capítulo 1: fora de alcance

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Columbus, Ohio

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Columbus, Ohio

No outono retrasado, eu me apaixonei por Benjamin Clifford. Acho que foi, como muitos dizem, amor à primeira vista. Parei de caminhar e fiquei o observando com os amigos no estacionamento do colégio. Ele estava sorrindo e não me importei em olhar.

Ali me dei conta de que estava presa ao garoto de cabelos loiros e olhos verdes; era uma adolescente vivendo o primeiro amor.

O único problema é que ele é um problema. Daqueles com jaqueta de colegial e tênis; um ídolo adolescente do futebol em nossa cidade e o maior arrasador de corações do colégio que sequer olharia para uma garota como eu.

Com o cabelo preso em um rabo de cavalo, eu passo despercebida pelos corredores da Mansfield Academy. Simples demais para ser notada. Essa sou eu. Dezesseis anos, um corpo razoável e 1,66 de altura. Apelidada de coisas horríveis durante todo o primário; o que acabou me incluindo na lista interminável de vítimas do bullying escolar.

Isso mais parece uma ficha criminal, mas não vou gastar tanto tempo citando minhas sutis características. Posso simplesmente alimentar a minha velha fantasia e supor que o Ben se apaixona por mim em um futuro não muito distante.

Mas como a minha vida não é um bobo conto de fadas, ou alguma versão estranha de Romeu e Julieta, meu amor não correspondido está me encarando nesse exato momento; os lindos olhos semicerrados e aborrecidos.

— Você é retardada?

Engulo em seco, apertando o copo de plástico vazio.

— Eu... não te vi. — murmuro em voz baixa.

Quanta mentira! Eu o vi sim, considerando que esse foi o real motivo da colisão.

— Olha o que você fez, porra! — ele encara a própria jaqueta laranja com uma grande mancha de milk-shake de chocolate onde deveria estar a inicial da escola.

— Me desculpa por isso. Posso te ajudar a limpar, se quiser. — começo a pensar nele sem camisa.

Ele nega com a cabeça, então se afasta tempestuosamente; o ombro se chocando contra o meu. Eu o observo sair do refeitório e me xingo mentalmente pela minha idiotice.

— O que houve? — Geórgia Hartley se aproxima; o sotaque texano tão carregado quanto o meu.

Seus cachos ruivos destacam o rosto pequeno e as poucas sardas sobre o nariz. O vestido solto de bolinhas de alguma forma lembra a Dorothy, do Mágico de Oz.

— Derramei milk-shake na jaqueta do Ben. — murmuro ainda observando a entrada larga do refeitório.

— Você o quê?!

— Após o almoço comprei um Milk-shake. Ele apareceu nesse momento e eu me distraí. — minhas bochechas esquentam. — Eu simplesmente comecei a caminhar e ele estava andando meio rápido, então esbarramos um no outro.

— Ele te xingou?

— Me chamou de retardada. — ela solta uma risadinha. Eu a fuzilo com o olhar. — Eu não queria que a nossa primeira interação fosse assim.

— Você está na dele desde o nono ano e na primeira oportunidade que tem de se aproximar, faz isso!

— Sou uma idiota mesmo.

— Pelo menos você chamou a sua atenção. Isso é um bom começo. — diz antes de me seguir para fora do refeitório.


***


O clima receptivo de Outono me alcança assim que eu percorro o estacionamento externo ao colégio. Preciso passar por ele se eu quiser chegar ao ponto de ônibus do outro lado.

Geórgia encara a tela do celular.

— Minha mãe acabou de mandar uma mensagem.

— É algo grave?

— Caden teve um ataque de asma e meus pais o levaram para o hospital.

— Ele está muito mal? — eu não gostaria que nada de ruim acontecesse ao garotinho de seis anos.

— Não. Parece que só está em observação.

Uma repentina ventania faz meus cabelos castanhos voarem sobre o rosto. Eu os afasto com um gesto das mãos.

— Cailyn, eu preciso ir lá. Você não se importa de ir pra casa sozinha, né?

— Claro que não. Pode ir.

— Obrigada. Cole vai me levar.

— Nos vemos amanhã! — aceno antes de vê-la entrar no Land Rover do irmão mais velho, minutos depois.

Continuo andando quando vejo um grupinho de garotos próximos a algumas motos e carros.

Sean Wallace, integrante do Phoenix Leader, o time de futebol americano da escola, faz os outros rirem com algum comentário.

Tento culpar o clima pela tensão em meu corpo conforme me aproximo.

Benjamin está lá. Consigo ver a língua dele enfiada na boca da Harrison.

Faço uma careta de nojo e decepção. Pelo que sei, eles nem são namorados, mas não deixo de sentir um ódio irracional.

— Ei, garota do Texas!

Estanco no lugar.

Benjamin está falando comigo?!

Viro o rosto rapidamente, encontrando uma série de olhares curiosos. Os amigos de Ben, assim como o próprio, parecem estar se divertindo com alguma coisa.

Engulo em seco antes de me obrigar a ficar indiferente.

— Falou comigo? — minha voz sai estranha. Pigarreio e repito a pergunta, fazendo um breve sorriso aparecer no rosto dele.

— Sim. — ele se recosta contra sua caminhonete. As mãos estão enfiadas nos bolsos da jaqueta, substituindo a que eu manchei.

Ao seu lado uma garota me fuzila com o olhar. Shelly Harrison não gosta de mim. Não me importo. É reciproco.

— Posso ajudar em algo? — meu sotaque ou qualquer outra coisa faz os amigos do Ben rirem e eu coro.

Idiotas!

— Desculpa pela minha reação de mais cedo. Eu tive que dar uma bela desculpa para o técnico depois, mas nada justifica eu ter sido um idiota com você. — diz ele.

Eu me esforço para não soltar um suspiro. Ele está se desculpando e isso soa tão fofo. Fico satisfeita que ele não esteja com raiva de mim.

— Tudo bem, mas eu também tive minha parcela de culpa. — murmuro.

— Então vamos esquecer esse episódio, okay? — eu assinto. — Hm... era só isso que eu queria dizer. Tchau, gatinha. — ele sorri.

Ele me chamou de gatinha! Estou abismada, mas disfarço, desviando o olhar.

Shelly bufa e eu a ignoro.

— Tchau. — retribuo o sorriso de Ben.

Forço minhas pernas a saírem dali e sigo até o ponto de ônibus com um sorriso enorme no rosto. Entro no transporte escolar logo depois, procurando uma cadeira nos fundos.

A visão da Mansfield Academy é deixada para trás, conforme eu penso no que aconteceu.


***


Não esqueçam de deixar a estrelinha, please!

Desejo ReprimidoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora