Proibida Pra Mim

CAPÍTULO 20

LUKE

Quando cheguei em casa na quarta-feira a noite após o treino, minha mãe já me esperava na sala. A TV estava ligada, mas sem fazer barulho, e presumi que a Emma já estava dormindo em razão do adiantado da hora. Assim que tirei as chaves da fechadura minha mãe me encarou, furiosa.

- Que bom que chegou. Estava mesmo querendo falar com você. - se levantou, colocando as mãos na cintura -

- Pode falar. - abri a geladeira, desinteressado, pegando uma garrafa de suco -

- Como foi o seu dia na escola hoje?

- Então agora você quer fazer o papel de mãe presente? - questionei, me encostando na bancada -

- Interessante você falar em "presença". - ela se aproximou de mim - Pois hoje, enquanto estava no trabalho, recebi uma ligação do Diretor Harris, e ele me disse que você não frequenta as aulas há dois dias.

- Filho da puta. - resmunguei -

- Alguma explicação pra isso?

- Eu não estava a fim de ir. - respondi, com sinceridade. Eu podia ter muitos defeitos, mas não costumava mentir e muito menos encobrir minhas atitudes - Que maldito filho da puta. - repeti - Ele tá me perseguindo desde o ano passado.

- Te perseguindo? - ela riu sem humor - Ele sabe como a nossa família está em ruínas ao longo dos últimos anos, Lucas! Ele se preocupa com seu futuro!

- Sinto te decepcionar, Elizabeth Reed, mas ninguém se importa.

- Eu me importo! O que preciso fazer pra você enxergar isso? Eu sou sua mãe! - falou enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas -

- Você se importa? - falei num tom mais alto, batendo a garrafa de suco na bancada - Você age como se importasse! São coisas completamente distintas! Nessa sua fachada de mãe presente só os vizinhos acreditam. E os idiotas que você arranja pra namorar, é claro. - alfinetei -

- Eu não vou tolerar mais esse tipo de comportamento! - ameaçou - Já chega! Eu passo todos os meus dias tentando reestruturar nossa família e me reaproximar de você desde que o seu pai morreu! - enxugou as lágrimas - E tudo que recebo em troca de você é isso!

- Todo o seu tempo? - eu ri, sem humor - Tenha santa paciência. Você passa todo o seu tempo procurando um maldito namorado. Você não precisa disso pra reestruturar nossa família. Você precisa disso pra você.

- Faço isso porque sinto falta de quem eu era quando tinha seu pai ao meu lado. - ela enxugou as lágrimas - Sinto falta de me sentir amada, coisa que você faz questão de me mostrar todos os dias que não sou.

- É realmente uma pena que você ache que precise de um namorado pra ser feliz ou pra fazer essa família feliz. Você é patética. - falei, fazendo menção de subir as escadas -

- Também sinto sua falta. - ela falou, e eu parei - Falta de quando você era apenas uma criança. Você sempre foi tão amoroso e atencioso. Não sei em que ponto isso se perdeu.

- Isso se perdeu junto com a morte do meu pai. Você enterrou duas pessoas naquele dia. - informei, e ela voltou a chorar -

- Não fale besteiras! - pediu -

- Falo o que eu quiser. Se a verdade te incomoda, não posso fazer nada.

- Você está de castigo por ter faltado as aulas. - falou, tentando parecer durona -

- Ah, é? E o que você vai fazer? Me trancar no quarto e esconder meu video-game? - ironizei -

- Quero você em casa depois da escola todos os dias. Sem treinos, sem baladas, sem nada. Da escola pra casa, está me ouvindo bem? Me dá as chaves dessa sua maldita moto. - estendeu a mão -

- O que leva você a pensar que eu realmente vou te dar as chaves? A moto é minha, não foi você quem comprou. - eu ri -

- Me dá essa maldita chave! - se esticou, tentando pegar a chave na minha mão, mas sem sucesso -

- Mãe? Luke? O que está acontecendo? - a Emma apareceu no topo da escada, meio sonolenta -

- Nada, filha. Eu e o Luke estamos tendo uma conversa. Pode ir pra cama.

- Eu consigo ouvir os gritos de vocês lá de cima. - falou, com tristeza na voz -

- Sinto muito. - ela falou -

- Sim, você sente. - eu a olhei - Isso é tudo que você diz pra Emma nos últimos anos. - falei e subi as escadas, batendo a porta do quarto com força logo em seguida -