NEPTUNE • jjk x pjm

six! lost in the crowd

JIMIN:

Um caminhão definitivamente havia passado por cima de mim.

Jogado em uma cama qualquer de motel, eu me movi um pouco e senti minha cabeça latejar; tentei abrir os olhos mas a claridade doeu feito o inferno, bocejei e movi minhas pernas no lençol macio. Tudo perfeitamente normal, apenas uma noitada, bebidas alcoólicas em excesso e meu motel favorito.

Perfeitamente normal.

Até eu me lembrar dele.

Não pude evitar abrir os olhos de uma vez, mesmo com dor, e me sentar na cama sentindo tudo girar. Meus olhos se arregalaram, eu tapei a boca e tentei me lembrar tudo da noite passada. A imagem do maldito garoto atingiu meus pensamentos em tempo absurdo, seu sorriso fraco e também a forma como cuidou de mim.

Cuidou de mim...sendo garoto de programa.

Foi inevitável pensar que ele poderia ter me roubado, afinal eu deixei a carteira de bandeja e estava ruim demais até para saber meu próprio nome. O grande problema é que não transamos, algo que eu deveria tê-lo pago por fazer afinal o levei até lá. Então por que ele não fez? Por que apenas cuidou de mim e dormiu ao meu lado porque pedi? E por que diabos eu havia feito tal pedido?

Caminhei com cuidado até a carteira jogada no chão, conferindo todos os cartões de crédito e todas as notas de dinheiro intactas. Ele não pegou nem o que eu lhe devia. Agachei-me ali, encostando as costas doloridas na madeira da cama, sentindo o chão frio me gelar por inteiro juntamente com os pensamentos sobre a noite passada.

E então meu celular tocou. Eu o encontrei perdido entre os lençóis, e o nome de Taehyung logo apareceu. Eu me lembrava de termos discutido por algo, mas não sabia exatamente o que, então atendi afobado, dizendo:

— Alô? Tae?

— Muito bonito, hm? — oh, sim, ele estava usando o tom irônico. — Onde você está? Eu vim até sua casa e sua mãe disse que não dormiu aqui.

— Ela ficou preocupada? — uma pontada de esperança surgiu em meu corpo, mas então ele respondeu com certo receio:

— Na verdade...bem, ela estava ocupada conversando com as amigas sobre algum projeto social, não quis conversar comigo sobre isso...— pude sentir o tom de chateação e empatia na voz de Taehyung. Ele sabia como eu me sentia em relação aos meus pais adotivos, sabia principalmente de todos os esforços que eu fazia para que eles me dessem algum tipo de amor ou atenção. — Sinto muito, Jimin...

— Tanto faz, foda-se. — resmunguei forjando um riso debochado, mas pude ver meus olhos marejados no espelho ali perto.

— Vai ter um evento beneficente na cidade hoje, vamos? Vai ter cerveja de graça, Jongho e Yeeun nos chamaram.

— Pode ser, eu só preciso ir pra casa e ver o que faço...

— Onde você está, Jimin? Por que essa voz de desânimo?

— Num motel.

— Porra. Com quem?

— Sozinho, pensando na vida. — sussurrei baixo, irritado e confuso, arrumando minhas roupas para finalmente ir embora.