...enquanto...

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Porto Real.

 Mathew Farsett

  Controle, era tudo oque eu precisava me focar agora, mantar a calma e não perder o controle. Depois que eu saí do jardim com o Tom, o restante do dia passou rápido e a noite havia finalmente chegado, porém com a noite e o sono surge o outro dia, e no outro dia surge uma reunião, e neste momento eu estou sendo obrigado a compartilhar o mesmo cômodo que o Avignon.

  -Como vocês já devem ter percebido, o castelo está sendo decorado, pois amanhã nós realizaremos um festival, mais conhecido como o Festival da Caça, os motivos de realizarmos essa festança com antecedência é obvio, os cidadãos precisam se distrair depois do ataque, eles precisam saber que está tudo bem.

  O Avignon disse e a única coisa que se passava na minha cabeça eram perguntas e mais perguntas: "Como seria os sons que ela faria se estivesse morrendo engasgado no próprio sangue?", "Como será a sensação das minhas garras enterradas no seu peito?", "Ele gritaria muito se eu arrancasse o coração dele e o fizesse comê-lo?".

  -Mas as coisas não estão bem, nós não sabemos se os rebeldes irão atacar de novo.

  Frederick pontuou, e ele tinha razão, nós estávamos todos presos aqui nesse país por conta de um possível ataque contra nós, já que haviam encontrado um mensagem escrita em sangue que deixava bem claro quem eram os alvos dos rebeldes.

  -Esse é um problema que nós temos que resolver, de fato, mas eu não preciso que os moradores da minha cidade fiquem preocupados com isso e parem de sair de casa.

  Avignon disse e escutei Tom bufar ao me lado.

  -É seguro para eles ficarem dentro de casa, os rebeldes não invadiram lugar nenhum, eles mataram as pessoas que estavam nas ruas.

  -Os cidadãos estão perdendo dinheiro com isso, se todos ficassem em casa, muitos negócios iriam falir, e os donos dos negócios iriam vir até mim e reclam...exigir que eu faça algo, eu estou fazendo esse algo, é o meu país e eu o gerencio da maneira que eu quiser.

  Avignon respondeu o argumento de Tom, e a única coisa que eu podia fazer nesse momento era me segurar para não arrancar a cabeça do vampiro.

  -Não importa se é ou não o seu governo, nós estamos falando sobre vidas, os donos dos negócios não vão precisar se preocupar com a falência se eles estiverem mortos, ou se os clientes estiverem mortos. Esse grupo de rebeldes é perigoso e eu não vi você tomar nenhuma medida para proteger os seus cidadãos.

  Frederick disse e vi quando Avignon começou a perder a paciência.

  -Se esse grupo de rebeldes fossem atacar em tão pouco tempo, eles já teriam atacado, eu tenho certeza que o festival não será atacado.

  -Como você pode ter tanta certeza Avignon, nós não conseguimos chegar a tempo para salvar todos os cidadãos, sua cidade teve baixas e você parece não entender a gravidade da situação, nós somos os alvos mas eles também mataram inocentes.

  Frederick disse mais uma vez e antes que Avignon pudesse responder, Arthur começou a falar.

  -Como rei dos humanos eu devo concordar que somos uma espécie mais frágil que a de vocês, mas eu garanto que nós podemos nos proteger, então eu tenho que concordar com o Avignon, as pessoas precisam da garantia de que estão bem, se um ataque acontecer é claro que vão existir baixas, mas nós podemos adquirir mais informações sobre os rebeldes.

  -É este o ponto Arthur, não deixar que existam baixas é a prioridade, realizar um festival é perigoso e se os rebeldes souberem do festival vão ver isso como uma afronta, talvez eles se sintam ofendidos por não levarmos o ataque tão a sério e tentem nos atacar de novo.

  Frederick disse esfregando as Têmporas.

  -Então eu levo a responsabilidade pelas baixas, não importa quantas, eu vou realizar o festival e nenhum de vocês vai me impedir, se vocês quiserem aparecer para ajudar na proteção eu ficaria agradecido, mas vocês querendo ou não, o festival vai acontecer.

  Com isso o vampiro bateu o martelo, indicando que a reunião estava acabada e saiu rapidamente pela porta. Talvez eu não esteja escutando meu lobo gritar na minha cabeça porque eu finalmente estava pensando o mesmo que ele, pensamentos que envolviam excelentes visões de um certo vampiro morto de diversas maneiras diferentes, talvez eu devesse perguntar oque a Madson fez para não morrer quando o Avignon acertou a espada no coração dela, assim eu poderia matá-lo de novo e de novo.

  Saí da sala de reunião, cada dia que se passava eu queria cada vez mais deixar com que meu lobo saísse, mas com o Avignon andando livremente na mesma cidade que eu, eu não me sentia muito encorajado a fazer isso, já que meu lobo provavelmente mataria o vampiro, e como ele não me atacou, as consequências da morte dele seriam aplicadas em mim.

  Manter meu lobo preso me trazia consequências: todo o meu corpo doía pela falta da transformação, minha cabeça começou a doer a 20 anos atrás e nunca parou, isso é por conta da angústia que meu lobo sente ao ficar preso, nos primeiros anos, meu lobo entendeu o porquê de eu não deixá-lo sair, ele também não queria sair, mas com o passar dos anos a vontade de não sair se tornou uma necessidade do contrário, ele precisava, mas eu ainda tinha medo, eu não preciso nem comentar que eu quase não consigo completar meus pensamentos sem que meu lobo comece a gritar e me interrompa.

  Eu amo meu lobo e não quero fazê-lo mal, como eu já disse, ele entende os meus motivos, ele entende que ele perdeu o controle, ele mesmo concordou em se trancar, mas agora, nós tínhamos uma companheira, se precisássemos de uma âncora, ela estaria ali, ao menos eu esperava, então assim que eu e a Madson finalmente ficarmos juntos, eu soltarei meu lobo e deixarei que ele seja livre novamente.

  É a maneira mais segura de fazer isso, e ao pensar nisso eu não pude de sentir a alegria e animação de meu lobo dentro de mim, não pude negar de me sentir triste por fazê-lo ficar aprisionado todo esse tempo.

  -Desculpe-me.

  Eu disse para ele.

  -Eu entendo.

  Era a primeira vez em vinte anos que meu lobo me respondia, eu não podia me sentir mais feliz por escutá-lo conversar comigo e não gritar implorando por liberdade.

  Segui meu caminho até o lado de fora, eu precisa de um espaço que não estivesse com o cheiro do vampiro, então segui até a floresta e caminhei por horas, até que um cheiro particular se fez presente.

  Eu segui o cheiro do sangue e quanto mais perto eu chegava, mais se fazia presente um cheiro familiar. Senti meu corpo ficar tenso quando reconheci ser o cheiro da Madson, e bem no meio da terra estava desenhado um símbolo estranho que eu nunca havia visto antes.

  Meu peito se contorceu, ela estava ferida? Esse sangue era dela? Ela fez esse símbolo?

  -O que você está fazendo Madson?

  Eu obviamente não obtive uma resposta, e na quietude do lugar tudo que senti foi um vento frio que me trouxe arrepios por todo o corpo.

Um Demônio para um SupremoWhere stories live. Discover now