Mundo da Lua

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"Tenho alma de artista, sou um gênio sonhador e romântico" - Balão Mágico

E aí, gente? Aqui é o Benjamin de novo depois de tanto tempo, sentiram saudades? Eu sei que vocês querem saber mais das memórias da Rita, porém preciso contar a minha parte da história também, né? Então, vamos começar do hospital. Primeiro, a mulher me disse que achava que sabia quem era "ele", e é óbvio que fiquei empolgado na hora. Estaria Rita recuperando a memória? Estava melhorando de vez? Ele quem? Alguém do passado que poderia ajudar a recuperar suas lembranças? Como esse cara era? O que fez? "Ele" disse alguma coisa? Como ela sabia que o conhecia? Parecia suspense de novela mexicana. Mas Risadinha não conseguiu responder nada direito e eu parei de elocubrar quando ela apertou meu braço. Entendi que não era o momento e o resto Rita já contou, Suzana e Pietra chegaram, depois a levaram para fazer uns exames; nós não-médicos saímos do quarto e então o plantonista deu a notícia reconfortante que confirmou que ela estava mesmo recuperando a memória.

Depois disso, minha namorada dormiu, mas eu não consegui ir embora. Esperei por muito tempo no quarto. Mas aí quando já estava escuro lá fora, Pietra me mandou mensagem, perguntando se ainda estava no hospital. Respondi que sim e minha amiga lembrou que precisava dormir para o trabalho no dia seguinte. Me despedi de Rita e fui para casa já todo cansado.

Dormi assim que cheguei. Tive um sonho muito louco, Rita recebia alta e descobria que era uma atriz de sucesso, mas não quis voltar aos palcos porque seu sonho era viver numa casa no campo comigo. E a vida ia bem, nós dois morando num sítio bem felizes e tranquilos admirando o sol se pôr numa cadeira à porta de casa, abraçados como um casal de velhinhos na aposentadoria da ficção, só que ainda jovens, até que ela passa mal e desmaia. No desespero, levo ela para o hospital numa caminhonete toda ferrada. Lá, ela acorda e logo pergunta:

— Quem é você? – Me observava com os olhos espantados. – Como eu vim parar aqui?

Nisso, eu ficava sem resposta e corria atrás de um médico pelo hospital inteiro e só encontrava funcionários que não sabiam o que fazer, pacientes na fila de espera, enfermeiros atendendo outras pessoas e sem tempo para mais nada. Não havia um médico para nos ajudar. Ninguém. Então, eu voltava para o quarto dela e ela continuava me olhando estranho.

— Rita? – Tentava, já desesperado.

— Quem?

Acordei no susto. Olhei o celular e percebi que já era o décimo alarme que tocou, ou seja, eu estava muito atrasado. Assim, pulei da cama quase tropeçando para me arrumar, sem tempo de digerir o pesadelo. No meio do caminho para o banheiro, que percebi que precisava ligar para o meu chefe. Voltei tudo para buscar o celular. Enquanto ouvia chamando, podia escutar também meu coração batendo ainda preocupado por causa do pesadelo e também da vida real, com Rita estando realmente em um hospital. Eu não tinha cabeça para trabalhar e queria muito estar ao lado da minha namorada para vê-la e dar apoio.

— Alô, bom dia! – O patrão atendeu, sério e apressado. – O que você quer? Estou ocupado, então seja rápido. Aliás, já está vindo?

— É... bom dia. – Engoli em seco. – Na verdade, minha namorada está no hospital e quero passar o dia para visitar ela, sabe? Então, o senhor poderia me dar folga hoje?

Ele não respondeu de imediato. Parecia um suspense que queria fazer com minha pessoa nervosa.

— Poderia, mas não vou dar. Não tenho como te substituir agora, está muito em cima da hora para chamar o David. – David era o outro anunciante, não tão carismático quanto eu. – Me diz de onde vou tirar um anunciante a essa hora da manhã?

Estrelas PerdidasWhere stories live. Discover now