A festa na piscina foi adiada devido ao clima excessivamente frio de inverno. Confesso que esperava por isso, afinal uma festa na piscina com esse aspecto climático é algo meio absurdo.
Claro que Hope não desistiu da ideia e sua casa está prestes a se tornar o local de uma nova festa, sábado à noite. A viagem de seus pais contribuiu para o seu sucesso e ninguém falava de outra coisa pelos corredores da escola ou dentro do refeitório.
É claro que uma comemoração antes das férias de ação de graças soava bem para a maioria dos alunos. Hilary fez questão de espalhar que iria com o namorado.
— Tem certeza de que não quer ir? — Geórgia encara Marilyn com expectativa.
— Não, obrigada. — ela nega com a cabeça.
— A festa é que horas? — questiono na sala de aula, enquanto o professor escreve algo na lousa.
— Às 10 da noite. Seus pais deixaram?
— Sim, contanto que eu fique grudada em você e não toque em nada alcoólico.
— Amo seus pais. — ela sorri, empolgada. — Foi meio difícil de convencer os meus. Só deixaram porque o Cole vai com a Paloma.
— Pelo menos não te proibiram, né?
— Verdade.
***
Em torno de dez da noite, estamos paradas em frente à casa de Hope. A casa de dois andares me passa uma sensação de quietude, o que é um absurdo devido ao barulho que vem de dentro.
Quando finalmente entramos, percebo que o interior da casa está excessivamente cheio de adolescentes bêbados. Alguns garotos jogam cantadas idiotas e eu os ignoro, seguindo ao lado de Geórgia.
— Isso aqui tá incrível. Vem, Cailyn. — ela me puxa para a pista de dança improvisada e dança de uma maneira que atrai grande parte dos garotos para a nossa direção. Seu vestido curto e justo contribui bastante para isso.
Encaro meu vestido rosa claro, com uma abertura tênue no busto coberto por renda. Meus saltos incomodam um pouco, conforme movimento o quadril com a música eletrônica, mas deixo de me importar depois de um tempo.
Minutos depois, deixo Geórgia na pista e sigo em direção à cozinha, acompanhando algumas garotas. Bebo um copo de água.
— Humm. — ouço um pigarro atrás de mim e me viro, dando de cara com Hilary. Ela está usando um vestido ainda mais curto do que o meu, de cor marrom, e os cabelos estão soltos, jogados sobre o ombro de forma invejável. Seus brincos cintilam quando ela inclina o rosto para o lado, me encarando com desprezo.
— Eu devia ter puxado os seus cabelos, mas não quero acabar com as minhas unhas. — ela dispara. Franzo o cenho. — Como você consegue ser tão cínica, Shields? — ela põe as mãos no quadril, balançando a cabeça negativamente. — Você transa com o meu namorado na festa do Trenton e pensa que eu não vou descobrir?!
Arregalo os olhos.
— Como você soube?
— Todo mundo viu você subindo as escadas com o Benjamin e uma hora ou outra alguém ia me avisar.
— Vocês nem namoravam, Hilary. — digo entredentes. — Então não pode me julgar por isso.
— Cala essa boca, vadia! — ela me empurra, bruscamente, fazendo com que eu acerte as costas contra a ilha da cozinha. Ignoro a dor e me recomponho. — Benjamin bebeu muito ontem, quando saímos, e eu ouvi da própria boca dele que vocês estavam tendo um caso enquanto éramos namorados. Vai negar?
Benjamin e sua maldita língua solta!
— Eu... — ela está certa.
— Você não tem direito de falar nada. — ela grita; os olhos cheios de lágrimas. — Eu sempre soube que o Benjamin me traia com algumas garotas da escola, mas você foi a única com quem ele passou tanto tempo. Você é uma ameaça, sabia?
— Nós não estamos mais juntos, se isso serve de consolo. Me desculpa, Hilary, por tudo. Você está certa em ficar com raiva.
— Sua sonsa dissimulada. — ela ri entredentes. — Eu sinto tanta vontade de... argh. Que ódio! — respira fundo. — Quer saber de uma coisa? — ela sorri, fazendo-me franzir o cenho. — Você merece apanhar muito.
Antes que eu possa rebater, Hilary segura meus cabelos como uma rapidez incrível e acerta minha cabeça contra a ilha, deixando-me tonta por um momento. Sinto uma dor terrível e tento me soltar, arranhando seus braços.
Ouço gritos eufóricos ao redor e sei que já temos uma plateia.
Ela continua acertando minha cabeça contra a ilha, como uma bola de ping pong.
Afasto suas mãos do meu cabelo, absolutamente dolorida e irritada, e acerto três tapas certeiros em seu rosto, notando a marca da minha mão em sua bochecha.
Seguro seus braços quando ela novamente se aproxima e tento desviar minhas pernas de seus golpes. Consigo empurrá-la contra a ilha da cozinha e ouço o baque forte.
— Cadela! — ela grita fora de si.
Ela tenta segurar meus cabelos outra vez, praguejando contra mim, mas é afastada bruscamente por uma mão masculina.
Respiro fundo, ajeitando meu cabelo desgrenhado enquanto observo uma Hilary descontrolada tentando se soltar do aperto do Benjamin.
Ele a segura contra o peito, visivelmente aborrecido.
— Podem cair fora. O show acabou. — as pessoas se dispersam com um olhar matador do Benjamin. — Calma, caralho! — ele bufa, tentando controlar a namorada.
Ajeito meu vestido amassado.
— Você está bem? — ele me encara, preocupado.
— Sim. — murmuro em voz baixa.
Meus olhos ardem com a vontade iminente de chorar. Tenho certeza que metade da escola vai estar sabendo do caso passageiro que eu tive com o Benjamin.
— Eu já vou indo. — passo por eles, seguindo até a sala. A música continua ensurdecedora e eu me aproximo de Geórgia, que está dançando com um cara que nunca vi.
— Ei, o que houve? — ela se afasta dele e segue na minha direção, me envolvendo em um abraço.
Soluço contra seu aperto e deito a cabeça em seu ombro, pensando na minha noite fracassada.
— Briguei com a Hilary na cozinha. Ela descobriu tudo. — murmuro um tempo depois.
— Caramba, amiga. Ela te machucou?
— Deixou meu couro cabeludo bem dolorido, mas consegui acertar alguns tapas.
— Desculpa por não ter estado lá com você. Eu teria ajudado.
— Ela estava muito magoada. Apesar de eu não simpatizar com a Hilary, não tiro o direito dela, sabe?
— Entendo, mas você já terminou com o Clifford e foi ele quem te procurou. Ela devia confrontar ele, não você.
— Estou me sentindo tão mal.
— Quer ir embora?
— Não, se eu for pra casa vai ser pior, porque eu vou chorar muito abraçada ao Frodo. Eu sei que amanhã metade da escola vai estar sabendo, então preciso me divertir essa noite.
— Tudo bem. Pra começar, precisamos de muito álcool. — ela sorri, me puxando.
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Desejo Reprimido
Teen FictionCailyn Shields tem um grande problema no que diz respeito a Benjamin Clifford, o garoto de beleza incomum, sensação no futebol americano e seu amor não correspondido desde que ela pôs os pés em Ohio. Cansada de ser a sombra do garoto, ela toma uma...