parte 3 (1)

251 24 0
                                    

O rapaz dirige atentamente pelas ruas da cidade. Mas então me lembro que Lili estará indo embora hoje. Olho as horas no relógio e peço ao motorista para que me leve ao aeroporto. Tenho apenas meia hora antes dela embarcar, não sei se dará tempo. Mas pelo menos irei saber que tentei. Eu só preciso olhá-la uma última vez!

Em poucos minutos vejo que não foi tarde demais. As amigas dela estão sofrendo também com sua ida. Mas não acho que estejam sofrendo tanto quanto eu. Seus cabelos estão soltos e seus olhos brilham. Um lindo sorriso estampa em seus lábios. Fico a uma distância segura de ambos para não causar tumulto. Heitor está um tanto afastado fazendo check-in e então ele grita seu nome.

E ela se vai!

Não sei o que mais está doendo: saber que talvez nunca mais a verei algum dia, ou pensar que talvez ela ainda não tenha me perdoado completamente.
Mas antes de sumir das minhas vistas, ela vira o rosto exatamente em minha direção como se tivesse notado minha presença. Automaticamente meus olhos ardem e não consigo segurar que uma lágrima desça por minha bochecha. Ela me olha por um curto período de tempo e posso notar seus lábios se moverem:

Eu te perdôo!

E um sorriso triste se abre em mim vendo-a sumir da minha visão embaçada.

Pronto! Ela se foi!

Pago o taxista que acaba de me deixar na frente do prédio. Passo pelo porteiro que me lança um sorriso forçado, aceno com a cabeça e entro no elevador. Quando entro no apartamento só consigo me lembrar dela, do seu cheiro e do seu corpo seminu jogado sobre o maldito sofá. Atravesso a sala caminhado até a cozinha. Abro a geladeira e retiro uma lata de cerveja. Decido ir para o quarto já que não tem nada para fazer no momento.

Mais tarde me vejo com cinco latas de cerveja amassadas e espalhadas pelo chão do meu quarto. O teto me parece ser o único ponto interessante do cômodo, meus olhos observam cada detalhe do desenho de uma lua do maldito teto, cujo Lili me forçou a aceitar a idéia de que seria interessante olhar as estrelas antes de dormir enquanto penso nela. Me sinto extremamente depressivo. O que falta é eu me jogar de cima de uma ponte, ou de um prédio, ou até então cortar meus pulsos. Quem nuca sofreu por uma decepção amorosa?

Não me julguem!

Mas acredito que ela deve estar muito melhor longe de mim. Eu nunca daria a ela o que Heitor deu desde que a conheceu.

Minha cabeça gira e então arfo profundamente.

Minha mente viaja na garota de mais cedo. E então percebo o quanto ela foi ousada e misteriosa. Ela era linda! Na verdade, gostosa pra caralho. Sua pele era branca e me fez imaginar que ela teria uma buceta tão rosada quanto seus lábios. Quando menos percebo estou de pau duro.

Quem é essa garota?
Nem ao menos sei o nome dela!

Um súbito calor sobe por minha virilha chegando ao meu pescoço. Mas que merda é essa?

Me levanto da cama e vou ao banheiro. Arranco minhas roupas com brutalidade e entro com tudo no box deixando a água fria molhar meu corpo e esfriando minha cabeça. Quando termino, visto um short. Cato as latas e as levo para jogar no lixo da cozinha. Olho a hora no relógio da parede e vejo que são três horas da tarde.

Inferno! O tempo passou tão rápido que nem percebi que fiquei trancafiado tanto tempo naquele quarto!

Depois desse banho já estou me sentindo melhor, revigorado.

Estou preparando um sanduíche quando a companhia toca. Saio lentamente para atender sem me preocupar com quem está do outro lado. Meu ânimo piora quando vejo David surgir em minha frente.

Reviro os olhos.

- Cara, achei que tivesse acontecido alguma coisa de grave com você! Porra! Você sumiu da festa!

Dou as costas me direcionando a cozinha novamente.

- Pelo que eu me lembre, "você" é quem havia sumido da festa. E não eu!

Ele veio atrás de mim.

- Qualé! Eu tava curtindo com a Vanessa e a Talita. Pensei que estava fazendo o mesmo ou algo parecido.

Bufo frustrado. Me coloco de frente a mesa terminando de preparar meu lanche.

- Para a sua infelicidade, ou não, eu não estava com nenhuma garota. Não como você está pensando.

O olho e sua testa se forma uma ruga.

- Dá para explicar melhor. Você transou ou não transou ontem? - sua voz é autoritário.

- Não! Já disse que não! Pfff... - Bufo novamente. Minha cabeça começa a doer.

- Não estou te entendendo. Dá pra falar na minha língua? - ele caminha até a geladeira à minha esquerda.

- Você não vai acreditar. Acordei em um lugar completamente desconhecido, e o melhor, havia uma garota lá. - me animo ao tentar explicar a ele o ocorrido.

David joga a cabeça para trás e gargalha. Se bem que já era esperado essa atitude dele.

- Como assim homem?

Coloco a última fatia de presunto e finalizo o sanduíche.

- O problema é que eu não consigo me lembrar de nada. Como fui parar naquela mansão e muito menos quem eram aquelas pessoas.

- Você disse mansão? Está de brincadeira?

- Não! - ele parece surpreso e atento a tudo que eu digo. - E o melhor é que eu não sei nada sobre essa garota tão misteriosa?

- Ao menos é gostosa?

- Isso seria apenas um apelido para aquela garota do inferno. Fala sério! - me sento numa das cadeiras da mesa. - Nunca vi alguém tão gostosa, na cama deve ser maravilhosa! Preciso descobrir quem é ou irei enlouquecer de vez.

David gargalha com meu comentário. Percebo que falei e pensei alto demais, o que era pra ter ficado apenas em meus pensamentos. Ele deve estar dando aleluia por eu ainda não ter me lamentado sobre a Lili. E o impressionante, é que essa garota me instigou a querer investigá-la por completo. Eu preciso abusar daquele corpinho nem que seja a ultima coisa que eu faça nessa vida!!

Sob Duas Versões Where stories live. Discover now