Galáxias Distantes

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Quando a minha namorada falou que iria para uma entrevista, é lógico que fiquei nervoso e preocupado, além de irritado com o fulaninho que achava que tinha o direito de mandar na vida dela. Para quem não pegou, o fulaninho era Edgar. Mas eu também fiquei muito empolgado. Seria a primeira vez de Riley na televisão depois de tanto tempo, mas Riley como Rita, como a garota que eu conheci alguns meses atrás e me apaixonei. Ela era inteligente, eu tinha confiança que se sairia muito bem. Então, ajudei Pietra e o casalzinho a recolher os caquinhos da cozinha e quando eu digo caquinho não é só a louça que eles derrubaram, mas também a mini treta que teve com a cena icônica de Pipi quase tacando o chinelo neles, como uma senhora rabugenta tentando separar o casalzinho adolescente, porque o fogo no rabo deles estava queimando o quintal dela.

Enfim, depois de dar boas risadas com meus amigos, puxei todo mundo para a sala, porque estava na hora da minha namorada mostrar seu verdadeiro brilho para o mundo. E como eu já esperava, mas meu coração de apaixonado lá no fundo jurava que não, ela começou bem, respondendo às perguntas sobre o motivo do sumiço e tudo mais, mesmo que eu ainda conseguisse perceber um pouco de seu nervosismo que tentava esconder. No final, eu diria que deu tudo certo, se eu não tivesse achado o apresentador inconveniente às vezes e o fato dela mentir sobre as fofocas que falavam sobre a vida dela comigo em Niterói.

Fiquei chateado? Talvez, mas logo a gente se encontraria de novo e a gente conversaria, certo? Bem, era o que eu imaginava, porém, contudo, todavia não foi o que aconteceu. Quero dizer, nós nos encontramos de novo, claro. Mas no dia seguinte, e sem notícias nenhuma de onde ela estava desde o fim da entrevista.

Quando Rita chegou em casa, eu assistia uma série qualquer sobre comédia policial na televisão. Ela colocou as mãos nos meus olhos e demos um selinho logo até que que pude voltar a enxergar. Em seguida, ela se deitou no meu colo e eu puxei o assunto.

- O que aconteceu depois da entrevista que você sumiu?

- Eu fui para a mansão. – Respondeu com o ar tranquilo. – Passei o dia com a minha mãe, ela queria me lembrar como era a minha rotina. – Então, fez uma careta de repúdio. – Era demais, falei para ela que ainda precisava de um tempo para me acostumar e pensar, porque você sabe, eu não sou mais a mesma pessoa e ainda não lembro de tudo.

- Sim, eu sei, então o que você vai fazer?

- Eu aceito fazer entrevistas de vez em quando e quero conhecer a produção, mas cantar num estúdio e me apresentar, acho que ainda está muito cedo, não sei se estou pronta. – Falava, enquanto fazia aspas com as mãos. – Foi o que eu falei para ela.

- E como ela reagiu? O que ela respondeu?!

- Calma, Benjamim. – Pediu com uma risada. – Ela só disse que entende e me apoiou.

- Sério?

O jeito dessa mulher, a parte da conversa dela que eu ouvi, minha intuição e o fato dela submeter a própria filha a uma rotina desgastante... tudo isso era motivo para eu desconfiar da mãe da Riley. Assim, eu duvidava que ela realmente apoiava a decisão de Rita.

- Claro, mesmo que a gente tenha conhecido ela agora, ela é a minha mãe e se eu não confiar nela, em quem mais vou confiar? – Ergueu uma sobrancelha e sorriu para mim.

- Em mim. – Respondi na seriedade, mas Rita deu uma risada curta e me beijou.

Depois dessa conversa, nós íamos conversar sobre meu primeiro dia no teatro, mas acabou que nem deu tempo disso porque apareceu Pietra, e ficamos o tempo inteiro a partir daí só zoando um ao outro e se divertindo.

- Desse jeito, você vai ficar famoso rapidinho e em um domingo aleatório vai estar eu e você disputando no Ding Dong no Faustão. – Riley comentou, rindo após o que consegui contar sobre o teatro.

Estrelas PerdidasWhere stories live. Discover now