Jasper

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Depois de passar um dia inteiro com meu pai nas fábricas em volta de papéis, cálculos e pessoas, devo dizer que chegar em casa é revigorante, entro de vez na sala principal abrindo a porta dupla com força o que acaba fazendo um grande estrondo quando cada lado da tal se choca com a parede assustando minha mãe que se encontra em cima de um pequeno banco de madeira com uma costureira à sua volta fazendo ajustes em um vestido verde enorme.

- Jasper! Por qual motivo entrou assim? Sinceramente em alguns momentos pergunto-me se você conseguiu aprender alguma coisa comigo, já que lhe dei bastante educação.

- Já terminou os lamentos pela minha falta de modos?

Olho para Carmélia a costureira e noto que ela está rindo, ao menos divirto alguém nesta casa.

- Olá Carmelita, como vai?

- Boa noite Duque Castelan, estou bem e tenho certeza que sabe que não me chamo Carmelita

- Bom, mas acho que você se parece mais com Carmelita sabe como o doce?

- Duque, não exite doce algum com esse nome

Vou ate Carmélia e lhe dou um beijo no rosto o que a faz sorrir tímida.

- Bom, agora existe e pare de me chamar de duque você me conhece desde os sete anos de idade, naquela época você me chamava de Jayjay

Carmélia e mamãe começam a rir de forma audível e doce.

- Bom Jasper, você era apenas um menino e agora... Agora é um homem, devo mostrar respeito.

- Mas não precisa dessas bobagens sabe, ainda sou o Jayjay

Mamãe sorrir largo para Carmélia, desce do banquinho a agradece e lhe entrega um saquinho com seu pagamento e então lhe diz algo baixinho o que a faz sorrir doce e concordar com a cabeça, Carmélia vem até mim e faz uma reverência obviamente como brincadeira.

- Até logo Jayjay

Sorrio para ela gostando realmente de ser chamado assim.

- Até logo Carmelita

Ela se vai pela porta da frente e quando volto minha atenção a minha mãe percebo que ela está me encarando

- Onde está seu pai?

- Bom, ele subiu e se trancou no gabinete, disse que tinha que trabalhar ainda em alguns papéis e documentos, mas tenho quase certeza que parei de ouvir depois da palavra trabalhar.

Ela rir e vai até o sofá, senta-se nele e dá exatamente três tapinhas no tal sinalizando para que eu sente ao seu lado, reviro meus olhos e caminho até ela com lentidão, me sento bem onde ela pediu já pronto para ouvir dezenas de reclamações

- Sim mãe, diga-me o que estou fazendo de errado

- Jasper por favor me deixe falar

Solto um suspiro e deito minha cabeça sobre seu colo, rezando silenciosamente para que ela seja rápida e assim eu possa subir de uma vez para meu quarto.

- Bom, como você sabe faltam nove dias para o seu casamento que irá acontecer na quarta

- O quê? Eu jurava que eram dez!

- Jasper tem exatamente vinte e quatro horas que eu lhe disse que se faltavam dez dias e se você tem conhecimento básico sobre cálculos e eu sei que tem já que teve os melhores tutores, você sabe muito bem que se faltam nove dias.

- Você sabe que esse assunto é delicado para mim mamãe por isso acabo perdendo a noção de matemática básica

- Jasper por favor, preste atenção

Ela começa a acariciar meus cabelos e me olha docemente.

- Tudo bem estou lhe dando toda minha atenção

- Bom faltam nove dias para o casamento, amanhã irá está faltando apenas oito e eu quero...

- Ah não, você não vai ter aquela conversa comigo de como as pessoas fazem bebês, não mesmo, na verdade, isso é até um desrespeito a minha sabedoria já que eu sei como se fazer um bebê desde os onze anos de idade.

Ela dá um tapa na minha testa relativamente forte, por isso tenho a sensação de minha pele arder o que me faz levar a mão até o lugar atingido e acariciar para aliviar.

- Seu indecente sínico, eu não ia falar sobre esse assunto com você até porque você deixou de ser criança há muito tempo, ia apenas comunicar a você que no sábado haverá um baile na casa da sua noiva, organizado por mim e pela sua futura sogra em comemoração ao noivado de vocês e como faltam poucos dias para o baile, pensei que você poderia passar esses três dias antes do dia do baile fazendo visitas para Catrina

- O quê? Porquê?

Levanto assustado e a encaro

- Jasper me escute

- Mãe eu não tenho direito de escolha? E o livre arbítrio? Oh! Deus por qual motivo tirou isso de mim?

- Jasper pare com isso, está parecendo uma criança boba, eu já dei suas medidas para Carmélia seu terno para o baile chega na sexta e sim amanhã mesmo você irá visitar catrina

- Por qual motivo? Isso eu posso saber?

- Sim, você irá porque faltam pouco dias para vocês se casarem e vocês devem se aproximar e para se aproximar devem se conhecer e para se conhecer devem passar algum tempo juntos

- Eu realmente acho que você está louca, acreditar que me fazer ver ela por quatro dias seguidos durante algumas horas vai fazer com que venhamos ser proximos ou que isso fará com que criemos algum tipo de vínculo é o extremo da loucura principalmente quando nenhuma das partes deseja isso

Ela se levanta e vem bem perto de mim.

- Pois, trate de querer e tentar ao máximo se aproximar, vocês vão casar e ponto final eu quero ter um palácio cheio de netos.

Começo a rir de forma compulsiva e meus olhos se enchem de lágrimas pela risada que me faz cair e rolar no
chão.

- Jasper pare com isso

continuo a rir mais um pouco e volto a ficar de pé

- Mãe se você queria netos era melhor ter organizado um casamento com outra moça, uma que de preferência não me odiasse, não existe chance alguma de nos tornarmos um casal de verdade, nós não vamos nem dormir juntos e com certeza se houvesse uma chance o que não há, de que eu tentasse algo com ela sem sombras de dúvida eu acabaria castrado e eu não quero isso sabe tenho que perseverar meu...deixa pra la

Ela me Olha séria se desvia de mim e começa a subir as escadas de forma lenta.

- Você fala tantas besteiras

- Mas nenhuma delas foi mentira

Ela olha pra trás me encara e rir voltando a subir as escadas.

- Filho tudo irá da dá certo, agora vá dormir amanhã às nove da manhã quero que esteja pronto para ir ver sua noiva

- Sabe mãe toda vez que me faz acordar cedo eu tenho plena certeza de que você não me ama

Ela para no último degrau que se faltava subir.

- E não esqueça Jasper que isso não te libera do trabalho com seu pai, esteja aqui antes dele partir você irá com ele para as fábrica

Ela finalmente se vai me deixando sozinho parado na sala como se tivesse sido congelado pelos meus pensamentos, eu ainda não acredito que sou um escravo preso por um contrato, subo para meu quarto e quando chego no meu destino tiro tudo ficando apenas com a roupa de baixo vou até à pia e lavo meu rosto, me visto com uma camisa limpa e me deito na cama encarando por alguns segundos a janela do meu quarto pensando que amanhã talvez seja um bom dia ou um dos piores que já tive queria poder impedir que o amanhã chegasse, mas sei que daqui algumas horas ele virá, decido que o melhor a fazer é dormir e rezar para que eu não enlouqueça.

Casada com o Duque Where stories live. Discover now