parte 3 (6)

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Boa leitura

No outro dia na faculdade sinto olhares estranhos em mim. Não sei explicar, mas percebo algo incomum nos olhares que recebo, principalmente das meninas. Elas cochicham entre si e isso me faz imaginar que tem algo de errado. Como eu sempre faço, caminho pelo corredor até o meu armário. Pego meus livros como de costume e me viro para ir para a sala de aula, mas uma coisa me faz dar um passo para trás.

Tem três garotas paradas em minha frente. A expressão em seus rostos é de deboche e sarcasmo, eu nunca achei que passaria por uma situação típica de adolescente problemática, daqueles que encontramos apenas em livros e filmes. Até hoje. Até eu ouvir palavras que fez meu coração doer e meus olhos encherem-se de lágrimas.

— Diana, o Rael sempre te traiu com sua própria irmã. Todos dessa faculdade sabiam disso. Mas você não. Como se sente sendo a maior chifruda do ano? — é Marian, filha de um CEO da cidade, a garota quase perfeita da região, a que se acha dona da porra toda. — Às vezes acho que você finge ser tão idiota ou será que é apenas inocência mesmo?

Minha respiração acelera.

— O Rael nos contou que você é dura no pedaço. Pelo menos, ser virgem não é tão mal assim. Mas... — ela se aproxima de mim. —...ter deixado aquele pedaço de mal caminho na vontade, mana, isso com certeza é o cúmulo. Acho que foi por isso que ele preferiu sua irmã, ela deve foder gostoso com aquele garanhão.

Marian lança uma piscadela antes de sair rebolando seu traseiro para longe. Solto minha respiração e sinto o mundo girar em torno do meu corpo. Parece que vou desmaiar. Seguro o choro. Não tenho ânimo para continuar aqui.

Passo pelo portão principal e pego um táxi. Não sei para onde irei. Não quero ir para casa, e nesse instante o destino parece me contrariar pois tudo que consigo pensar é apenas "nele"! Mas por quê? Ele vai me ajudar? É o momento perfeito para jogar tudo para o ar é ir até lá, e como sou teimosa faço exatamente isso.

O táxi chega e dou a localização de onde quero ir. Em minutos eu já estou batendo na porta de Connor, que como sempre, demora para abrir a porta. Porém, acabo me decepcionando dessa vez. Realmente não parece haver ninguém no apartamento. Bato uma última vez na esperança, entretanto ele não aparece.

Me viro para ir embora e o vejo. Ele está com um lindo sorriso no rosto e com as mãos repletas de sacolas. Sorrio fraco para não parecer antipática.

— Ora, ora...a que devo a honra princesa? Fugiu do castelo? — acabo rindo.

— Eu resolvi te visitar. Na verdade, aqui é o único lugar da qual posso esvaziar a mente. Tudo bem pra você?

Ele leva um tempo para responder, é o tempo que seus olhos não se desgrudam dos meus. Sinto algo em meu corpo ascender, é inexplicável as reações que ele me provoca. O que pode ser isso?

— Por mim está ótimo. Mas...só se me ajudar com o almoço, que tal??

Sorrio e concordo.

Enquanto corto os legumes para fazermos um delicioso salpicão Connor prepara uma batida de vinho para nós. Eu nunca nem tinha tomado algo parecido até ele me convencer de que vinho e leite condensado formam uma dupla perfeita.

— Então, qual o real motivo para ter Aparecido aqui assim do nada? — quer saber.

Respiro fundo. Acho que ainda não é hora de me abrir com ele intimamente. Dou outra desculpa, mas que não é mentira.

— Não estava me sentindo bem. E é só "isso" que você precisa saber. — dou ênfase no isso.

Ele me olha com as sobrancelhas erguidas.

— O que tenho que fazer para confiar em mim? Sou um ótimo ouvinte, amigo, compreensivo e acima de todas essas qualidades, sou gostoso! Não sei se isso conta, mas é isso aí mesmo!

