Explosões

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 O jantar foi uma tragédia como vocês puderam ter o desprazer de ler. Ou prazer né, tem gente que gosta de ver a desgraça alheia. Enfim, eu me arrependi da gente ter ido no momento que pisei meu pé naquele piso da cor do vinho. E as coisas só pioraram quando voltamos para casa. Esperávamos um pouco de paz, mas recebemos uma multidão nervosa na frente do apartamento. Acho que o pensamento dos três foi o mesmo: ferrou tudo.

Olhei para a minha namorada e ela tinha simplesmente paralisado. Ninguém podia ver o rosto dela, de jeito nenhum. Logo, a garota se abaixou e deitou no banco traseiro. Eu com minha cabeça de vento, ao ver aquela cena decidi abrir a porta do carro e ir andando para o meio da confusão. Lá, tinha um menino que devia ser o líder, gritando num alto-falante e levantando a galera. Esperei ele pausar para descansar e perguntei como o melhor ator que sou, me fazendo de desentendido:

— Qual é? O que tá acontecendo aqui?

— A Riley tá aí dentro, cara! – respondeu com os olhos brilhando de empolgação.

— QUE?! Ela tá aí dentro? Como assim? – fingi surpresa berrando igual aos outros fãs ao redor.

— É, ela está morando nesse prédio. – o guri respondeu e voltou a pular e balançar os braços todo animado. Um verdadeiro boneco de posto.

— Sério?! Como que pode ela estar morando no mesmo prédio que eu ? – botei as mãos no rosto como se tivesse chocado.

— Oi? Você mora aí? – nisso ele e mais umas três crianças ao redor dele pararam a agitação para prestar atenção em mim. – Mentira, cara!

— Claro que moro, se liga! – procurei o porteiro e achei ele sofrendo por tentar barrar a entrada do pessoal eufórico. Merecia receber mais. – E aí, seu Antônio?

— Oi, Benjamin!

—Tá vendo? O porteiro sabe o meu nome! – acenei para ele finalizando nosso curto diálogo. – Estou falando sério, eu moro aqui.

—Há quanto tempo?

— Faz dois an..

— CALA A BOCA, PESSOAL, PRESTA ATENÇÃO! – o moleque me interrompeu no susto com um grito no alto-falante que segurava. – O CARA AQUI MORA NO PRÉDIO.

Em pouco tempo, todo mundo fez silêncio e voltou o olhar para a minha pessoa.

—Mas você é fã dela mesmo? – perguntou uma garota de casaco. Estou comentando esse detalhe, porque estava um calor dos infernos; fiquei preocupado se ela estava doente ou se era uma nova moda doentia.  Se fosse a segunda opção, olha só o que as pessoas fazem por moda! Opa, voltando ao interrogatório.

— Claro. Meu quarto é cheio de pôster dela e troquei meu toque de celular para minha música favorita, sabe aquela dela "noites sem você"? – nisso ouvi umas vozes aleatórias "amo", "melhor música", "nossa, a mais chata", "a perfeição em forma de melodia", "essa é a favorita dele? Gente...". Mas o importante é que acreditaram em mim. – Me empresta seu alto-falante? Valeu.

Quando peguei o megafone, reparei que tinha uns repórteres me observando. Numa ideia rápida, eu esperei que estivessem me filmando para acabar de vez com essa perseguição. Mas sabia que ainda podia não adiantar nada sei lá, então fiquei com um sentimento dividido sobre o que poderia acontecer. Mesmo assim, suspirei e soltei.

— Ah... é, ca-calma. – eu nunca tinha falado para tanta gente, estava muito nervoso, minha cabeça ficou em branco. Fiz uma pausa de alguns segundos e fui. – Eu sou muito fã da Riley desde quando ela só cantava para o canal de vídeos dela e como eu já falei com alguns daqui,  tenho muitas coisas da nossa diva tipo fots, músicas, também já fui em show dela... Sou tão fã que meus amigos numa época chegavam a me chamar de "namorado da Riley" e ela de "aquela cantora que o Ben namora". – ouvi umas risadinhas. – Mas o que eu quero dizer é que se ela estivesse mesmo morando aqui, eu com certeza teria reconhecido essa mulher e contaria tudo para a mídia! Porque quem não quer ser famoso né, galera?! Imagina se eu soubesse onde ela está, poderia ser conhecido como o papparazi número um! Ou o namorado dela, porque é claro que tentaria chegar na...

Estrelas PerdidasWhere stories live. Discover now