Proibida Pra Mim

CAPÍTULO 59

LUKE

As aulas de educação física costumavam ter a turma dividida. Enquanto a maioria dos caras treinava e tentava impressionar o treinador do time, as garotas praticavam corrida ao redor do campo ou, as que preferiam, faziam testes para o grupo de animadoras de torcida.

Eu nunca havia sido muito participativo nem interessado nos esportes da escola, muito menos no time de futebol. Todo mundo sabia que a minha praia eram os ringues e as luvas de boxe, e apesar de tentar me recrutar várias vezes para o time, o treinador acabou desistindo com o tempo.

Enquanto os outros caras da minha idade davam a vida por aquilo, eu não tinha o menor interesse em ser um atleta ou em ganhar uma bolsa em alguma faculdade por conta de algum esporte. Tampouco sabia o que me aguardava para o futuro, mas tinha plena convicção que a soma "futebol + faculdade" não eram uma opção pra mim.

Acontece que ultimamente, qualquer situação parecia ser um ótima oportunidade para literalmente infernizar a vida do Tyler. E sabendo como o time de futebol era importante pra ele, logo tratei de me voluntariar para ser o cabeça de chave do time oposto ao seu naquela aula.

De início, o Tyler me lançou um dos seus típicos sorrisos debochados, aparentemente achando graça de minha situação. Afinal de contas ele estava com a Annie e era titular no time de futebol, o que já lhe dava uma larga vantagem sobre mim.

Nós dois não trocávamos nenhuma palavra, mas qualquer um que tivesse olhos podia perceber que eu o estava desafiando - e pior, no que ele dizia ser bom. Nossa rivalidade era evidente e havia deixado de ser disfarçada há muito tempo.

Dividimos os nossos times e vestimos nossas camisas, quando finalmente o treinador soprou o apito.

O time do Tyler, naturalmente, começou ganhando a disputa, mas eu não estava preocupado com isso, pois meu objetivo era apenas irrita-lo e impedir todas as suas jogadas.

E foi isso que fiz durante os quase sessenta minutos do jogo. Antes que o Tyler fizesse qualquer menção de tocar na bola, ou arremessa-la, eu cuidava de fazer faltas ou arranjava alguma maneira de impedir seu lance.

No final das contas, eu já havia sido advertido pelo treinador umas quatro vezes pelas duras faltas cometidas e o Tyler já estava completamente irritado e frustrado, sem ter conseguido marcar nenhum ponto, enquanto os caras do meu time haviam ultrapassado a pontuação do time dele no placar.

O jogo terminou e meu time venceu por 41 a 32, e quando o Tyler tirou seu capacete e viu o placar, percebi que ele estava furioso. E eu estava amando aquilo.

- Hilfiger! - gritei um pouco afastado dele - Como se sente quando tiram algo que você tanto valoriza de você? - eu provoquei, e ele caminhou até mim -

- Você está falando do jogo ou da Annie? - ele devolveu a provocação, parando há poucos centímetros de mim. Nos encaramos por alguns segundos e ele soltou, mais uma vez, um de seus sorrisos debochados. Ele tinha aquele ar de quem sempre tinha convicção de que era melhor do que eu -

- Se você soubesse o que eu sou, não sorriria pra mim. - informei, mantendo meu tom de voz - Eu ganhei sua competição trapaceando, e a garota que você ama... você a ama, não é?, está em meus pensamentos agora.

Ele não respondeu, mas sua feição ficou ainda mais sombria. Eu estava conseguindo irrita-lo de uma maneira que jamais havia conseguido antes e aquilo estava sendo prazeroso demais.

- Aproveite o tempo que você tem com ela, Hilfiger. - informei - Vai ser o ultimo.

Quando dei as costas para ele e comecei a caminhar pelo campo em direção ao vestiário, vi de relance ele jogando o seu capacete no chão e caminhando a passos largos e rápidos em minha direção, provavelmente tentando me atacar pelas costas.