...e eu...

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Porto Real.

 Madson Schneider

  -Quando eu e Emma saímos daquele lugar, nossas vidas se tornaram um verdadeiro inferno, por minha causa é claro, digamos que as pessoas das cidades não aceitavam muito bem uma garota com asas.

  Senti quando Mathew apertou nossas mãos, que estavam juntas durante toda a história, era como uma necessidade tocá-lo, e eu tinha a impressão de que se eu o soltasse agora eu poderia desmoronar.

  -Houve uma certa vez, que estávamos saindo da cidade e um bando de caçadores nos cercou.

  Lutei contra lágrimas que insistiram em cair, eu iria contar para ele agora como eu me tornei um mostro, ele iria descobrir que ele tem todos os motivos para se manter o mais longe possível de mim.

  -Eles...eles tentaram arrancar minhas asas, eles disseram que era muito raro encontrar demônios e que aproveitariam essa chance, e eu...eu surtei. Foi a minha primeira transformação e eu não sabia oque eu podia fazer. Eu me lembro que os cortes nas minhas bochechas voltaram e eu não pude mais falar, eu me lembro do olhar de terror dos caçadores, até mesmo a Emma estava aterrorizada. Eu me lembro de sentir raiva e desejar que todos estivessem mortos.

  A mão livre do Mathew fazia todo o trabalho de limpar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, ele limpava anos e anos de ódio e frustração.

  -Eu não me lembro de quando ou o porquê, mas eu perdi o controle, e então tudo se apagou, quando eu recobrei a memória, minhas bochechas estavam costuradas da maneira mais horrorosa e porca que você pode imaginar, e quando eu fui procurar a Emma, eu...eu encontrei seu...eu encontrei seu corpo junto com o dos caçadores.

  Eu podia sentir um nó se formar na minha garganta, a primeira coisa que o Mathew faria seria sentir nojo de mim, e raiva, e ele me odiaria e finalmente perceberia que eu sou um monstro.

  -Eu...eu ma...matei ela, junto com os caçadores, eu explodi o cérebro dela, e eu nem mesmo senti nada, não senti culpa ou tristeza, eu apenas a deixei ali, junto com eles e segui o meu caminho...eu sou um mostro Mathew, me desculpe, me desculpe, me desculpe, me desculpe...

  Eu senti meu coração quebrar quando as mãos do Mathew soltaram as minhas, ele não disse nada, e de repente todo o meu mundo havia sido despedaçado, eu já deveria ter imaginado que mesmo com a promessa dele, permanecer ao lado de um monstro é impossível, eu já deveria saber que eu nunca poderia amar alguém.

  -Ah Madson, eu sinto muito que você foi obrigada a passar por isso, sinto muito mesmo.

  Ele disse e então seus braços me envolveram e me apertaram sobre seu corpo, uma de suas mãos repousou em meus cabelos e a outra acariciava minhas costas enquanto eu soluçava, eu só podia estar sonhando, ele ainda está aqui e está me consolando.

  -Você descobriu algo sobre seus pais?

  Depois de alguns minutos ele me perguntou, balancei a cabeça enquanto tentava recuperar o fôlego para falar.

  -Sim, eles...ahn...meu pai é um dos comandantes do inferno, ele foi escolhido para gerenciar as reuniões com os outros países, foi em uma das reuniões que ele conheceu minha mãe, ela era líder das fadas, ela morreu no meu parto e meu pai não conseguiu olhar para mim depois, por isso fui enviada para o orfanato. Essa é a única coisa que eu tenho da minha mãe.

  Eu disse e apontei para o colar no meu pulso, ele está no mesmo lugar desde o dia em que o senhor Santiago me presenteou com ele, eu quase nunca me lembro da presença dele e eu não sei o porque eu nunca o coloquei no pescoço. Sem nem mesmo perceber eu comecei a retirar o colar do meu pulso e analisar novamente seus detalhes.

Um Demônio para um SupremoWhere stories live. Discover now