Starstruck

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Quando saí daquele programa, tudo que queria era falar com Benjamin. Ele devia estar uma fera comigo. Me apressei pelos corredores da emissora, nem dando ouvidos para o que Edgar falava, muito menos os demais produtores do canal de TV. Porém, quando estava chegando na saída dos estúdios, um braço me deteve. Era minha mãe.

— Querida? Onde você vai? Acabamos de nos ver e você nem falou direito comigo...

Verdade, isso foi mancada minha.

— Cíntia, eu...

Ela mandou um olhar voraz para mim, que não entendi de primeira.

— Ah, desculpe... mãe.

— Desculpo se o meu amor vier passar a tarde comigo. Poxa, sou tão ruim se tentar recuperar o tempo perdido com minha filha?-comentou,alisando minha testa.

Não consegui falar mais nada com esse argumento, então apenas lhe segui até seu carro, com o coração apertado por causa de Benjamin. O que me consolava era que ainda podia ligar pra ele do meu celular e explicar tudo. Uma imensa maravilha, não fosse por um detalhe: não tinha trocado meu pré-pago. Ou seja: "Operadora informa, créditos insuficientes para completar a ligação ou entrar na internet". Ligar a cobrar para ele nem valia a pena, já que a pessoa era mais dura ainda do que eu.

"Mas e o wi-fi da mansão?" vocês devem estar pensando. Pois bem, justamente naquele dia, estava um técnico mexendo na rede de lá, o que significava dia inteiro sem internet.

Foi uma tarde complicada, não porque eu fosse viciada em telefone e não soubesse viver sem internet, mas porque precisava muito falar com meu namorado, embora também não tivesse coragem de deixar minha mãe sozinha e incomunicável depois de tanto tempo sem conseguir conversar com ela.

Bem, o início da tarde foi bem agradável, ela mostrou um caderninho que eu tinha quando mais nova, onde estavam anotadas as primeiras letras que escrevi. Algumas eu lembrava, o que foi motivo de comemoração entre a gente. Achei ela muito empolgada com aquilo, e me perguntei se não teria herdado esse meu jeito alegre dela. Então, ela foi me mostrar o estúdio montado no fundo do terceiro andar. Eu quase surtei. Primeiro: tente visualizar um estúdio, tipo daqueles clipes que mostram os cantores preparando a música. Uma belezinha dessas. Bem dentro de uma casa.

Fiquei muito deslumbrada. Tanto que nem notei a entrada de Edgar, não só na nossa casa, como no exato "cômodo" onde estávamos. Assim, levei um baita susto quando a criatura apareceu por trás, metendo o mãozão nas minhas costas.

— E aí, Riley? Voltando a aproveitar a vida de pop star? Ou devo dizer, Ritinha? - Comentou debochado.

Não respondi a criatura. Meus pulmões não deixavam, só me faziam ofegar pelo susto. Ainda bem que Cíntia parecia ter mais bom-senso, e assim se pronunciou:

— Estava mostrando alguns instrumentos de trabalho antigos dela.

Edgar esfregou as mãos.

— Ah, ótimo! Espero que se re- habitue com eles rápido porque temos muito trabalho a fazer.

— Como assim? - foi só que consegui dizer.

— Ora, Riley, como acha que ficou sua agenda de shows durante esse tempo? Tivemos um duro trabalho para cancelar e botar tudo em dia, fora as multas do patrocinadores... Agora eles estão benevolentes com a divulgação do caso, mas quanto tempo acha que isso vai durar?

Não sabia exatamente o que responder. Falei que precisava ainda de algum tempo para me re-adaptar, entender melhor quem eu era e tudo que tinha acontecido.

Ele riu. Disse apenas volto amanhã, deu um abraço em minha mãe, e saiu. Acompanhando as risadas dele, Cíntia me abraçou por trás.

— Querida, eu entendo sua situação. O que quiser fazer eu te apoio. Contanto que não deixe seu lindo sonho para trás.

Estrelas PerdidasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora