three! take my hand and take me somewhere

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— Eu não consigo parar de pensar naquele garoto. — foi o que Jimin confessou, tirando toda a roupa para ficar apenas com a boxer branca, deitando ao lado de Taehyung. — que olhos tristes...

— Nós deveríamos ter ajudado, não é? — o melhor amigo perguntou acolhendo-o em seus braços. — mas ele vai ficar bem, deve ser só um desses riquinhos entediados com a vida que vivem entupindo o rabo de droga.

— Tipo você? — Park sorriu.

— Mas que absurdo é esse? Eu vou embora da sua casa, Jimin.

— Vai assim, só de cueca? Aliás, ficou gostoso nela.

— Você gostou? Não preciso me esforçar muito, não é? — Taehyung se gabou e acabou recebendo um grande revirar de olhos como resposta, gargalhando quando cutucou a cintura de Park e o fez se contorcer em cócegas.

— Você é ridículo.

Os dois adormeceram pouco tempo depois, abraçados, mas Park acordou à noite toda sem saber exatamente qual a razão. Com o coração acelerado e o peito um pouco carregado, passou a madrugada observando Taehyung dormir porque pelo menos assim se sentia um pouco mais calmo, sabia que não estava sozinho.

☔️

Quando Jungkook acordou, havia sido roubado. O pouco dinheiro que ganhou com o programa daquela noite foi levado por um grupo de rapazes que passou ali anteriormente, e o fato de estar completamente desacordado apenas facilitou que tudo acontecesse.

— Porra. — praguejou ao sentir a cabeça latejando e os bolsos vazios. Tentou se levantar duas ou três vezes e cambaleou até a caçamba de lixo mais próxima, apoiando-se ali por longos minutos.

Seu apartamento não estava tão longe, mas o percurso demorou o triplo devido às suas limitações. Não se lembrou de Jimin, não se lembrou de nada que havia acontecido nas últimas horas porque sentia-se entorpecido demais para qualquer coisa. Pensar doía. Pensar em sua vida era quase como uma superfície cortante riscando sua pele.

Quando adormeceu — já em sua cama velha com os lençóis desbotados — não se deu conta de que mal tirou as roupas que vestia, e quando caiu em sono profundo, por algum motivo, sonhou com Jimin. Depois de tanto tempo voltou a visualizar o garoto, mas ainda era aquele menino de onze anos todo fofo e adorável. Gostaria de saber como ele estava atualmente, gostaria de ter pelo menos uma notícia sua, sua maior preocupação era saber se Jimin havia se perdido tanto quanto ele.

Jungkook sentia-se estagnado no tempo. Inerte numa onda de desgosto que jurou ser passageira, mas já o acompanhava por anos. Sem família, sem amigos próximos e com um trabalho que o envergonhava mais do que tudo, sabia que havia falhado de todas as maneiras possíveis.

As pessoas dizem que todo trabalho é digno, mas para Jeon não havia dignidade alguma em se doar pelas ruas, sentia-se sujo e impuro à todo momento. Não era nada digno dar para desconhecidos que o comiam como se fosse um pedaço de carne deixado ali justamente para isso, não era digno sentir tantas dores por um trocado qualquer.

A boate em que trabalhava se chamava Horizon, e até que não era uma das piores. Entretanto, deve ser lembrado que existiam muitos níveis ali. Alguns — acredite se quiser, os privilegiados — podiam trabalhar por poucas horas diárias, recebiam horrores à mais e ficavam dentro da boate, ganhando até certa tacha para bebidas que podiam ser consumidas.

Mas Jungkook não possuía tanta sorte. Não gostava de dizer que se contentava com pouco, mas tudo que lhe importava era sobreviver. Não havia quem impressionar, não havia alguém o esperando quando chegasse em casa.

NEPTUNE • jjk x pjmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora