Viagem para Nergorod

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— Tá falando maltisseíta aí... — reclamou Bremmen.

— São artefatos incríveis, pois além de permitirem armazenar vários gênios juntos, também podem servir de nexo de ancoragem!

— Maltí-sse-í-ta!

— Portais, entende?

— Ótimo! Então nos leve para Nergorod, não temos tempo a perder.

— Bem que eu gostaria... Estudei sobre portais, na teoria, mas não tenho prática alguma. Além do mais, é muito perigoso manipular nexos profundos. Seres e objetos próximos podem ser desintegrados, ou então, coisas ruins podem vir de dimensões profundas.

— Então é melhor arranjarmos um genista de verdade para nos ajudar... — zombou Halle.

— Olha, com o tempo eu poderei... Eu juro que...

— Ei, relaxa moleque, só estava te zoando.

— Algum desses recipientes está carregado? Digo, há algum gênio aí? — indagou Ilya.

— Hum, deixe-me ver... — Balkan tomava uma garrafa por vez nas mãos. — Não, não, não, hum... Não. Opa! Tem algo aqui. E aqui! Uma delas era uma DP normal, já a outra, era um jarro cinco vezes maior com gargalo esguio e retorcido.

— Parece bom... — Ilya bocejou sem muito entusiasmo. — Não sei quanto a vocês, mas estou exausto.

Balkan examinava as DPs e Skeniev espiava desconfiado. Ilya recostou-se como pode para tirar um cochilo e Halle seguiu dirigindo atento com os olhos na estrada.

***

Mais tarde, o rapaz despertou com os solavancos do veículo. Não estavam na rodovia, mas sim, no meio de um descampado. Era noite e Ilya olhou para o banco de trás. Balkan dormia recostado no ombro de Skeniev que estava a roncar com a cabeça pendendo para trás e balançando conforme o avanço do carro.

— A estrada acabou? — Ilya perguntou com a voz embargada de sono.

Halle o encarou com olhos vermelhos — Não, é só um pequeno desvio para acamparmos. Ali parece um bom local. — Halle parou o carro e saltou para fora — Vamos frango, me ajuda aqui.

Ilya desceu cuidadosamente. O corpo estava todo dolorido e imagens da batalha voltavam à sua mente. Vinte e três: era o número de vidas que havia tirado. Não podia evitar que seu cérebro contabilizasse. As cenas de batalha circulavam em sua mente enquanto observava o céu plenamente estrelado. Halle trouxe uma bolsa grande do bagageiro e atirou uma menor nas mãos do amigo.

— Não seja molenga!

Ilya se esforçou para despertar e seguiu Halle para a dianteira do veículo onde os faróis iluminavam o terreno com suas luzes alaranjadas.

No interior da bolsa havia uma estrutura de metal desmontada, muito suja de fuligem e gordura. — O que é isso? Uma churrasqueira?

— Exato. Poderá servir como aquecedor caso a madrugada seja muito fria. — Halle estirou uma lona grossa sobre o chão cobrindo pedras e mato. Conectou uma série de bastões metálicos para formar a estrutura da barraca. Retornou ao bagageiro trazendo mais pacotes. — Só tenho dois sacos de dormir, mas estas mantas devem resolver o problema para seus dois amigos. Os dois seguiram erguendo o acampamento enquanto os outros dois continuavam dormindo.

Halle debruçou-se no carro e puxou os pés de Skeniev até despertá-lo. Ele acordou mau-humorado e desceu resmungando — Ótimo! Saímos de um acampamento militar para cair num civil...

— Pelo menos estamos vivos... — lembrou Balkan.

Skeniev deu com os ombros, mas seu humor melhorou assim que sentiu o cheiro de carne assando.

A Queda de DurkheimWhere stories live. Discover now