A beira do abismo (11)

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Confesso que fiquei surpresa ao vê Ayla arrumada, ela estava linda, escolhi para ela um tubinho na cor preto de alcinha, dois dedos a cima dos joelhos, não tinha erro... combinando perfeitamente com o salto preto, seus cabelos estavam com ondulações, e uma presilha rente com a orelha, fazendo-o ficar todo para o lado direito. Batom vermelho contrastava com sua pele branca, deixando seus lábios volumosos mais destacados, seus grandes olhos em uma sobra discreta, quase imperceptível, realmente eu tinha feito milagre, estava linda.

— Até que não está tão Betty. — Proferi sorridente, enquanto ela vinha em minha direção.

— O quê? —Ayla questionou franzido aquelas sobrancelhas de uma forma que a deixava tão menina.

— Betty, a feia. Eu e Paula quando vemos alguém que não costuma se arrumar, ficar apresentável assim como você está, costumando dizer que não está tão Betty.

Pela cara que Ayla fez, tive quase certeza que ela nem sequer fazia ideia do que estava falando. Melhor assim.

Eu não estava para trás no quesito; beleza. Optei por um macacão preto, na parte do tronco trabalhado em renda na mesma cor, um decote médio realçava colo. Meus cabelos em um coque perfeito, uma falsa franja atrás da orelha, mas diferente da Ayla, abusei da sombra escura e fui modesta no tom do batom. Nude.

— Dar uma volta para mim! — Ordenei.

Ela girou lentamente sobre o próprio eixo, me fazendo revirar os olhos. — Quero ver se você realmente aprendeu a usar salto. Pelo amor de Diké, não quero secretaria minha passando vergonha e consequentemente me fazendo vergonha.

Ela sorriu sem graça e lentamente foi até o final da sala e voltou, confesso que ela se empenhou, quem a visse, pensaria que ela usava salto desde pequena. Bem, desde adolescência, já que ela continua pequena.

— Não me vá cair. Vamos!

Ela apenas balançou a cabeça em concordância. Para nossa sorte o trânsito estava maravilhoso, às ruas mais calmas, algo raro para uma sexta-feira. Mandei uma mensagem para Paula dizendo que estávamos no estacionamento.

— Paula disse que em cinco minutos chega, vamos esperá-la aqui, ela vem desacompanhada. — Passei a informação para Ayla, que estava olhando para algum ponto morto do lado da janela. Ela me olhou e sorriu timidamente.

Coloquei uma música para tocar, notava que Ayla me olhava de rabo de olho, provavelmente estava doida para saber sobre o que eu queria conversar, sorri sozinha.

— O que foi? — Ela questionou curiosa.

— Nada, não precisa ficar nervosa, Ayla, você não vai falar nada, ou fazer nada, apenas é minha acompanhante.

Ela abriu a boca para falar algo, mas a batida no vidro do carro nos chamou atenção, era Paula, estava magnífica em um vestido longo, também preto.

— Você está de arrasar corações. — Paula disse assim que saí do carro.

— Está mesmo. — Ayla completou, corando logo em seguida. — Às duas, na verdade.

— Você também, Ayla. — Paula disse dando um beijo de cumprimento na mais jovem.

Adentramos o recinto e assim que passamos pelo mordomo, tive que sussurrar na orelha de Ayla para fechar a boca, ela estava admirada com o local, ela me olhou sem jeito e revirei os olhos.

— Qual o seu nome, princesa? — O senhor Ericsson questionou olhando para Ayla.

A garota me olhou parecendo bicho do mato, me fazendo revirar os olhos em reprovação. — Essa é Ayla, minha nova secretaria, estimado Ericsson. — Falei cordialmente, enquanto pousava minha mão na lombar de Ayla.

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