Capítulo 2: Diana Boaventure

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Boa leitura
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- Saia do meu quarto, Daiana! - grito pela terceira vez enquanto sinto minha garganta queimar durante o esforço que faço para colocá-la para fora dali.

Ouço-a suspirar provocando ainda mais meu estado mental. Faço uma careta por conta de uma maldita enxaqueca que começo a sentir. Agora não, por favor!

- Ei, relaxa! Até parece que está de tpm, credo! Já estou saindo, não precisa ficar nervosa. - ela continua sentada na beirada da minha cama, apesar de sermos gêmeas quase nunca nos damos bem. Coisa de irmãs.

Daiana se levanta e caminha vagamente para fora do meu quarto rebolando seus quadris como ela sempre faz. Às vezes acho que ela faz isso de propósito, mas infelizmente tenho esse mesmo hábito que acontece involuntariamente com meu corpo.
A

ssim que ela passa por mim bato a porta com toda a força me dando a impressão de ter feito a parede estremecer. Bufo frustrada e me jogo sobre a cama.

Até parece briga de crianças, mas a Daiana me faz perder a paciência sempre que resolve fazer seus joguinhos de patricinha mimada. Dessa vez não foi diferente, ela simplesmente apareceu no meu quarto praticamente me obrigando a resolver suas atividades da faculdade. Se fosse à uma semana atrás, eu não pensaria duas vezes antes de ajudá-la com as tarefas. Mas agora é diferente, percebi que minha irmã está passando dos limites.

Mas não foi somente isso que me tirou do sério, ela jogou mais uma vez na minha cara o quanto sou ingênua e que nenhum homem seria capaz de me olhar com desejo. Desde pequenas passamos a ter conflitos em nosso relacionamento, mas eu nunca me importei a tanto. Até porque isso acontece nas melhores famílias.

Meus olhos lacrimejam e não consigo evitar as gotas rolarem pelo meu rosto. Escondo minha cabeça no travesseiro e choro baixinho como sempre faço. Eu só queria tê-la como minha melhor amiga de novo, mas Daiana é tão egoísta, só pensa nela e nos seus caprichos.

Poucos minutos depois consigo me recompor, tomo um comprimido para dor, termino minhas atividades e estudo mais um pouco. Resolvo tomar um banho frio pois a dor ainda me incomoda. Após isso, visto uma roupa qualquer e desço para o jantar.

Encontro papai e mamãe já posto na mesa, eles conversam animadamente entre si e noto um assunto de malícia entre ambos. Assim que percebem minha presença vejo mamãe ficar vermelha, sorrio.

- Boa noite pai, mãe!! - deposito um beijo na bochecha de cada um.

- Olá querida! Como foi seu dia? - mamãe quer saber, como sempre tão cordial. Me sento ao seu lado.

- Produtivo, mãe! Estudei bastante e tenho certeza que venci mais um semestre de muita luta. - falo e ambos riem, olho para o papai e vejo um brilho em seu olhar.

Papai nunca foi do tipo que obrigou eu e a Diana a seguirmos o seus passos. Mas desde criança gostei de matemática e tudo que envolvia cálculo, então resolvi fazer contabilidade para poder trabalhar na sua empresa algum dia. Já a Diana, faz ao contrário, está cursando administração para impressionar o papai. Pelo menos ele não sabe disso ainda.

- Sinto muito orgulho de você, filha! Aliás, de vocês duas. - olho para o lado e vejo Daiana caminhando em nossa direção, ela se senta ao lado do papai.

Sua expressão não é uma das melhores. Uma careta está formada em seu rosto e evito olhá-la. Me sirvo do jantar enquanto mamãe faz o mesmo, ouço papai perguntar com a voz séria:

- Como foi seu dia, querida? - todos sabemos que ele está insinuando como Diana está indo na faculdade.

De repente o clima fica tenso e respiro fundo.

- Foi ótimo papa, a Diana tem me ajudado bastante como sempre.

- Fico feliz por isso. Esse é o último ano e exijo de ambas compromisso, responsabilidade e dedicação. - sei que ele está falando isso mais para ela do que para mim, já que Daiana costura sair sempre com suas amigas para baladas e eu fico em casa.

- Não se preocupe papa, deixe isso com a gente. - ela me olha e pisca com um olho. Sei que está aprontando alguma coisa e não deve ser coisa boa.

- Eu também fico feliz com o desempenho de vocês. Acredito no potencial de cada uma e isso não é nenhum segredo para nós. - mamãe diz.

Acabo abrindo um grande sorriso, mas quando olho para Daiana esse sorriso some ao vê-la com a cara de poucos amigos. Sei que deve estar chateada e me sinto mal por isso. Eu a tratei mal, acho que me precipitei com ela. Depois irei pedir desculpas.

Não presto mais atenção a conversa que se inicia entre papai, mamãe e Daiana, volto minha atenção ao prato em minha frente, como a metade e me dou por satisfeita. Talvez eu não esteja com tanta fome assim. Me despeço de todos e saio dali em direção ao meu quarto.

Escovo meus dentes, visto meu pijama listrado, apago as luzes e me deito. Assim que fecho meus olhos a porta se abre, as luzes se ascendem novamente e vejo Daina em pé me olhando com os braços cruzados.

- O que você quer? - indago friamente.

- Preciso que vá a um lugar comigo.

Reviro os olhos.

- Nem pensar! Não conte comigo e ver se me deixa em paz. - me viro para o outro lado da cama e bufo.

- Ok! Mas pense...vai ser divertido e você vai gostar! Vamos!!

- Daiana, eu já disse que não! Prefiro ficar aqui e dormir. Não curto os mesmos lugares que você! Então terá que ir sozinha! - fecho os olhos, mas sinto o cobertor sendo puxado para longe do meu corpo.

- Você vai, Diana! Se não conto para o papai sobre o Rael! - rapidamente me viro surpresa.

- Mas...como? Como sabe sobre nós?

Vejo um sorriso sacana em seus lábios. Debochada.

- Você nunca vai conseguir esconder nada de mim, irmã! Agora se arrume, vamos sair em meia hora. - então ela se vai.

Mil perguntas rondam minha cabeça neste instante. Será que o Rael contou para ela sobre o nosso namoro escondido?

O que eu justamente temia aconteceu: Sofrer as ameaças de Daiana e ficar completamente a mercê das suas vontades.

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Olá amores! Espero que estejam gostando!
Até mais?

Sob Duas Versões Where stories live. Discover now