31. Cúmplice

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Todos da sala começaram a bater palmas para nós e outros reclamando pela derrota. Pela minha parte, fiquei um bom tempo encarando o ingresso dourado que a própria professora de literatura, a mais temida de todas, colocou bem em minha mão. Pela primeira vez, eu conquistei a senhora Bridget em alguma coisa.

Acho que jamais usaria esse ingresso, iria coloca-lo em uma moldura de vidro, para ficar exposto na parede do meu quarto, para que eu acordasse e me deparasse com a minha grande vitória no Ensino Médio.

– Vocês dois. – a professora pronuncia sem sair do nosso lado, falando baixo enquanto a conversa se intensificava na sala – Fizeram um trabalho impecável e me fez ter uma grande ideia... Vocês dois irão competir entre si.

– Como é? – Logan diz exaltado – Competir entre nós...

– Juntos fizeram o melhor trabalho que eu vi, agora separados quero ver como vão se desempenhar, o quão irão longe... Para ganhar uma carta de recomendação, para a universidade que desejam se ingressar.

Eu e Logan nos entreolhamos, parecia ser bom demais para ser verdade a proposta da senhora Bridget. Uma recomendação de uma professora tão renomada, seria como um empurrão a mais que eu precisasse para a universidade de Michigan me aceitar.

– Mas, apenas um de vocês irão conseguir – ela diz e dá um sorriso divertido – terão que me apresentar um trabalho, provando porque eu devo escolher cada um de vocês para ganhar essa carta de recomendação, o que vocês tem de tão especial para isso.

Eu continuo um pouco confusa sobre o que era o trabalho, exatamente. Ela não nos deu nenhum livro, nenhum tema, nem sequer um nome famoso, então engulo o medo, abraço a coragem e pergunto:

– E o trabalho vai ser sobre...

– O trabalho é simples: me surpreendam – ela simplesmente solta.

– Tem algo especifico que você... – Logan começa a discursar.

– Não, esse é o objetivo de vocês, me surpreender, essa é a graça. – ela comenta de braços cruzados ao peito – Por isso parece ser tão difícil, porque a recompensa será gratificante, tenho certeza.

A professora volta para o centro da sala, mandando todos calarem a boca quando arremessa a mão na mesa. Todos ficam em silêncio em imediato, enquanto eu ainda encaro o ingresso na mão e a oportunidade de ter uma carta de recomendação por uma das melhores professoras do St. Martin, mas para ganhar eu teria que...

Vencer Logan.

Essa era nova.

Metade da aula de literatura estava tão dispersa que a senhora Bridget precisou chamar meu nome três vezes para poder me tirar do transe. Bem, eu a culpava por isso, por ter feito essa armadilha para mim.

– Senhora Bridget. – ouço uma voz atrás de mim e ao me virar, Logan se levanta com rapidez e apoia uma das mãos nas costas da minha cadeira – Eu não estou me sentindo muito bem...

Logan cambaleia para o lado, passando a mão na testa como se estivesse se concentrando para não vomitar. Por instinto eu coloco a mão no seu braço, tentando segurar um homem dez vezes mais pesado que eu, que estava cambaleando e prestes a cair.

– Preciso ir a enfermaria. – ele dá um passo à frente e se segura na minha mesa – E acho que preciso de ajuda.

– Jackie. – a professora diz meu nome sem mais nem menos, sem tirar os olhos do livro que usava para lecionar a aula e automaticamente, levanto num ato, pronta para fazer continência – Ajude seu concorrente.

– Tudo bem... – olho para Logan que estava ficando meio suado, ele coloca o braço ao redor do meu ombro e saímos da sala rapidamente com passos lentos e cochichos preocupados das garotas da sala.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora