parte 2 (2)

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Curtem por favor!

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Olho uma última vez para a mansão sumindo aos poucos do meu campo de visão. Estamos dentro de um veículo indo para bem longe de casa. Daiana não para de tagarelar e isso só está me deixando mais nervosa. Odeio fazer coisas que papai e mamãe reprovem, mas não tive muita opção. Papai nunca aprovaria meu relacionamento com o Rael.

Deixem eu explicar o motivo. Primeiro, Rael é filho do maior inimigo que já foi melhor amigo do papai. Segundo papai, eles cresceram juntos e na infância não se desgrudavam um do outro. Mas por conta de um acontecimento, que eu ainda não descobri mas tenho meus palpites que foi por causa da mesma mulher, mamãe, então eles se afastaram assim que fizeram dezoito anos. Pra mim isso ainda é um mistério que estou tentada a desvendar completamente e matar minha curiosidade.

Segundo, Rael é uma grande má influência para a minha e sua familia. Ele vivia rodeado de mulheres e prostitutas, muitas das vezes chegava drogado em casa o que acarretava numa briga feia entre ele e os pais.

Mas uma pergunta que não quer calar, é: como me envolvi com um homem assim? Isso vocês vão descobrir depois porque agora estou mais preocupada com o meu estado de ansiedade que cresce a cada instante.

Não demora muito para que eu veja muitas luzes coloridas se reluzindo no céu. Uma enorme placa brilhante se destaca na entrada da boate: House 775. Meu coração dá várias palpitadas que tenho a impressão de ter um motor dentro de mim.

- Chegamos! Essa noite promete! - Daiana diz estacionando o carro em uma vaga e logo desce do veículo cantarolando alegremente.

Faço o mesmo e suspiro. Vejo uma aglomeração de pessoas tentando entrar na boate e faço uma careta. Noto um grupo de jovens vindo em nossa direção e logo percebo de quem se tratam.

- Daiana! Por que demoraram tanto? - uma das garotas diz, no total são três meninas e um garoto, bem bonito por sinal. Os conheço apenas de vista da faculdade, mas sei que são amigos da minha irmã.

Eles se abraçam e me sinto estranha. Excluída! Mas é sempre assim! Sinto falta do Rael, do seu abraço e do seu cheiro. Ele poderia estar aqui, mas infelizmente teve que viajar com o pai e só volta daqui três meses. Vou morrer sem ele.

Assim que passamos pelos seguranças ao entregar os cartões VIPs e atravessar a grande porta metálica, meus ouvidos se estouram ao escutar o volume alto da música eletrônica que toca fazendo vários corpos se mexerem instantaneamente. Olho para os lados mas não vejo mais Daiana e seus amigos. Bufo frustrada e passo pelo monte de corpos agitados até que finalmente chego no bar. Peço uma água com gás e aguardo.

O ambiente é bem decorado e bonito. Porém não é um espaço que caberia mais de 200 pessoas. Observo com atenção as mulheres muito bem vestidas e rebato mentalmente por ter usado uma calça jeans surrada colada nas minhas pernas, uma regata preta e alsstar. Mas não acho que deveria ter vindo melhor que isso. Apenas vim para evitar que Daiana cometesse uma atrocidade.

O barman me entrega a garrafa e um copo com gelo. Ao longo do tempo vou tomando um gole do liquido. Não sei quantos minutos se passam que estou no mesmo lugar quando vejo um rapaz alto se aproximar e sentar-se à dois bancos de distância de mim. Ele pede uma bebida e quando a recebe toma tudo de uma só vez. Faço uma expressão de surpresa e dou de ombros. Nunca fui fã de bebidas alcoólicas e acho que ninguém deveria exagerar tanto na dose.

Já faz algum tempo que ando observando o garoto. Ele já bebeu demais e mal consegue se manter sentado no banco sem cambalear o corpo. Olhando-o bem percebo que ele é dono de uma beleza radiante, cabelos castanhos e pele morena, me parece bronzeado. Em sua frente há vários copos de bebidas vazias, teve uma vez que apareceu um outro homem bem bonito, eles trocaram algumas palavras e logo o outro desapareceu pela multidão de corpos. Talvez sejam amigos. Não sei! Mas amigo não abandona o outro dessa maneira.

Minha garrafa de água está pela metade e quando vou levá-lo aos lábios vejo o rapaz se levantar e se despedir do barman. Suas pernas praticamente batem uma na outra e tenho vontade de rir, mas não sou do tipo que se agracia com a desgraça dos outros. Por um instante sinto uma enorme vontade de segui-lo, apenas por precaução.

Então é isso que eu faço. Vou caminhando devagar atrás do rapaz que empurra algumas pessoas enquanto anda para a porta de saída. Quando já estamos fora da boate, ele caminha para um lugar afastado onde fica um ponto de táxi. Ele leva uma mão na cabeça e suspira. Me aproximo para perguntar se está tudo bem, mesmo eu sabendo da resposta.
S

eus olhos se encontram com os meus e congelo. São os olhos mais lindos que já vi na minha vida. Ele realmente é muito bonito, capaz de deixar qualquer mulher caidinha por ele.


- Lili? - estreito os olhos confusa, e então ele cai em minha frente.

Rapidamente corro até ele e seguro seu rosto entre minhas mãos. Como ele é muito pesado peço a ajuda de um rapaz que estava próximo de nós, peço um táxi e o rapaz me ajuda a colocá-lo no carro. Agradeço e dou o endereço ao taxista, sem me importar com a Daiana que ficou para trás. Ela já é bem grandinha e sabe se cuidar.

Ele me confundiu com outra mulher. Provavelmente deve ser a namorada dele.

Quando chegamos, chamo um dos seguranças de minha confiança e ele carrega o moreno nos braços sem dificuldades alguma. Para prevenir decido deixá-lo no meu quarto enquanto eu vou para o quarto de hóspedes.

Já está tarde e preciso dormir. Preciso estar bem para encarar a rotina de amanhã.

Mas durante a noite perguntas começam a rondar minha mente.

Quem é você?

Sob Duas Versões Where stories live. Discover now