Acabo gargalhando. É impossível ficar perto dele e não soltar risadas. Seu jeito é tão divertido, e é tão bom. Me sinto confortável e segura aqui nessa casa e perto dele.

— Olha, você corta as cebolas. Odeio fazer isso. — ele diz e gargalho novamente.

— Não, por favor...

— Nem vem. Não estou afim de chorar na sua frente. Cortar cebolas me deixa sensível.

Reviro os olhos me dando por vencida. Eu sinceramente não me vejo com outra opção. Começo a cortar as cebolas, eu nem se quer tive alguma experiência com isso antes. Enfim, estou na metade da cebola quando começo a sentir meus olhos arderem. Instantaneamente lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, a ardência começa a se intensificar e grito:

— CONNOR! SOCORRO!

Ele corre até mim e pede para dar uma olhada.

— Abra os olhos.

— Não consigo, está ardendo. — começo a dar pulinhos de agonia, levo minhas mãos até meu rosto.

— Calma, venha cá. Precisa lavar seus olhos com bastante água.

Assinto e o acompanho até o banheiro. Connor me conduz com cuidado. Isso é para eu nunca mais cortar cebolas.

— Fique aqui. — diz e faço o que ele pede. Continuo de olhos fechados, ele volta segundos depois e passa a mão molhada em meus olhos

— Eu mesma posso fazer isso...

— Eu te coloquei nessa, então me deixe cuidar de você.

Não digo mais nada. Apenas fico quietinha sentindo suas mãos molhadas em meu rosto, só dele fazer isso um enorme alívio toma conta de mim. A ardência minimiza, mas sei que meus olhos vão ficar muito irritados depois.

— Está melhor? Consegue abrir os olhos agora? — ele deixa uma de suas mãos ainda em meu rosto.

Respiro fundo fazendo o que ele me perguntou. Me deparo com ele tão perto de mim e seu perfume contra minhas narinas. Simplesmente delicioso o cheiro de sua fragrância. Sua respiração bate no meu rosto, seus olhos me encaram intensamente. Algo em mim parece querer continuar perto dele.

— Está um pouco vermelho, mas nada que uma água com açúcar não resolva. — estreito os olhos.

— Água com açúcar?

— Isso. Minha avó usava esse remédio caseiro para quase todos os problemas, principalmente com os ralados de quando eu caia de bicicleta.

— Dessa eu não sabia. — murmuro sorrindo fraco.

Connor ainda não se afastou de mim. E é como se ele quisesse continuar perto de mim.

— Sabia que é muito linda? Seus olhos são perfeitos e sua pele tão macia. E seu cheiro...é tão doce...

Meu coração começa a acelerar. O que está acontecendo aqui?

— Por favor, para...

— Com o quê?

Aperto os olhos lembrando do Rael. Não quero esse sentimento pra mim de novo. Não quero passar por outra mágoa assim rapidamente.

— Acho melhor terminarmos o almoço. — digo me esquivando do seu toque.

— Eu acho que devíamos fazer outra coisa melhor. — assim que termina de falar isso, Connor me puxa para mais perto de seu corpo e gruda seus lábios nos meus.

Um misto de reações se afloram do meu corpo. Uma sensação de estar sendo preenchida e protegida, não tenho como relatar a razão. Ele aperta minha cintura e pede passagem com a língua, imediatamente cedo. Sua língua é absolutamente atrevida, imagino como deve ser em outros lugares.

Por que estou pensando nisso?

Por que e como ele me provoca isso?

Sua mão é ousada e abusa do meu corpo, apertando minha bunda e meus quadris. Nada mais que isso. Nos afastamos por falta de ar, ele sorri e é o sorriso mais sacana que já vi nos lábios de um homem. Não tenho palavras para pronunciar nem pernas para sair do lugar. Devo estar parecendo um pimentão de tão vermelha.

— Agora podemos ir. — ele diz com tamanha facilidade que quase engasgo na hora de dizer apenas um ok.

E vamos lá pra cozinha com minhas pernas bambas e amolecidas.

Sob Duas Versões Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt