidar Aisha é o meu dever.

- Não se faça de desentendido Osnin. As ordens do conselho religioso são para que você engravide as suas três mulheres. Talvez Aisha nem tenha condições de ter filho. Pode ser seca como uma árvore sem frutos. Você já está a tentar há um longo tempo e nada. Talvez tenha muito mais facilidade de engravidar as suas outras esposas do que ela, que você tem certeza que são férteis. Diz aquela senhora em tom bravo.

- Eu vou engravidar Aisha primeiro. Diz Osnin de forma defensiva.

- Aquela mulher te enfeitiçou. Eu tenho certeza disso. Aconteceu com o seu pai também. A esposa mais nova dele, de alguma forma, conseguiu o enfeitiçar e Aisha conseguiu o mesmo. Cedo ou tarde vai conhecer quem é Aisha verdadeiramente e me dará razão em tentar protegê-lo.

- Eu não estou enfeitiçado minha mãe, eu só quero cumprir com aquilo que a minha religião está a ordenar. Diz Osnin ao tentar encerrar aquela conversa, subindo as escadas, demonstrando estar um pouco nervoso.

- Vai se deitar com ela novamente? Questiona Marian.

- Sim. Eu vou tentar mais uma vez engravidar a única esposa minha que não tem filhos. Diz Osnin ao terminar de subir aquelas escadas.

Nesse momento Marian estava muito nervosa e em seus pensamentos ela tinha a certeza que teria que agir rápido para retirar aquilo que ela chamava de feitiço do seu filho. Aquela senhora não conseguia desvincular Aisha de sua grande desafeta enquanto esteve casada com o pai de Osnin. Pelo sofrimento que passou nesse período, de alguma forma, queria proteger Parisa para que ela jamais sofresse com a mesma situação que, involuntariamente, Osnin estava a promover.

Nesse contexto, certamente, os ataques a Aisha teriam que ser intensificados imediatamente. Aquela jovem sem muito conhecimento de vida, não entendia essa visão de Marian, mesmo porque, não se via como uma ameaça a ninguém. Mas, muito experiente, aquela senhora via Aisha como uma grande ameaça a aquelas mulheres a qual ela preferia e faria qualquer coisa para tirar Aisha do caminho, como fez em outros momentos com uma das esposas do seu marido. Era o passado de Marian que nem Aisha e nem ninguém daquela casa conhecia em detalhes. E esse passado havia sido extremamente obscuro.

Casamento forçado e abusivoWhere stories live. Discover now