parte 2 (1)

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Cinco meses depois

Aqui estou eu novamente, sentado nessa droga de mesa, meu único refúgio absoluto de alguns meses. Alguns amigos estão ao meu redor me perguntando o que há comigo, porém não estou dando a mínima para o que eles estão dizendo. O copo de cerveja em minha mão está quase vazio e meus pensamentos estão todos nela. Absolutamente nada é como era antes.

Faz alguns meses que não temos a mesma relação e isso tem me deixado extremamente irritado. Desde quando conversamos, desde aquela declaração não fui o mesmo. Até tentei nesse meio tempo fazê-la entender meus sentimentos, e mesmo que tivesse acontecido, ela jamais seria minha novamente. Está sendo sufocante vê-la todos os dias, ver seu sorriso fraco direcionado a mim, seus olhos brilhando ao ver aquele cara. Heitor! Ele a tirou de mim. E mesmo que eu quisesse culpá-lo por tal feito, eu tenho certeza que eu sou o culpado disso tudo.

Fui idiota, egocentrico e acima de tudo...babaca.

Como eu não pude perceber isso antes? Todos os seus pretextos para estar perto de mim, sinais que eu não consegui decifrar. Respiro fundo. 

Bom, agora não adianta mais lamentar pelo leite derramado. Só me resta limpar a sujeira que fiz.

Olho para os lados e tudo que vejo são corpos balançando de um lado para o outro. Alguns gritam na direção do Dj, outros estão se pegando e outrens simplesmente curtem a festa da melhor maneira possível.

- Porra, cara! Tira essa cara de merda daí e vem curtir com a gente! - David grita por causa do alto volume da música.

O olho e bufo

- Já disse que não estou afim! Me deixe quieto, vai!

- Cara, tem umas minas gatas ali olhando faz tempo pra você! 

Reviro os olhos. Agora é diferente.

- Não! - respondo fazendo-o arrumar a sobrancelha.

- Se eu fosse você não ficaria sofrendo tanto por ela! Esqueça essa mulher! Ela já está com outro e vão embora nesse fim de semana! - dá alguns tapinhas em meu ombro e some pela multidão juntamente com uma garota loira colada a sua cintura.

Volto a pedir outra cerveja e mais tarde estou no ponto de táxi cambaleando. David fica para trás e não estou na menor condição de dirigir. Escoro meu corpo em uma árvore olhando para os lados e vejo tudo girar. Acho que exagerei na bebida! Estou um porre!

Foda-se, essa é a única maneira de aliviar a dor que está aqui dentro do peito.

Minha cabeça dói pra caralho, meu estômago embrulha e tenho a impressão de ver alguém vindo em minha direção. Talvez seja alucinação. Porém, a sombra feminina fica cada vez mais perto, próxima o suficiente posso ver quem está em minha frente: É ela!

- Lili? - sussurro antes de meus olhos se fecharem.

(...)

Minha cabeça lateja. Sinto meu corpo fraco. Abro lentamente os olhos, levo as mãos a cabeça fazendo uma careta por conta da dor. Percebo que estou sobre uma cama macia, e então olho para todas as direções. Ergo as sobrancelhas confuso. Não estou no meu quarto e nem mesmo no apartamento.

Lembranças da noite passada vem a toma e me lembro de ver a Lili antes de meu corpo cair sobre aquele chão frio de uma noite fria de madrugada. Era mesmo ela? Eu fui  sequestrado?

As paredes são de uma cor rosa- bebê. Há uma grande janela do meu lado direito fazendo ar fresco entrar dentro do quarto. Há uma escrivaninha com um notebook sobre ela, está aberta e parece ter sido usado à poucos minutos. Um guarda-roupa branco com detalhes também rosa completa o ambiente.

Me levanto com dificuldade. Acreditem! A ressaca é o pior vestígio de uma noite de bebedeira.

O quarto é minimalista, porém aconchegante. Várias perguntas tomam conta dos meus pensamentos.

Onde estou e quem me trouxe para cá?

Olho o lado de fora da janela. Meus olhos se surpreendem com a vista que tenho daqui. Estou em um prédio de poucos andares. O céu está incrivelmente limpo e belo e o sol bate levemente contra meu rosto.

Me viro em disparada para ir até a porta de saída do quarto, porém estanco ao ver uma figura sentada sobre a cama, com os braços cruzados e o corpo escorado na cabeceira.

- Foi você que me trouxe para cá? - dou um passo a frente, ela sorri.

É uma bela garota, de pernas torneadas e coxas grossas. Ela usa um short curto e um blusa pequena mostrando sua barriga. Fios de seus cabelos soltos lhe dão o ar da graça.

- Não! - se levanta.

- Então se não foi você, então quem foi? - me aproximo pois ela está indo em direção a porta.

Ela se vira com as mãos na cintura.

- Não fui eu que lhe ajudei, ok?! Se eu tivesse feito isso, teria acordado ao seu lado, gato! - pisca para mim maliciosamente.

- Então me diga quem me trouxe para cá!

- Porque minha irmã é caridosa demais? Deixa pra lá! Bom, foi ela quem te ajudou. Você havia desmaiado em minha frente.

Ergo as sobrancelhas.

- Se eu desmaiei em sua frente, porque sua irmã me ajudou e não você?

- Digamos que não sou caridosa como ela, baby! Além do mais, por qual motivo eu deveria ajudar um bêbado?! - se vira novamente para sair.

- Espera! - ela estanca, mas não me olha. Reparo em sua bunda grande e durinha. Balanço a cabeça. - Me leve até a saída, por favor.

Peço fazendo-a por fim me olhar e sorrir novamente.

- A hospedagem não foi tão boa assim?

- Obrigado por ter me ajudado. Quero dizer, sua irmã. Posso vê-la para agradecer?

- Estudando. Acredite, ela odeia que a tirem da concentração. Então pode ir embora sem agradecê-la mesmo.

Confirmo com a cabeça.

- Me siga. - obedecendo-a caminho atrás dela, não consigo tirar meus olhos de sua bunda. Seu cabelo é longo até a cintura. A danada anda rebolando. Será que ela está fazendo isso para provocar?

Passamos por um longo corredor, supostamente onde ficam os quartos. Descemos uma escada e esse lugar parece um castelo de tão grande. Uma mansão sofisticada, pois quando passei pelo corredor notei quadros e pinturas espalhados pelas paredes.

Chegamos ao hall e fico admirado com a beleza do lugar.

- Rodolfo! - grita e logo um rapaz vestido de terno e gravata aparece. O cara é grande e alto, musculoso e bonito. Confesso. Anda como se tivesse treinado bastante para isso.

- O que deseja senhora? - fala roboticamente.

Estreito os olhos.

- Leve o senhor Vega até sua residência, por favor.

- Como sabe meu nome? Não vai mesmo me dizer aonde estou? Que lugar é esse e quem é você?

Ela me olha com aquele sorriso debochado novamente.

- Primeiro, digamos que eu andei pesquisando. Segundo, não vou dizer. Terceiro, vai ter que descobrir sozinho. - se vira e some por um outro corredor que dava sei lá aonde.

- Senhor Vega, por favor me acompanhe.

Não sei quem são essas pessoas, mas com certeza são donos de um império.

Sob Duas Versões Kde žijí příběhy. Začni objevovat